segunda-feira, 30 de junho de 2014

Regresso


Regressei,
poisei o pé na gare comovida pelo meu sorriso,
olhei,
ninguém à minha espera,
... quem poderia esperar por mim!
havia pássaros ao redor,
havia flores no jardim contíguo à estação,
olhei,
e nem uma míngua lágrima clandestina a voar sobre o meu peito,
havia um cão desnorteado,
talvez recheado de fome,
pancada... e carente de amor,

Toquei-lhe,
olhou-me,
e acolheu-me até hoje,

Regressei,
trazia nos ombros as almofadas do cansaço,
tinha nas mãos o silêncio dos morcegos e envenenados pela insónia,
toquei-lhes,
olharam-me,
e acolheram-me até hoje,
hoje,
hoje tenho um cão,
e... e meia dúzia de morcegos,
o cão envelheceu, o cão... o cão parece os gonzos de uma porta peneirenta,
de uma porta sem saída,
e os morcegos... esses... também eles carentes de amor...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 30 de Junho de 2014

domingo, 29 de junho de 2014

A tua voz não pode gritar!


A tua voz me entristece,
quando sei que deixou de existir em mim o verbo amar,
a minha cidade, lá longe, tão longe... que nunca a conseguirei alcançar,
dormir nela,
acordar cedo, e abrir a janela,
a janela que tenho no meu peito,
há gaivotas, e há um corpo que envelhece,
a tua voz... a tua voz me enlouquece,
e no entanto, sou obrigado a viver acorrentado a este silêncio sem nome,
a esta vergonha de perder sem ser encontrado,
... não sendo habitado,
nesta sanzala de papel...

Este esqueleto de gesso que carrego e me deito,
sem perceber que há lábios de mel, que há lábios de desejo..., lábios consumidos pela fogueira de beijar,
esta voz me entristece,
como a água do rio que se evapora,
e levita,
e procuro-te, e procuro-te...
e me dizem... aqui ninguém mora,
aqui... aqui ninguém... chora,

Aqui é proibida a escrita,

Os tentáculos do amor,
os seios de uma flor antes de acordar,
as cordas de nylon que ancoram a tua dor...
ao cais de embarcar,

A tua voz me entristece,
o teu corpo vacila na tempestade de sonhar,
o calendário não cessa de correr...
e come-te em pedacinhos,
a tua voz enfraquece,
e transforma-se em versos desesperados,
versos odiados,
versos de escrever...
a tua voz me entristece,
antes de alguém desenhar no tecto das tuas pálpebras a madrugada,
ainda não zarparam os barcos da minha infância,
ainda... ainda não encontrado o verbo “AMAR”...

A tua voz não pode gritar!

A tua voz é um feitiço,
uma nuvem vagueando sobre o Tejo,
a tua voz é um marinheiro mórbido, um marinheiro embriagado na esplanada do beijo...
há cadeiras apaixonadas, há sorrisos travestidos de amanhecer,
a tua voz não pode cessar, a tua voz... não pode morrer,
a tua voz... não é o meu verbo “AMAR”...
que... que deixou de ser,
que... que deixou de sofrer...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 29 de Junho de 2014

O que te absorve


(para ti)


Eu te quero,
mergulhar nas cinzas abandonadas do rio que te absorve,
escrever na flácida pele que te embrulha para separarem a tua pele... da minha pele,
eu te quero,
desfeita em pedaços de suor,
palavras suicidadas das folhas emagrecidas,
palavras de amor,
eu te quero,
como quero viver,
mergulhar nos teus tentáculos que só o desejo conhece..., dentro de ti,
eu te quero... como quero morrer...
apenas... apenas ser.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 29 de Junho de 2014

sábado, 28 de junho de 2014

Das canções de acariciar...


Não gosto destas mãos que me enlouquecem,
não gosto destes lábios que me entristecem,
dos fantasmas alicerçados no meu peito,
não gosto destes cabelos sem jeito,
submersos no sorriso do luar,
não gosto, não... não gosto destas coxas em flor,
desse distante mar,
não... não gosto que me chamem de... de amor,

Não gosto da sublimação que habita nesse olhar,
das magoadas luzes que engolem a cidade,
não gosto destas mãos que me enlouquecem,
não gosto destes lábios que me entristecem,
não, não me obriguem a amar,
quando... quando esse verbo é falsidade,
é vento,
na ponte em solidão das canções de acariciar...

