terça-feira, 29 de novembro de 2022

Olhos de amar

 

Desenho-te neste triangular silêncio

Que a luz escreve no meu corpo

Oiço-te em gemidos

Declamares os meus poemas

E descanso no teu sorriso.

 

Desenho-te sem saber desenhar

E escrevo na tua mão

Sem saber escrever

Mas invento o vento

No teu saber.

 

Morro.

Cruzo os braços dentro desta urna invisível

E das minhas lágrimas

Em partida

Vêm a mim as estrelas adormecidas.

 

E parte de mim

O rio onde me afogo;

Tenho medo

Que a noite não regresse mais

Aos meus lábios insaciados na tempestade.

 

Desenho-te neste quadro sem nome

Em fúria que desce a montanha

Onde poiso as cores do Outono

E uma ardósia de sono

Prende-me aos teus olhos de amar.

 

 

 

Alijó, 29/11/2022

Francisco Luís Fontinha

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