Mostrar mensagens com a etiqueta desejo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta desejo. Mostrar todas as mensagens

domingo, 29 de outubro de 2023

Fim-de-semana

 São simples, os nossos fins-de-semana,

São tão simples, meu amor…

Deixamo-nos ir ao som da lareira,

Os teus olhos, abraçam os meus olhos,

Os meus lábios, escrevem, os meus lábios escrevem nos teus lábios,

E do luar do teu sorriso,

Recebo o silêncio do meu desejo.

 

São simples, os nossos fins-de-semana,

Tão simples como os poemas que te escrevo…

E vou começar a deixá-los sobre a almofada,

Tão simples, são os nossos fins-de-semana,

Deixamo-nos ir ao som da lareira,

E só regressamos de madrugada,

E regressamos um só corpo; o meu corpo e o teu corpo são apenas um corpo.

 

Depois, muda a hora e a puta da noite vem mais cedo,

Não fosse isso, meu amor, não fosse isso e os nossos fins-de-semana eram tão simples…

E tão lindos,

Nos braços destas flores em pequenas lâminas de luz que da lareira brotam…

E são tão simples, meu amor, são tão simples.

 

Depois, mais logo, leio-te “Flor de Fumo” de Nadia Anjuman…

E aí sim, temos a perfeita simplicidade da vida,

De ser feliz,

De abraçar os teus lábios na madrugada,

E perceber que sou apenas uma palavra que fugiu de um qualquer poema…

De uma qualquer sebenta de um adolescente apaixonado…

 

São simples, os nossos fins-de-semana,

São tão simples, meu amor…

Deixamo-nos ir ao som da lareira,

E esquecemo-nos que estamos abraçados ao beijo.

 

 

29/10/2023

Poetiza

 Poetiza-me com os teus lábios nos meus lábios

Mulher do meu sonhar

Palavra que a manhã lança ao mar,

Poetiza-me com as tuas mãos

Acariciando o meu rosto poético,

Poetiza-me menina das madrugadas

Quando desenho o beijo no teu ombro

E perco-me no teu pescoço,

Como um menino mimado,

Como um menino de ti,

 

Poetiza-me com toda a tua força,

Com todo o teu saber,

Poetiza-me com as palavras que te escrevo,

Com as palavras que semeio no teu seio,

Poetiza-me com os teus lábios nos meus lábios,

Com a tua boca na minha boca,

 

Poetiza-me todos os dias,

A todas as horas,

Em todas as noites,

Quando te abraço,

Quando me perco em ti,

Quando me perco neste salgado mar de inocência,

Poetiza-me nesta canção de Outono,

Com folhas lapidadas,

Das árvores,

E dos pássaros…

 

Poetiza-me com os teus lábios nos meus lábios

Mulher do meu sonhar

Palavra que a manhã lança ao mar,

Poetiza-me com as tuas mãos

Acariciando o meu rosto poético,

 

Poetiza-me com o teu cabelo poisado no meu peito,

Poetiza-me na insónia da noite,

Da insónia em desejo,

De pegar na tua mão…

E morrer,

Poetizado pelos teus lábios de mel.

 

 

 

29/10/2023

sábado, 28 de outubro de 2023

Do silêncio voz que te oiço

 Oiço a voz do silêncio

Que me traz a madrugada

Disfarçada de noite

Em noite ensonada

De nada

Amanhã um beijo nos teus lábios

Depois

Oiço a voz do meu relógio

Que me diz

Que me grita;

Amanhã são horas de sonhar.

 

Oiço a voz do silêncio

Dos teus lábios em palavras que recebo

Permitindo-me afoitar esta lareira

Nos intervalos de minha infame-glória

Viver acorrentado às primeiras lágrimas da manhã…

 

E dormir nos teus braços.

Azáfama das tuas mãos no meu rosto dorido

Às vezes triste

Às vezes sofrido

Quando oiço pela manhã

Quando recebo a noite…

A voz do silêncio,

 

Oiço a voz do silêncio

Que me traz a madrugada

Disfarçada de noite

Em noite ensonada

De nada,

Esta velha jangada

Em pedra lapidada

Durante a noite

Quando os nossos corpos se fundem

E formam a mais ínfima partícula do desejo

Da voz do silêncio

No silêncio de viver.

