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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Círculo de luz

 Quando te ris e desenhas no meu olhar

Um círculo de luz com olhos verdes,

Quando te ris e escreves no meu olhar,

Amo-te,

Quando te ris, meu amor…

E poisas no meu rosto,

A tua mão,

E eu, aprisiono-a e finjo que durmo…

E finjo que os meus olhos são o mar.

 

 

25/10/2023

sábado, 21 de outubro de 2023

Lábios de saudade

 Um pedaço de mim és tu

Um pedaço de mim é o teu sorriso

É a luz dos teus olhos,

Um pedaço de mim,

Pertence-te,

Um pedaço de mim…

Voa,

Nos teus lábios de saudade.

 

 

21/10/2023

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Um outro amanhã



Chove,

São as lágrimas do teu sorrir,

São as pétalas do Outono em Inferno partir,

São o silêncio da manhã,

 

Chove,

São as sílabas das tuas mãos em meu ser,

São nuvens de açúcar letrado,

Chove,

São as palavras do meu escrever,

São o cardo,

São o sono…

De um outro amanhã,

De um outro viver.

 

 

17/10/2023

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Acordar

 Que o teu sorriso

Seja sempre o sol de cada manhã

Quando acorda

Que o teu sorriso

Seja sempre o poema

Em cada dia

A cada poesia.

 

22/09/2023

sábado, 8 de julho de 2023

Desenho sem sentido

 

Desenho um abraço

Em silêncio abraço

Nos olhos da Lua

Dos olhos do mar,

Escrevo um sorriso

Nos lábios do Sol,

Em silêncio sorriso…

O abraço desenhado,

Nos olhos da Lua…

 

Desenho o tempo

Em perfeito juízo

O abraço desejado

Do abraço prometido

Sentido…

Na fimbria madrugada,

 

Desenho o poema

Do sofrido poema

Nos olhos do mar

Em silenciado sorriso…

Deste poema amargurado

Triste…

Neste poema sem sentido

Quando da noite…

O silenciado abraço,

Morre…

Nas mãos do Luar.

 

 

 

08/07/2023

Francisco

Coisas



Há quanto tempo

Há quanto tempo tantas coisas

Que já nem sei…

Há quanto tempo

As coisas

São coisas,

 

Há quanto tempo

O Sol não acorda de manhã

Há quanto tempo

O desenho de um abraço

Não cresce na minha tela,

 

Há quanto tempo

Há quanto tempo a Lua se veste de tristeza

E a tristeza

Se pigmenta de Lua,

 

Há quanto tempo

Há quanto tempo não desenho um sorriso no mar

Há quanto tempo

Há quanto tempo não consigo sonhar.

 

 

 

08/07/2023

Francisco

domingo, 9 de abril de 2023

A flor da liberdade

 Habitamos dentro deste labirinto

Frio e escuro

Onde desenhamos no corpo o desejo

Quando escrevemos no corpo

Cada silêncio que a noite alicerça sobre o mar,

 

Habitamos dentro deste labirinto

Sem janelas

Com portas e frestas

Quando chega a nós

A louca Primavera,

 

Quando regressam a nós

Os gladíolos de uma noite em tórrida paixão

E quando dos teus doces beijos

A tua mão distrai-se na minha boca

Insígnia da madrugada,

 

E podia terminar a noite

E recomeçar outra noite

Habitamos dentro deste labirinto de noites

Que apenas o prazer e o silêncio

Sabem fotografar depois do luar adormecer,

 

E dos teus olhos

Quando acordam as primeiras lágrimas da manhã

E num sorriso de luz

Uma criança te oferece a flor mais bela que o silêncio pode cultivar;

A flor da liberdade. A flor de amar.

 

 

 

Alijó, 09/04/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 29 de janeiro de 2023

Sorriso

 No sorriso de uma criança

Cresce uma flor imaginária,

Invisível como a lua em dias de silêncio,

Que conta estórias em pedacinhos de mar…

 

Do sorriso de uma criança,

De todas as crianças,

Acorda o sol desenhado por Deus,

 

No sorriso de uma criança,

Brincam as manhãs…

Todas as manhãs,

Que uma criança,

Transporta no olhar.

 

 

 

 

Alijó, 29/01/2023

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Olhos de amar

 

Desenho-te neste triangular silêncio

Que a luz escreve no meu corpo

Oiço-te em gemidos

Declamares os meus poemas

E descanso no teu sorriso.