Não gosto destes seios de neblina,
fictícios, de menina,
não gosto deste livros que ofuscam a minha janela,
não me deixam ver as gaivotas, não me deixam ouvir a voz da concertina...
não, não gosto destas tristes anedotas, destes esqueletos de metal,
não,
não gosto das ruas de fio dental,
que todas as noites invadem o meu coração.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014

Gladíolos de papel


Já não há pássaros azuis,
deixaram de existir corações para amar,
já não há palavras de escrever,
aquelas que se escreviam num corpo transatlântico e com olhos de chover,
não há, morreram os gladíolos de papel,
morreram os beijos com odor a mar...
já não há cidades clandestinas,
vestidas de meninas, mimadas, amadas... meninas... com lábios de mel.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014

O corpo que fascina os poetas...


(para a amiga Sónia Lázaro)

O sol que constrói sorrisos,
o sorriso que desperta madrugadas,
o corpo que fascina os poetas...
um livro por escrever,
nas palavras inventadas,

A cidade incandescente,
a fogueira que arde,
e sente,
o cansaço do amanhecer,

O sol que constrói sorrisos,
o olhar que alicerça poemas,
os lençóis da insónia...
quando o mar alimenta o desejo de partir,

O sol... das pálpebras em movimento,
o sorriso solitário dos Invernos com sabor a Primavera,
o Sol... e os sorrisos,
e o amar suspenso nas mãos de uma gaivota,
… a gaivota saudade.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 28 de Junho de 2014

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Hoje, hoje... nada para escrever!


Hoje,
sou um marinheiro sem embarcação,
um pedaço de madeira sem mar,
hoje, hoje... nada para escrever,
faltam-me as palavras,
faltam-me... os teus silêncios sem madrugadas,
hoje,
sou um marinheiro sem embarcação,
um rio sem encontrar as tuas lágrimas,
hoje, nada... nada para escrever,
porque hoje,
hoje sou um ínfimo cadáver nas páginas de um livro...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 27 de Junho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Desenhos de Francisco Luís Fontinha


Espelhos desventrados


Porque teimas em silenciar-me,
se amanhã não existo...

Porque não percebes que o meu corpo são pedacinhos de xisto,
milímetros de muro com sorriso para o rio,
porque dizes que as minhas palavras são cadáveres em movimento,
cabelos enrolados no vento,
esperando o acordar da madrugada,
espelhos esmigalhados com mãos de amar, espelhos... espelhos apodrecidos na calçada,

Espelhos desventrados,
esperando que a janela da insónia se abra,
e... e entre a claridade nos teus lábios,

Porque teimas em silenciar-me,
se amanhã não existo...

Se amanhã sou espuma,
cansaço,
e... e mar,
porque amanhã os pedacinhos de xisto que habitam no meu corpo...
são... migalhas,
pó,

Nada...
agulhas,

E... e não me esperes mais,
porque os muros... porque os muros depois de morrerem...
jamais renascerão para o teu desejo de me cansar,

Nada...
agulhas,

Se amanhã sou espuma,
cansaço,
e... e mar,

Se amanhã sou... se amanhã sou o teu amante disfarçado de luar...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 26 de Junho de 2014

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Projecto de Livro (Ficção)

Noites de Mim – Francisco Luís Fontinha

Desejo não desejando


Desejo o coração de arroz doce que habita em ti,
desejo-te sabendo que é impossível desejar-te,
amo-te sabendo que...
é impossível amar-te,
acaricio-te sem te acariciar,
poema vagabundo,
texto de ficção não revisto,
palavras,
palavras de vidro espetadas nas tuas pálpebras de azoto,
desejo o coração, aquele que está encerrado na caixinha de vinil,
transparente como as lágrimas do luar,
perdidamente triste esperando o sol junto ao leito do rio,

Desejo não desejando,

Desejo o teu coração como desejo os versos de uma canção,
melódica,
poética...
apaixonada pelo agreste amanhecer dos dias sem madrugada,

Desejo não desejando,
desejar que me desejes, desejar que amanhã um relógio de pulso se canse,
e grite...
morra o tédio,

Desejo não desejando,

O coração de arroz doce que habita em ti,
os pedacinhos de saudade que voam sobre o Tejo adormecido,
desejo todas as pedras da calçada,
aquela..., aquela onde andei perdido,
desesperado,
quando cambaleava ao som de uma prostituta sem nome,
deitava-se e..., desejava-te não o sabendo,
havia lâmpadas no teu olhar,
havia livros nos teus braços,
nos seios teus de encantar...
Desejo não desejando,
que um dia apareças... apareças sem me avisar.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 25 de Junho de 2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

ADEUS, ADEUS... ADEUS!


