E,
agora? O que será de nós depois da saudade;
Pertenciam-lhe
as palavras invisíveis das marés de prata.
A
boca mergulhava na ínfima madrugada do silêncio,
Descia
à cidade, quando acordava a noite,
Pegava
num pedaço de sombra,
Agachava-se
no pavimento húmido da solidão…
E,
gritava palavras de amor.
E,
agora? Que a tempestade regressou de ontem,
Traz
consigo os dois cansados cadáveres da única memória que lhe restava,
Os
homens entre guerras e coisas simples, banais,
Percorriam
as ruelas sem saída, suspendiam pinturas nas janelas do horror,
Para
que as crianças conseguissem adormecer,
Nesta
cidade de “merda”, sem dormitórios, sem palavras abstractas,
Que
pertencem aos livros de poesia.
O
corpo arrefece sobre a lápide fria da manhã,
O
silêncio vem em direcção ao peito,
Como
uma flecha, e, o sangue corre para os canaviais…
Tinha
medo da saudade,
E,
agora?
O
que será de nós, depois da saudade, quando alguém procura o corpo amachucado
pela violência dos gritos do homem de chapéu negro,
Seu
nome Chapelhudo, vestido de pássaro nocturno,
Quando
as palavras emergem e, tudo à volta morre, extingue-se em finíssimos pedaços de
carvão,
O
desenho acorda,
Mergulha
na tela da saudade,
Sempre
ela, a saudade dos dias, da noite, dos candeeiros a petróleo…
E,
agora? Nada.
Apenas
um sorriso,
Flácido,
Triste,
Porque
sim;
Cansado
da vida.
Chapelhudo,
morre. E todas as palavras do menino branco.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
02/02/2020
Sem comentários:
Enviar um comentário