 

Desenho-te sem saber desenhar

E escrevo na tua mão

Sem saber escrever

Mas invento o vento

No teu saber.

 

Morro.

Cruzo os braços dentro desta urna invisível

E das minhas lágrimas

Em partida

Vêm a mim as estrelas adormecidas.

 

E parte de mim

O rio onde me afogo;

Tenho medo

Que a noite não regresse mais

Aos meus lábios insaciados na tempestade.

 

Desenho-te neste quadro sem nome

Em fúria que desce a montanha

Onde poiso as cores do Outono

E uma ardósia de sono

Prende-me aos teus olhos de amar.

 

 

 

Alijó, 29/11/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Pincelado sorriso

 

Não preciso de flores

Não quero chocolates

Não preciso que o sol nasça em cada manhã

Não preciso de palavras

 

Não preciso de flores

Do mar

Ou que a noite se esqueça de mim

Não preciso da lua

 

Do luar

Não

Não preciso de flores

Apenas preciso de um pincelado sorriso nos teus olhos

 

 

 

Alijó, 15/11/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 13 de novembro de 2022

Este mar salgado

 Visitas-me enquanto ardem na lareira os pequenos pedaços de sono, na parede da sala, as minhas mãos envenenadas pelo mar salgado da infância, olham-te, e percebo que me morres a cada mínimo cansaço da manhã,

Curiosamente,

O vento leva-te de mim à velocidade de um simples olhar,

E olho-me no espelho silenciado das palavras que sobejam das janelas entreabertas e que nos transportam para as noites de paixão.

Define-me paixão.

Uma pedra preciosa nas mãos de Deus.

Não percebi, mas acredito que o mar começa a correr para as montanhas e que os pássaros que poisam sobre as árvores são apenas sombras em papel.

Um olho de vidro, come-nos, como nos comeu a serpente que todas as manhãs de Primavera entrava em nós e nos libertava da escuridão,

A escuridão dos teus lindos olhos de pequenino incenso,

Abro-te e beijo-te, enquanto me aprisiono às cortinas de espuma que o mar trouxe e que voaram sobre o teu cabelo,

Sou omnipotente,

Enquanto me mato desta janela de vidro,

Oiço-te,

E beijas-me.

Então, sabendo que sou um crucifixo de medo, que transporto nos braços as algemas da timidez, beijo-te, e dos meus olhos pincelados de mar, transformo-me num barco que beija, transformo-me num barco que ama, transformo-me num barco que arde nos teus lábios,

Como assim, barco?

Um barco que foge da multidão,

Sentindo o medo de que esta lareira em paixão se extinga, e que sendo um barco, a luz diáfana da madrugada me embriague e me leve para ti, como esse pedaço de só que suspendes na parede nua de uma sala nua de uma madrugada nua de um corpo nu,

O teu corpo, mergulhado nos meus dedos.

Beijo-te.

Beijas-me e foges,

Enquanto tenho na algibeira a pobreza e a melhor das riquezas,

Os meus olhos, meu querido?

E pergunto-me,

O que têm os teus olhos que os meus olhos não têm?

A paixão,

E que Deus nos perdoe,

Como dizem que perdoou,

Enquanto os meus lábios mapearam cada milímetro quadrado do teu corpo travestido de seda púrpura e lantejoulas envergonhadas,

Em que pensas, meu adorado barco de insónia?

Nas metades da laranja dos primeiros dias da semana,

E o fogo inventa em ti as pobres migalhas que o pão deixou sobre a mesa, a mesma mesa onde descobriste que as minhas mãos eram apenas poemas incendiados numa qualquer lareira que traziam os teus braços ao meu pescoço, e

Como assim, barcos de ninguém?

Sem nome, sem identidade, sem palavras e sem destino

O sonho?

Porque são frias as manhãs dos teus lábios, meu amor?

E porque choram, sim, e porque choram as nuvens do teu cabelo?

Uma avenida engalanada sempre que chove e sempre que chove,

Sem destino,

Este pobre menino de porcelana falsificada pelas mãos do artesão que traz no peito os cigarros da noite anterior e que tal como o barco

Arderam em ti como camuflados cinzentos que o orvalho deixa nas escadas de acesso ao sótão.