Este caixote que me enforca,
estas lâminas invisíveis consumidas pelo fogo,
a entranharem-se neste corpo amorfo,
e sinto os espelhos que habitam no meu cabelo a comerem as vozes da noite,
este caixote é uma prisão com grades de granito,
e dentro de mim, solta-se o grito,
uma revolta a alicerçar-se no luar,
antes da insónia abrir a janela dos sonhos,

Este caixote disfarçado de beijo,
estes tentáculos enrolados no meu pescoço,
que... que não me deixam respirar,
comer...
ou fumar,

Este caixote construído de sombras,
esta garganta iluminada pelos sons das melódicas cigarras,
este estúpido caixote, este parvalhão sorriso a escorrer calçada abaixo...

E... e acaba por morrer no mar,
este caixote de amar,
que me enforca, que me seduz... e ao mesmo tempo... e ao mesmo tempo me enlouquece,
como uma criança sem pátria,
como uma árvore sem terra,
sol...
este caixote que me enforca,
e escreve no meu corpo...

ADEUS, ADEUS... ADEUS!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Junho de 2014

Montes cinzentos...!


Porque me inquietas, sorriso lapidado dos montes cinzentos...!
sinto o abstracto silêncio navegar na tua pérola mão,
despeço-me da fogueira em solidão..., com aplausos, com... com infinitos beijos,
absorvo-te com a esponja do meu coração,
mas... mas... não sei que dia é hoje,
mas... mas não sei em que ano nasceste,
… e morreste,
montes cinzentos,

Porque me inquietas...

Noites ínfimas com sabor a desejo,
páginas muitas, algumas, algumas... sem palavras,
inquietas-me,
e foges como as amendoeiras em flor,

Porque teimas em desenhar no meu corpo borboletas,
e pássaros de papel...!
inquietas-me, tanto, tanto... tanto que tu me inquietas,
depois de descer o cortinado nocturno da dor,
depois de acordarem todos os marinheiros com odor a sabão...
inquietas-me,
e... e foges,
foges para os montes cinzentos.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Junho de 2014

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Três incógnitas e um corpo


Tens um X no espelho dos teus lábios,
há um Y no centro do teu peito, deslocando-se em pequeníssimos milímetros,
ora para a direita, ora para a esquerda,
depois, mais abaixo, no teu umbigo... o desgraçado Z, desnorteado, sem saber o que fazer,
como eu, um corpo deambulando entre a raiz quadrada da solidão,
e uma mísera folha quadriculada, feia, e abandonada,
gravitando em volta dos teus seios,
procuro-me nos três ponto algures no espaço do teu desejo,
peço-te um beijo,
e tu, tu respondes-me com uma equação sem solução,
e obrigas-me a rotações ímpares, sem local para aportar,
como os barcos recheados de quadriláteros,

O meu corpo ancora no Z que adormece no teu umbigo,
transforma-se em três eixos, sinto-me tridimensional, raivoso, animal,
esqueço as palavras, esqueço as equações...

(Impossível de resolver)

Lá fora chove,
e hoje o vento entristece as três incógnitas do teu esqueleto com odor a noite sem nome,
há um perfume em ti que me diz... (hoje não o conseguirás),
e não,
desisto desta equação,
desgraçado, eu, eu que não percebo o significado da matriz amar,
talvez transposta,
talvez... talvez mal-disposta,

(Impossível de resolver)

Escrevo números no teu olhar,
silencio-me quando de ti uma parábola acabada de nascer voa como uma gaivota sobre o mar,
os resultados começam a aparecer nas tuas mãos...
o X é igual a paixão...
o Y é igual a cansaço, porque desenhar-te... cansa, Ai como cansa!
e o Z é igual a amor sem saída, rua encerrada, edifício sem transeuntes...

(Impossível de resolver)?

Não,

A equação do teu corpo... tem solução...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 23 de Junho de 2014

domingo, 22 de junho de 2014

horrível... que és


deixas-me nervoso
odeio-te
canso-me das tuas palavras
e do teu sorriso

(horrível... que és)

não percebes que tenho asas
que sei voar...
que tenho sonhos
sonhos de amar...
cansas-me
e odeio-te...
e o teu sorriso
parece uma charrua a entranhar-se na terra agreste
miúdo burra
miúda... miúda sangria
cansas-me
e odeio-te... e odeio-te poesia

(horrível... que és)

insossa
ignóbil
estúpida

burraaaaaaaaaaaaaaaa....
deixas-me nervoso
odeio-te
canso-me das tuas palavras
e do teu sorriso
canso-me da tua rua
dos teus gritos enquanto voo sobre o planalto cinzento
fumo um cigarro
fumo...
recomeço
nada exijo
porque te odeio poesia

(horrível... que és).


