segunda-feira, 17 de junho de 2024
domingo, 12 de maio de 2024
quarta-feira, 17 de abril de 2024
quinta-feira, 7 de março de 2024
Mar
O elefante
dentro da panela
ferve
em azedume lume
brando
nas
lágrimas fatiadas do silêncio
do
outro lado da rua um peixe apanha sol na
frigideira
e
ambos
são
árvores em delírio.
São
pássaros vaginais
nas
mãos da Primavera
à
noite um pente com trinta e dois dentes
geme
de saudade de quando o teu cabelo voava sobre o loiro trigo
da
manhã.
Hoje
sobre a cabeça
restam-lhe
apenas alguns fios de nylon e uma janela com fotografia para o mar. Sem cor.
Negra.
(orgasmo
literário)
quarta-feira, 6 de março de 2024
Vemo-nos em Agosto
Vemo-nos em Agosto
os teus olhos estão prisioneiros aos
carris do desejo
nas mãos da saudade
uma lâmina de espuma corre aflita
para o mar.
Aos barcos
regressam as espinhas dorsais das
cadeiras que vivem dentro do rio
ao Agosto meu amor
prometo ler este livro
de Gabriel García Márquez…
Vemo-nos em Agosto
quando o tórrido poema em alta voltagem
agarra os teus seios
voa sobre as casas em miniatura
limpa a boca das conversas de ontem
e iluminava-se de noite.
Em Agosto
vemo-nos mudamente nos teus lábios
vemo-nos dentro do teu corpo
quanto te olho e sinto que o teu corpo
é uma caravela de sono à procura do sol.
(orgasmo
literário)
Criança
Um barco pede-me desculpa
por ter levado o mar,
um pequeno rio
deita-se junto à janela
do mar
e dorme;
dorme nesta cama
envenenada pela lua de corsária
erguendo-se da terra
como a serpente em beijos
floridos.
É tão miserável este barco
que esconde nas mãos a
flor cardada
da manhã,
o Alfredo acende as
estrelas
e poisa sobre a mesa do
pequeno-almoço
as palavras que durante a
noite
fugiram da alvorada.
E eu não tenho cama,
não durmo nestes rochedos
poeirentos
que trazem da outra
margem
as crianças que brincam à
porta da igreja;
e procuro o mar
dentro do meu sonhar,
também eu,
parecendo uma criança que
brinca à porta da igreja.
(orgasmo literário)
segunda-feira, 4 de março de 2024
domingo, 3 de março de 2024
Clitóris
Hoje é o dia da revolta
do clitóris
hoje pertence ao grito
dos livros de poesia
hoje é o meu grito
hoje é a minha revolta.
Apedrejo as nuvens que
incendeiam a manhã
lanço pedras às janelas do
dia
e revolto-me contra o clitóris
de pertencer a este universo
encerrado
hermético
hoje revolto-me
contra a espada que poisa
no meu peito.
(orgasmo literário)
sábado, 17 de fevereiro de 2024
sábado, 10 de fevereiro de 2024
Cabeça
A cabeça é livre
O corpo é prisioneiro do
teu sorriso,
A cabeça ama,
O corpo,
Sofre.
A cabeça é um pedaço de
sucata,
É aço calcinado pelo
tempo,
A cabeça,
Ama,
O corpo,
Esconde-se na madrugada.
10/02/2024
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
QUASE
Quase
Engenheiro/Quase Palavra/Quase Tudo/Quase Nada…
Quase
Artista/Quase dançarino/Quase Estilhaço,
Quase
Vidro.
Quase
Bala/Quase Aço.
Quase
Bola/Quase Pedra/Quase Espingarda/Quase Tesoura da Poda/
Quase Objecto/(Objecto Quase).
Quase.
09/02/2024
Revólver
Encosta o revólver à cabeça
Dispara uma palavra de pólvora seca
Poisa a mão sobre a mesa,
E nasce o poema.
Vai para o quarto
Deita-se na cama
E percebe que o poema…
É a revolta dos seus miolos.
Levanta-se
E abre a janela
Puxa do cigarro que é veneno
Esconde o revólver debaixo do
travesseiro,
Acaba de morrer
E não é o primeiro
A escrever,
Mas é o primeiro…
A sentir o peso da caneta.
09/02/2024
terça-feira, 6 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
Palhaço pobre
Há um palhaço em cada um de nós.
Uns sãos palhaços pobres, outros são
palhaços ricos…
Eu, sou o palhaço pobre.
quarta-feira, 31 de janeiro de 2024
Poema
Se os teus lábios fossem uma laranja
Se os teus lábios fossem um poema
Se os teus lábios fossem a manhã
Se os teus lábios fossem um pedacinho de
mel…
Eu queria ser,
O poeta dos teus lábios,
O teu poeta.
31/01/2024