Visitas-me enquanto ardem na lareira os pequenos pedaços de sono, na parede da sala, as minhas mãos envenenadas pelo mar salgado da infância, olham-te, e percebo que me morres a cada mínimo cansaço da manhã,

Curiosamente,

Olho-me nessa parede de sono,

E acredito,

E sei;

Sou apenas eu, o tímido e envergonhado marinheiro de uma Lisboa mergulhada no falso oiro, nas falsas palavras, nos falsos apitos em triste tesão

Como um cacilheiro de cigarro na boca à procura de engate,

Entre os parêntesis dos teus seios,

As minhas mãos erguidas para Deus.

Oiço-te.

Porquê?

 

 

 

 

 

Alijó, 13/11/2022

Francisco Luís Fontinha

(ficção)

sábado, 15 de outubro de 2022

Dissecação de um poema

 Poema – fotografia com palavras. Morreu de saudade, o poeta pega no bisturi da paixão e disseca a manhã que acaba de acordar. Dos lábios, em pequeno jeito, retira todos os beijos e poisa-os cuidadosamente sobre o papel amarrotado que o luar trouxe até à sua mão.

Depois de radiografar todas as sílabas, retiradas todas as vírgulas e pontos finais, o poeta, pega nos tristes parêntesis e coloca-os, não sobre o papel amarrotados, mas sim sobre a secretária onde dormem os livros Lobo Antunes, AL Berto, Pacheco, Cesariny, Cruzeiro Seixas e de um tal Fontinha, mas quanto a este último, como dizem que é um pouco louco, o narrador nunca tem a certeza se os livros deste, quatro e milhares de publicações no blog Cachimbo de Água, ainda jazem na dita secretária; um dia estão aqui, no outro, ali, e às vezes, por aí.

O bisturi da paixão entre traços pincelados de silêncio e sombras de desejo, em pequenas quadrículas, começa por dissociar os lindos olhos da manhã que acaba de acordar das pestanas cinzentas da neblina em fuga; dos olhos, o poeta, retira as imagens de um qualquer luar que uma qualquer noite poisou sobre o mar, porque há sempre um rio que corre para o mar, uma ribeira que correr para um rio, e claro, há sempre um corpo no bisturi do poeta.

O sorriso da manhã que acaba de acordar, agora já separado dos lábios, e acreditando que o poeta segue todos os procedimentos de uma dissecação, suspende-se na janela do sonho, que por enquanto, ainda pertence ao poema. E neste momento, o poeta ainda não sabe que este sorriso lhe pertence.

Nos seios, o bisturi da paixão, em pequenas incisões, deixa sobre eles a última vontade do poeta, e o poeta, sem dar-se conta, transporta na mão pequenos pedacinhos de saliva que sobejaram do beijo anteriormente retirado; somos instantes, pensou ele.

Mas nem só de seios é constituída a manhã que acaba de acordar, e continuando a dissecação do poema, o poeta dissecador, num movimento de dezoito graus Norte, coloca o olhar nas coxas silenciadas pela alvorada, enquanto as estrelas, em pernoitada conferencia, tentam chegar a consenso; dormir ou azucrinar a paciência ao poeta. Por unanimidade, resolvem azucrinar a paciência do dito.

Dito isto, o bisturi da paixão separa as pequenas gotículas de prazer alicerçadas à pele lisa e desejada que cobrem a manhã que acaba de acordar e num ápice, como se acabasse de desenhar um silenciado orgasmo no distante luar que acabou de acordar, conta-as, cataloga-as, e depois coloca-as dentro de um pequeno frasco onde já existiam três pedacinhos de sémen, uma madrugada que se tinha suicidado junto ao mar, e claro, o rio que tinha fugido da montanha.

O poema deixou de pertencer ao poeta e é imagem desassossegada do dissecador que um dia dirá que

Fui muito feliz sobre esta pedra cinzenta.

Ou, existirá sempre um pedacinho de mel nos lábios da manhã.

E como o poema é uma fotografia com palavras, onde um corpo vacila sobre a ponte que apenas o sonho consegue pintar nas nuvens cinzentas que às vezes poisam sobre o poeta, há um sorriso que aos poucos se abraça a esta pequena fotografia e há palavras que partem e nunca mais regressam. E há silêncios que se tocam sem perceberem que a paixão, depois de descartado o bisturi, pois já não é necessário, se transformam em desejo, depois em uno corpo crucificado na maré dos sonhos envenenados.

Quando perguntam ao poeta o que pensa da manhã que acaba de acordar e qual o resultado da dissecação, este é sorrisos amortecidos, responde que… não penso nada e quanto à dissecação:

Depois de dissecado o poema e analisado, concluo que o dito morreu de saudade.