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 22 de Junho de 2014

A cidade dos rochedos sem saída


Há uma cidade no teu corpo,
uma cidade proibida, uma cidade com lábios de despedida,
há uma rua pequenina, uma rua com sorriso de menina...
há no teu corpo janelas com vidraças de cansaço,
edifícios abstractos, e portas de entrada sem saída,
há uma cidade no teu corpo,
a cidade de aço,
uma cidade com um beijo morto,

Alicerçam-se as algas nos teus magoados cabelos suspensos no vento...

E a cidade do teu corpo..., é uma cidade de sofrimento,
entre linhas, entre palavras, com sabor a neblina,
há uma cidade preguiçosa no teu corpo,
a cidade eterna, a cidade sem alimento,

Nesta cidade, a cidade que habita no teu corpo, há um mendigo sem sina,
uma estrada longínqua, um rio insípido mergulhado na tua mão,
quero esta cidade, a minha cidade,
quero o teu encerrado coração,

Alicerçam-se as algas nos teus magoados cabelos suspensos no vento...

Há uma cidade no teu corpo que invento,
proibida, proibida como os cacilheiros adormecidos,
a cidade que fervilha,
a cidade que me deseja, e me transporta para os infinitos rochedos,
há uma cidade com bocas, com línguas... com... com medos,
uma cidade de torpedos,
vadia, proibida... uma cidade com esqueletos esquecidos...
(Alicerçam-se as algas nos teus magoados cabelos suspensos no vento...)
que dormem nos teus braços de papel amarrotado.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 22 de Junho de 2014

sábado, 21 de junho de 2014

Qual é a cor do seu silêncio!


Diga-me Senhora, qual é a cor do seu perfume!
Que odor é este, que sabor tem na sua boca,
a lume, ciume,
diga-me Senhora,
de que sanzala é oriunda,
e louca,
que loucura habita no seu olhar,
será ternura?
Será... será o verbo amar...
Ai minha Senhora,
que cansaço desenhar nos seus lábios a mandíbula adormecida,
tão linda, tão... tão querida,

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!

Que palavras são estas que vagueiam no seu corpo desnudo,
que seios são esses, de algodão, que se transformam em poesia,
quando da noite vem o homem mudo,
e se veste de alegria,

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!

Ai Senhora, como são lindos os seus beijos,
como são belas as suas coxas de madrugada,
minha Senhora, diga-me... diga-me como é viver no seu peito...
porque eu, eu não tenho jeito...
porque eu, eu sou uma jangada,
perdido nos Oceanos desejos,

Diga-me Senhora, qual é a cor do seu silêncio!

Que tempestade é esta, que força me puxa para os seus braços...
diga-me, diga-me por favor...
diga-me como são os seus anseios, e se existe em si uma janela por abrir,
diga-me Senhora, diga-me quem é o usufrutuário do seu amor,
e de que cor,
e o odor,
dos seus abraços,
… em... em flor.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 21 de Junho de 2014

A desenhadora de rugas

Envelheces-me,
desenhas rugas nas minhas pálpebras envernizadas,
dizes que o meu corpo, dizes que o meu corpo é uma jangada apodrecida,
à deriva, como as gaivotas apaixonadas,
como as madrugadas,
também elas, tal como eu, envelhecidas,
tristes...
e... e cansadas.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 21 de Junho de 2014

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Faltam-me as palavras de amar


Quem sou?
Faltam-me as palavras para definir este cansaço sem pernas, este cansaço sem boca, este cansaço sem poemas,

As tuas mãos ardem, tracejando o meu corpo em lâminas de suor,
há um desejo escondido nos teus lábios de cerâmica adormecida,
há uma tempestade no teu cabelo, um rio vagabundo correndo nas tuas veias,
as tuas mãos alicerçam-se ao papel solitário, aquele... aquele que espera pela minha caligrafia,
um papel amarrotado, com odor a cidade, com... com alergia,

Que vida é esta, quando em mim facas de granito brincam como andorinhas,
quando em mim papagaios com olhos verdes se entrelaçam nos meus pulsos sangrentos,
e há um círculo no teu peito, um círculo cinzento, um círculo de espuma...
onde vive o prazer, de onde se alimenta a minha dor,
a dor... a dor de escrever,

Quem sou?
Faltam-me as palavras para definir este cansaço sem pernas, este cansaço sem boca, este cansaço sem poemas,

Serei um poema que vagueia nos teus seios?
Uma cama,
um espelho de uma velha cómoda encostada à lareira...