 

 

28/10/2023

Lábios de mel

 Desenho o fatídico beijo nos teus lábios de mel

Dos teus lábios poéticos

Do dia que não quer acordar

E no meu peito

Sinto os teus olhos de mar,

 

Desenho o beijo

Em teus lábios de mel

Manhã sonolenta

Manhã quase perfeita

Nas tuas doces mãos de seda,

 

Nas tuas doces mão de feiticeira

Quando desenho o beijo

Transparente

Leve como um pequeno suspiro

Quando inventas um sorriso,

 

Desenho o beijo

O fatídico beijo

Em teus lábios de mel

Nos teus lábios em desejo

Por palavras,

 

Sombras nos teus lábios

Beijo envenenado que desenho

Em teus lábios de mel

Em teus lábios de purpura insónia…

Quando a insónia é uma caverna de prazer.

 

 

28/10/2023

domingo, 22 de outubro de 2023

Mar sonâmbulo

 Sonâmbulo mar

Quando o teu feitiço me abraça

Quando os teus braços me beijam.

Sonâmbulo mar

Nos lábios de uma barcaça

Das mãos que aleijam

Os teus lábios de amar.

 

Sonâmbulo mar

Quando o vento

Me traz o teu sorriso

Quando me sento na tua boca

E perco o juízo

E você fica louca

E você se esconde no meu pensamento.

 

 

22/10/2023

sábado, 7 de outubro de 2023

Cansaço

 

Desenhar-te,

Cansa.

Sonhar-te,

Cansa.

Desenhar-te nos meus braços,

Cansa.

Desejar-te,

Cansa.

Amar-te…

Cansa muito.

No entanto,

Desenho-te,

Sonho-te,

Desenho-te nos meus braços…

Desejo-te

E amo-te muito

Tanto o quanto te odeio….

 

 

07/10/2023

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Adormecer

 Maré que me inventas

Todos os dias

A todas as horas do dia

Dos outros dias

Maré dos teus lábios de mel

Que inventa na minha mão o silêncio

E se despede de mim

Quando cai a noite

 

Maré que me inventas

Todos os dias

A todas as horas

Dos dias sem horas

Das horas sem dias

Quando se aproxima o cansaço

E se ergue dos teus braços

O abraço

 

Nas marés que me inventas

No mar dos teus olhos

Tão lindos

São os teus olhos

Quando se ergue na maré que me inventas

O sono

E o desejo

De dormir…

… nos teus braços.

 

 

03/10/2023

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Eterno abraço

 Abraça-me enquanto esta equação

Se resolve na contraluz do desejo

Abraça-me no limite inferior da paixão

Quando da integral do silêncio… recebo um beijo

 

Abraça-me enquanto Deus não me vem buscar

Abraça-me antes que esta equação deixe de ter sentido

Que esta equação se transforme em mar

E depois num qualquer sorriso sofrido

 

Abraça-me na lentidão da noite escura

Das flores envenenadas

E das palavras e da solidão que dura

 

Eternidades de permanente desassossego

Abraça-me em todas as madrugadas

E sem medo

 

 

29/09/2023

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Solstício

 Meu pequeno solstício do desejo

Meu poema

Minha oração cansada

Quando deitada

Nesta cama

 

Sem perceber

Se um dia ao acordar

Também acordará a poesia

A mentira fictícia da ausência

Entre o sonho e o mar

Entre o mar

E o dia

 

E o dia em clemência

Pedindo

Ordenando que acorde também a noite

Quando um pedaço de tudo

Se ri de mim

E rindo

Também me rio também me amar

Do mar eu

Ao teu nosso mar

 

Meu pequeno solstício do desejo

Meu poema

Minha oração cansada

Quando deitada

Nesta cama

 

Dos livros nossos livros

Das nossas flores

Flores nossas mãos entrelaçadas

Ao lençol de neblina

Que cobre a tua pele

Do linho amargo ao silêncio-pastel

Deitado na tela

Deitado no teu ventre.