 

Saudade – quando no mar desenhado na alcofa de uma madrugada de cacimbo, sons de um pequeno rádio a pilhas dança sobre os olhos verdes de um miúdo em soluços depois de perceber que do tecto caem pedacinhos de geada.

E quando o paquete do regresso entra Tejo adentro, o miúdo da alcofa vê sentado junto à Torre de Belém um rapaz tímido, abraçado ao medo, que numa das mãos tem um livro e na outra cigarros que o acompanharão até aos dias de hoje.

O barco aos poucos aproxima-se da cidade, e o miúdo com a alegria de um miúdo que acaba de acordar, sorri

Pai, um machimbombo!

Autocarro, filho. Autocarro.

Desde então, nunca mais consegui assassinar a saudade.

E já agora, caro leitor, qual será a pena para um assassino em série de saudades?

A saudade vai. A saudade vem.

O tempo passa.

Os machimbombos agora são autocarros, e um amigo segreda-me que por eu ter nascido em Luanda, sou Calcinha.

Autocarro, filho. Autocarro.

 

O poema é uma fotografia com palavras. O poema é a imagem que apenas o desejo consegue desenhar num corpo em fúria. O poema é silêncio. O poema é paixão. O poema é tudo e não é nada. O poema é um pedacinho de mel. O poema é um pedacinho de mar. O poema és tu, manhã que acaba de acordar.

 

 

Alijó, 15/10/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 8 de outubro de 2022

Cinzas de crocodilo

 Eramos muitos. Eramos loucos. Amávamos muito… hoje, somos pequenos pedacinhos de tecido suspensos nas nuvens da manhã, dos livros às cores garridas abraçadas ao branco tela, de um banco de jardim até aos longínquos passeios junto ao mar, e acabávamos sempre a noite a falar de Dostoevsky, o que provavelmente seria melhor do que falar de plantas ainda não nascidas,

A lareira erguia-se na cozinha desarrumada e aos poucos, poemas, desenhos, começaram a alimentar as lágrimas da mesma, ele, sorria de tanta felicidade; finalmente tudo o que saía dele começava a fazer sentido,

Sorriam as cinzas à janela do silêncio,

Eramos muitos,

E não sabíamos que das grandes árvores do destino, que o acompanham desde menino, um dia transportassem os cadáveres que hoje habitam nas manhãs de sábado, nas manhãs de segunda-feira, nas manhãs de quinta-feira, e mesmo assim, ainda existem algumas limalhas de aço que deixaram de responder aos apelos de uma nova vida,

Começamos então a semear as cinzas sobejantes nas tardes junto ao mar,

Eramos muitos. Somos quase nenhuns,

Amávamos muito… hoje, pertencemos aos esquisitos, não alimentados pela escura noite que nos abraça em cada pequeno silêncio, e as lâminas do desejo, hoje, são apenas lâminas do desejo. Nos livros, encontrávamos as margens pequeninas de um rio, rio que hoje é apenas saudade, e dos livros, sentíamos as poucas alegrias que a madrugada nos proporcionava,

Agora mesmo,

Sentimos o corpo desfalecer, somos instantes dentro de um túnel infinitamente louco e apaixonado, e quanto às cinzas dos poemas, dos desenhos, dos tristes silêncios que apenas a noite nos trazia, hoje parecem pontos de luz em busca da eternidade,

Movimentam-se dentro de nós,

Todas as estrelas do universo, e de infinito em infinito, há sempre uma recta à nossa espera, está cansada, grávida e infeliz,

O menino dos calções cresceu, vive dentro dos livros de Dostoevsky, o menino dos calções deixou de passear junto ao mar, porque o mar, como outros mares, morreram junto aos rochedos da infância,

Uma lágrima solta-se do sorriso do sol, então porque crescem as acácias neste jardim despovoado de meninos?

E choram?

Como choram todas as manhãs as minhas fotografias ao saberem que os poemas, os desenhos,

Cinzas.

E não sabíamos que um dia regressaria o sono, e não sabíamos que um dia se esconderia o sol e a lua, mas sabíamos que das cinzas dos poemas e dos desenhos… eramos muitos, eramos loucos, e amávamos muito, e não sabíamos que de um lindo dia de Primavera nasceriam as pedras cinzentas onde nos sentamos ao acordar.

E choram?