Faltam-me as palavras,
as minhas, as tuas palavras doiradas,
faltam-me os cinzeiros de estanho, onde deixo durante a noite os meus sonhos...
tu, tu embrulhada no luar,
faltam-me... faltam-me as palavras de amar.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 20 de Junho de 2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Palavras de gritar


Tenho medo de olhar o teu rosto lusco-fusco, e frágil, de areia, de mar, maré...
cacilheiro à procura de uma gaivota com sorriso de amanhecer,
poema inventado, poema por escrever,
sentindo nas pálpebras os alicerces da madrugada de papel,
tenho medo, confesso, de olhar-te nesse espelho convexo, onde pareces uma persiana suspensa no vento sem rumo, sem... sem estória,
uma correia, uma roda dentada... em movimento,
tenho medo, medo,
que adormeças, que não regresses... sem me dizeres... Adeus,
encontrar-nos-emos qualquer dia, por aí, numa esplanada,
ou... ou no Céu,
não acredito, mas finjo acreditar, e do medo, e do medo nascem em mim silêncios,
e... e palavras de gritar.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 19 de Junho de 2014

Palavras de Cristal II

Participação de Francisco Luís Fontinha – Alijó (páginas 201/205)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Dizem... dizem que este som... que este som me enlouquece


Este som enlouquece-me,
transforma-me em pássaro, transforma-me em vogal solitária,
este som que eu amo, é uma constante com vida,
é uma sebenta ordinária,
na noite perdida,
este som me ama, como mais ninguém me consegue amar,
Ai este som...! Este som pincelado de mar,
amargurado nas réplicas ondas sísmicas dos teus lábios,
este som me alimenta,
e é escrita envergonhada,
som, som que vem a mim através da madrugada,
é suor, é pedra de calçada,

(Bombino me encanta)

Este som mergulhado na neblina,
vestido de negro, vestido de andorinha,
e voa sobre os telhados loucos da tua boca,
este som..., este som me ama, este som é coisa pouca,

(dizem que sou sisudo e nunca sorri)

Este som enlouquece-me,
este som vive dentro de mim,
não é árvore, não é jardim...
aquele jardim onde tínhamos beijos e carícias como se fôssemos duas gaivotas apaixonadas,
este som habita nas palavras,
é poema, é cansaço... é amor,
este som é a tua eterna flor,
sem braços, sem... sem montanhas de algodão,
este som, este som é o teu corpo com comportamento de fluido,
é hidráulica, é equação...
este som,
este som é o desejo sem desejo, é um projecto em construção,

(dizem... dizem que este som... que este som me enlouquece).


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 18 de Junho de 2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

Os sarcófagos semáforos de aço


A terra fértil arrebata-se nos meus ossos de vidro,
sou forçado a fugir deste esconderijo de granito, e vadio,
tratam-me como um esqueleto de adorno, à mercê dos olhares felinos da montanha escuridão,
à noite, poucas vezes, desce a mim o silêncio frio,
encurralado num velho muro em xisto laminado,
a terra... cobre-me,
ninguém me apanha, pensava eu, quando ainda havia estrelas no teu olhar...
mas... puro engano, o amor não se esconde, o amor liberta-se das profundas águas que tens nos teus lábios, um deserto utópico, infinito...
e cansado de viver nas imagens a preto-e-branco,
haverá vida nas tuas mãos?
E à terra o que pertence à terra,
os teus cíclicos beijos de amanhecer doentio, invisíveis... travestidos de cidade iluminada,

(às vezes, poucas, acredito que és a madrugada)

Um holofote de néon poisa nos teus seios de menina mimada,
pareces distante, enferma, pareces... as flores depois de lapidadas,
como os diamantes que escondem as tuas lágrimas...

(o papel-químico transforma-se em almoço, lanche e jantar...)

E vives,
e sonhas...
E... e morres nas almofadas da tempestade,

A terra fértil arrebata-se nos meus ossos de vidro,
dizem que sou o mendigo rico, dizem que sou o cadáver apetecido pelos bichos dos sarcófagos semáforos de aço,
(E vives,
e sonhas...
E... e morres nas almofadas da tempestade)
não existem palavras, frases, sons, em ti, em mim... no próximo luar,
e não existe um ontem que eu te possa recordar...
ninguém à minha espera quando regresso das tuas coxas,
solitário, amargurado... perdido... grito; FODA-SE O VERBO AMAR!



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 17 de Junho de 2014

Texto de Francisco Luís Fontinha – Divulga Escritor

Texto de Francisco Luís Fontinha – Divulga Escritor

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Lanternas cinzentas


Há silêncios que lutam enquanto dormes, e sonhas,
há mãos que se cruzam, mãos que rezam...
há silêncios que tu não entendes,
palavras escritas na escuridão,
há silêncios que labutam, que gritam... que morrem...

Há cabelos que se despedem do amanhecer,
cabelos brancos, cabelos frágeis, e mãos que rezam,
há silêncios que não te esquecem,
que nunca te ignoram,
cabelos loucos, cabelos que namoram,

Há...
talvez...
um poemário à tua espera,

Há silêncios dentro do teu armário,
e crucifixos embrulhados em cinzentas pálpebras,
há as tuas palavras,
que acredito, não acredito...

Mas que tento acreditar!
Há luzes que brilham, luzes que são engolidas por embarcações enjoadas,
lágrimas, e tristes madrugadas,
poesia, poesia... nos teus cabelos suicidados...
há silêncios...

E... e adormecidos soldados.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 16 de Junho de 2014

domingo, 15 de junho de 2014

O vazio

foto de: Stéphane Spatafora Photographe

O vazio,
e falsas esperanças mergulhadas no buraco da solidão,
o vazio que se traveste de dor, o silêncio que embrulha o sofrimento,
este rio que são as tuas mãos, perdidas no musseque anónimo da paixão,
as crianças saltam até agarrarem as flores que habitam o tecto da noite,
vazio, sisudo... sentido proibido de amar,
o vazio imprevisto, descontínuo... o vazio agreste dos olhos da estátua de granito,
há sombras que embriagam os teus seios de porcelana e eles, eles a construir sorrisos desde...

(desde o último luar)

O amor,
também ele, vazio,
pobre,
ângulo obtuso quando alimentado pelo púbis da madrugada,

(hoje não corações, hoje não beijos – a esplanada recheada de vampiros)

O vazio,
homem rude, homem dos sete ofícios, o homem mendigo que descobriu a falsa esperança,
o fantasma,
o vazio dos telhados que a cidade ignora, despreza, que a cidade... não quer,

Que cidade é esta?

Vazia,
sem pessoas, sem imagens, sem..., sem nuvens,
o sombreiro carnívoro que devora todas as palavras que a tua pele transpira,
gotículas de poesia descendo o teu corpo, até que a falsa esperança ilumina o teu cabelo,
e sei que deixou de viver,
hoje... nada, a cidade provocadora, a cidade dos teus suspiros,
uma porta que se encerra, e morre, e levita,
a lanterna do Adeus, sempre acesa, sempre pronta a suicidar-te com os beijos de alvenaria cansada,

(hoje, hoje não)

Que cidade é esta?

(desde o último luar)

Que deixei de amar a espuma dos espelhos de amanhecer,
e sem o perceber,
descobri que a falsa esperança... que deixei de amar, não existe mais,
o vazio, o vazio corpo da sílaba encarnada...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 15 de Junho de 2014

sábado, 14 de junho de 2014

Gaivota “AMAR”

(para Oumara Moctar Bambino)


Não me encontro neste labirinto de palavras,
precisava de uma lanterna invisível, pequeníssima e frágil,
uma lanterna que me guiasse quando viajo nos olhos de gaivota “AMAR”,
perco-me, desejo-me e desejo-te, quando te transformas em mar, e eu,
e eu, eu me transformo em neblina sem som, em carcaça encalhada...
não me encontro, não, não existe no teu sorriso uma canção,
(oiço o Oumara Moctar Bambino)
(Feliz porque o oiço)

Não me encontro e perco-me nos teus lábios, meu Amor sonâmbulo,
sou um ponto algures no espaço, em rotação,
sei que das tuas lágrimas crescem gaivotas de “AMAR”,
gaivotas lindíssimas, gaivotas com sabor a mel,
gaivotas..., gaivotas de papel,
como silêncios embebidos nas nocturnas madrugadas sem nome,

Insignificantes, estes braços que te abraçam,
estes olhos que te absorvem como as tempestades de paixão,
sou quase engolido pelo teu coração,
feliz... feliz porque o oiço, porque... porque a música dele é poema vadio, é poema rebelde,
porque o oiço, porque a sua música me provoca uma translação,
e voo, e voo... até aos sonhos do Tejo,
não me encontro, não tenho medo das tuas coxas quando ele entra em nós, e somos dois pássaros em suspensão, brincando nos lençóis da tua pele, e voo...
até me cansar,
e voo... voo para te encontrar,
gaivota, minha gaivota de “AMAR”
minha gaivota com sabor a Aurora Boreal...
… minha gaivota irreal,

(oiço o Oumara Moctar Bambino)
(Feliz porque o oiço)

Não me encontro, e só te observo em sonho,
imagem transparente dos espelhos embriagados,
não, não me encontro, não... não no centro das palavras,
objectos, cacos, cacos e carcaças apodrecidas...
e esqueletos doirados das tardes intermináveis,
tardes em que o teu corpo era poesia...