São cinzas, menino…

Cinzas das suas estórias, porque acabávamos sempre a falar de Dostoevsky, como sempre, sentados num banco de jardim, à espera de que a noite nos levasse,

E levou-os,

Hoje, somos instantes, somos poucos à mesa, e desconhecemos se o infinito existe. Hoje já não somos os meninos que passeavam junto ao mar, porque o mar morreu, porque o mar sou eu, porque o mar já não é o mar,

Então, decidimos subir a montanha,

Das cinzas, os beijos,

Nas cinzas, as lágrimas do poeta,

Cinzas, menino, cinzas.

E mesmo assim, sabíamos que as gaivotas, como todos nós, eram apenas instantes dentro de um cubo de vido com fotografia para o Outono; cinzas, menino. Cinzas de crocodilo…

Até que o mar voou da pequena alcofa levando o pequeno sorriso.

Cinzas, menino.

Cinzas de crocodilo.

 

 

 

Alijó, 08/10/2022

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Uma rosa, rosa.

Uma rosa,
Rosa,
Rosa,
No teu corpo,
Corpo,
Corpo, rosa.
Um sorriso,
Riso,
Palavras,
Lavra,
No poema,
Ema,
Riso,
Rosa,
Cama.
Um silêncio,
Lêncio,
Algures na madrugada,
Ugada,
Ada…
Uma pedra,
Pedra,
Nas palavras,
Lavras,
Quando acorda a noite,
Noite,
Oite…
Uma rosa,
Rosa,
No amor,
Rosa,
Mor,
Flor,
Lor,
Dor.
Uma pirâmide de giz,
Na ardósia nocturna da serpente,
Mente,
Ente.
Do ponto,
Onto,
Nada.
Nada, de mim.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
14/02/2020

domingo, 2 de fevereiro de 2020

E, agora? O que será de nós depois…


E, agora? O que será de nós depois da saudade;
Pertenciam-lhe as palavras invisíveis das marés de prata.
A boca mergulhava na ínfima madrugada do silêncio,
Descia à cidade, quando acordava a noite,
Pegava num pedaço de sombra,
Agachava-se no pavimento húmido da solidão…
E, gritava palavras de amor.
E, agora? Que a tempestade regressou de ontem,
Traz consigo os dois cansados cadáveres da única memória que lhe restava,
Os homens entre guerras e coisas simples, banais,
Percorriam as ruelas sem saída, suspendiam pinturas nas janelas do horror,
Para que as crianças conseguissem adormecer,
Nesta cidade de “merda”, sem dormitórios, sem palavras abstractas,
Que pertencem aos livros de poesia.
O corpo arrefece sobre a lápide fria da manhã,
O silêncio vem em direcção ao peito,
Como uma flecha, e, o sangue corre para os canaviais…
Tinha medo da saudade,
E, agora?
O que será de nós, depois da saudade, quando alguém procura o corpo amachucado pela violência dos gritos do homem de chapéu negro,
Seu nome Chapelhudo, vestido de pássaro nocturno,
Quando as palavras emergem e, tudo à volta morre, extingue-se em finíssimos pedaços de carvão,
O desenho acorda,
Mergulha na tela da saudade,
Sempre ela, a saudade dos dias, da noite, dos candeeiros a petróleo…
E, agora? Nada.
Apenas um sorriso,
Flácido,
Triste,
Porque sim;
Cansado da vida.
Chapelhudo, morre. E todas as palavras do menino branco.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
02/02/2020

quinta-feira, 2 de maio de 2019

O teu sorriso


O teu sorriso é uma rosa de pétalas encarnadas,

A sombra do plátano,

Na Primavera encantada,

O teu sorriso é o mar em cio,

A madrugada atrapalhada,

Quando regressa o frio.

O teu sorriso é uma jangada,

O silêncio da alvorada,

Junto ao rio.

O teu sorriso é um livro de poesia,

Palavras voando sobre a cidade dos pássaros…

No final do dia.

O teu sorriso,

O esplendor da floresta virgem,

As marés,

E os barcos de papel,

O teu sorriso,

Um batel,

Sonâmbulo das noites intermináveis…

Como uma jarra de flores,

Sobre a mesa,

Sobre a secretária…

Recheada de livros.

O teu sorriso é o luar,

Marinheiros enfurecidos nas asas do embriagado mar,

O teu sorriso é oiro,

Incenso,

Mirra…

Ai, menina, o teu sorriso!

O teu sorriso é literatura,

Ternura,

Nas tardes de xisto.

O teu sorriso é feitiço,

Nas caravelas,

No cais da despedida…

O teu sorriso é a sanzala,

O capim,

Jardim,

Que nunca se cala.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

02/05/2019