POESIA NUA DESPIDA... POESIA, POESIA EM DESPEDIDA.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 14 de Junho de 2014

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O esconderijo da Lua


Toco-te,
estilhaças-te como o espelho da velha cristaleira,
depois, depois entra o mar nas tuas veis de nylon,
toco-te, e finjo ser um barco esquecido nas tuas mãos,
em silêncio, em silêncio para que ninguém perceba que no meu corpo habitam porcelanas em cacos,
alguns sons metálicos, melódicos, alguns... alguns ciclónicos ventos,
perguntas-me como é o amanhecer quando lá longe a Lua se esconde na montanha do desejo,
e eu, eu sem jeito, não sei responder,
entretenho-me a construir beijos num velho muro em xisto,
preguiçosos,
doentes,
toco-te e sinto, a claridade do teu olhar a entrar na caverna do Adeus,

(Ai como eu sofro...! Oiço-o enquanto alicerço as minhas pernas ao cansaço)

Querias o amor, e eu, eu dei-te o amor...
daí sobejaram os segmentos de recta da tua boca,
e deixaste alguns círculos de chapa nos cortinados da madrugada,

(Ai...! Oiço-o...)

E deixei de o ouvir,
afogou-se num poço de luz,
e...
e reapareceu quando um menino de bibe descobriu que existia noite depois do dia,
toco-te, e estilhaças-te nas escadas sem rumo,
desgovernadas,
loucas, loucas e apaixonadas...
Consegues imaginar a paixão de uma escada?
Claro que não, claro que não...
dizes-me,
que... que as escadas não se apaixonam,
que as pedras, os cacos de porcelana... nunca existiram,

(Ai como eu sofro! Oiço-o... na sua voz roufenha... São pássaros, menino, são pássaros... pássaros de cristal)

O caraças

Toco-te e finges orgasmos de coloridas flores,
toco-te, toco-te e... estilhaças-te como o espelho da velha cristaleira,
morres,
desapareces no interior da alvenaria ensonada,
lá fora, nada, nem uma locomotiva para te recordar,
um rio, um Cacilheiro embriagado, nada...
lá fora, toco-te,
toco-te e acordo...

Ai... ai como eu sofro, menino! Não..., não tenho sorte nenhuma.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 13 de Junho de 2014

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Versos de amor encurralados numa vidraça estilhaçada

foto de: A&M ART and Photos

Não acredito nos teus cabelos, são voláteis, são versos de amor encurralados numa vidraça estilhaçada,

Um dia, qualquer dia, todas as árvores do meu jardim se transformarão em desejo,
das suas folhas, cairão palavras,
coisas,
pedras,
cabelos, vidraças... todas... estilhaçadas,

Todas perfumadas,
não acredito, e tenho medo à noite vestida de insónia,
todas elas, todas mesmo..., um dia, qualquer dia..., cairão na tua mão,
como granizo envenenado pelo silêncio dos teus beijos,
como barcos defuntos no cemitério do prazer,

Não acredito nos teus cabelos,
e quando sinto a presença do teu corpo, percebo que não existe corpo,
apenas uma montanha de sombras,
apenas..., e nada mais do que isso, porque, porque tu nunca tiveste corpo,
porque..., porque tu não existes!

Se não existes,
se não tens corpo...
como poderás ter beijos em silêncio..., como?

Ah... e a tua boca?
Sem palavras, sem lábios, sem... sem comestíveis corações de papel,
ao jantar,
uma colher de sopa misturada com algumas insignificantes carícias...
e..., e uma flor semeada no teu ventre de cristal,

(Não acredito nos teus cabelos, são voláteis, são versos de amor encurralados numa vidraça estilhaçada)

Tínhamos cartas que os anos 90 engoliram numa tarde de Agosto,
nas folhas apenas alguns desenhos,
um alucinante odor a paixão,
e..., e tudo se perdeu, e tudo... tudo mesmo, morreu numa noite de Novembro...
Viva a solidão! Viva esta vida sem vida... Viva, vivendo, sem cartas com odor a “paixão”,

(ouvem-se sílabas de areias no teu olhar)

E a luz da minha biblioteca, ténue como as minhas mãos, despede-se de mim com um sorriso de incenso.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 12 de Junho de 2014

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Pássaros de aço


Deixei de sonhar,
a vida entranha-se nos meus ossos tridimensionalmente aos soluços,
e eu, às vezes, percebia que havia uma parábola no meu olhar,
comecei a despedaçar imagens, comecei a desperdiçar curvas, quadrados e triângulos,
os sonhos iam desaparecendo, como a chuva, aos poucos, misturada com finíssimos raios de sol,
e em vez de sonhar,
comprava num quiosque das redondezas algumas gramas de noite,
pensava eu que era o esqueleto de verniz mais feliz da minha cidade,
não o era,
e... e nunca o fui,
depois regressaram aqueles malditos pássaros de aço,
tão esfomeados que, que comecei a trocar os poucos beijos que me sobejaram por andorinhas de papel,

(batem à porta)

É o meu vizinho a queixar-se que os meus sonhos não o deixam adormecer,
respondo-lhe que..., que eu não sonho,
que... que há muito deixei de sonhar,
escrever,
e amar,

(o tipo ateima que sim, que são os meus sonhos,
canso-me...
e mando-o foder com todas as letras...)

São tristes os candeeiros da minha rua,
não respondem às minhas questões e anseios,
ignoram-me...
e quantas vezes... nem servem para me iluminarem,
abaixo os candeeiros da minha rua,
a minha rua...
e esta estonteante cidade,
a que pertenço e que me engole a cada milímetro de solidão,

(batem à porta)

(o tipo ateima que sim, que são os meus sonhos,
canso-me...
e mando-o foder com todas as letras...)

Deixei de sonhar,
deixei de ver as sanzalas iluminadas pelo doce luar,
deixei de ouvir o melódico som dos mabecos,
e da espuma brilhante do mar do Mussulo,
dois ou três caixotes em madeira apodrecida,
e apenas uma pequena caixa de sapatos com um, com... com dois, talvez três sonhos,
um avião telecomandado,
e livros do meu pai,
um par de calções,
e... e alguns tarecos,
e os sonhos?
Deixei de sonhar e voava, e voava quando calçava as minhas sandálias de couro...

(batem à porta)

É o carteiro!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 11 de Junho de 2014

terça-feira, 10 de junho de 2014

Que faço às limalhas do teu olhar!


Que faço às limalhas do teu olhar!
São pingos de sofrimento embrulhados em folhas de alumínio,
folhas adormecidas, folhas mortas, folhas... folhas embalsamadas,

E o teu olhar vive num cubo de vidro,
respira as magoadas madeixas de uma triste madrugada,
são singelas paredes, são insignificantes sombras...
são transeuntes encalhados numa calçada,

Que faço às limalhas do teu olhar!

E o teu corpo voa como a gaivota de amar,
poisa em mim como se eu fosse o mastro cansado de um veleiro,
desço à preia-mar,
cerro os olhos para não ver o teu triste olhar,
um cartaz apressadamente preenchido, grita-me e obriga-me...
… e obriga-me a chorar,
e obriga-me... e me obriga a sonhar,
com o teu olhar,
as limalhas do teu olhar quando prisioneiras das tempestades que os teus seios inventam,
esqueço,
e pareço...
o velho às voltas com a roda da vida,

Sento-me em ti!

Sento-me em ti não sabendo que és de papel,
que... que quando o vento se enfurece, tu... tu desapareces, tu...
tu... tu te transformas em silêncio,
em neblina,
em... em equação sem resolução,

Que faço às limalhas do teu olhar!
São pingos de sofrimento embrulhados em folhas de alumínio,
folhas adormecidas, folhas mortas, folhas... folhas embalsamadas,

Folhas como eu, folhas como ele, folhas... folhas apaixonadas,
que faço, meu amor, aos pingos do teu sofrimento,
quando vaiadas todas as mandíbulas da paixão,
e ao acordar, a minha mão não encontra o teu corpo de andorinha... tu, tu nunca lá estiveste,

Tu... tu nunca exististe dentro de mim,
tu, tu desejas não desejando o amanhecer,
e é tão distante, e é tão longínquo... que me perco nos teus braços invisíveis,
engano-me quando o espelho da saudade me informa que hoje...
“hoje não há felicidade”!
Hoje apenas existe uma cidade, uma rua, e... e uma velha calçada,
sem pressa de fugir, sem pressa de amar..., amar não amando os dias sem sentido,
eu sentado, esperando que tu, que tu... que tu sejas tu e não a noite vestida de limalhas, as limalhas do teu olhar!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 10 de Junho de 2014