 

 

27/09/2023

Sonho desejar-te no sonho

 Sonho-te em constante amar-te desejo

Sonho-te inventando noites sem dormir

Sonho-te desejando-te desejar-te

Nos meus braços

Ao lado do meu livro de poemas,

 

Sonho-te em constante amor-beijo

Que brinca nos caniçais

Que brinca na tua sombra

De sonhar-te amar e amar desejando

Que também tu me sonhes,

 

Que também tu me desejes desejando

Que me sonhas

Que me desejas nos teus secretos sonhos

Sonho-te na vergonha do poema

Quando ele acredita que te sonha,

 

Que também ele te deseja tanto ou mais do que eu…

Sonhando-te

Desejando-te

Neste sonho em papel

Deste sonho mergulhado na ausência,

 

Sonho-te enquanto te sonho

Que te beijo

E desenho na tua boca

O silêncio nocturno dos pássaros sem nome…

Que te sonho tanto… que te sonho tanto e fico com fome.

 

 

27/09/2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Cinzento silêncio

 Abraço-te com os meus braços de cinzento silêncio

Beijo-te com os meus lábios de mar encarnado

Pego na tua mão

E dançamos sobre a espuma do desejo

Abraço-te e beijo-te

Enquanto um pedaço de dia

Se perde na tua mão

Abraço-te com os meus braços de invisível paixão

Enquanto respiras ofegante

Dos cigarros que fumamos

Dos cigarros e lançamos sobre a espuma dos dias

Beijo-te e beijo o teu ombro

Onde brinca uma sanzala de prata

Com perfume de infância

Abraço-te com os meus braços de cinzento silêncio

Pássaro nocturno

Estrela Polar dos meus olhos…

E beijo-te e beijo os teus seios…

Antes que regresse o primeiro vagão da manhã

E com ele

A tristeza

 

 

 

26/09/2023

Despedida

 Despeço-me dos teus olhos

Sem saber se os voltarei a desenhar

Nos lábios da manhã,

Despeço-me dos teus lábios

Sem saber se os meus lábios,

Um dia.

Sem saber se os meus lábios um dia vão escrever nos teus lábios…

Amo-te.

 

 

26/09/2023

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Veneno

 Sobre ti

A espada lâmina

Em silêncio

Sem ti

Sobre ti

O pecado

A inocência do corpo

Quando o corpo

É apenas uma folha de papel

 

Sobre ti

Senti

O pigmentado corpo

Em desejo encarnado

De ti

Sobre ti

 

Em ti

Sobre ti

O cansaço da manhã

Quando acorda da insónia

O desejado corpo

Sobre ti

Sem ti

Sentir o veneno dos teus lábios

 

 

25/09/2023

domingo, 24 de setembro de 2023

Cansaço

 

Deus inventou o cansaço

Porque nada tinha para fazer

Deus inventou a insónia

Porque nada tinha para fazer

Deus inventou o desejo

Porque nada tinha para fazer

E como passava os dias

E como passava as noites

Sem ter nada para fazer

Deus

Inventou a paixão

Deus inventou a paixão

Porque não tinha nada para fazer

 

 

24/09/2023

Meia-noite no teu corpo

 Meia-noite

O teu corpo silencia-se nos meus lábios

Sinto medo

Tenho medo de que o teu corpo se vista de folha de papel

E voe para o mar

E fique eternamente no mar

 

Tenho medo que os meus lábios

Machuquem o teu corpo

Quando é meia-noite

E tenho nas mãos o desejo

Tenho medo

Tenho medo que seja meia-noite

 

E que o teu corpo se confunda com um beijo

Tela adormecida na parede do teu olhar

Não tem nome

Ele

Não tenho nome

Eu

 

Meia-noite no teu corpo

Meia-noite de prazer

Quando numa outra longínqua meia-noite

Te peguei devagarinho

Tão devagarinho que a Terra parou de girar…

E o teu corpo ficou eternamente meia-noite

 

 

24/09/2023

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Pedacinho de silêncio

 

Porque te escondes num pedacinho de silêncio,

E não,

No meu olhar,

Porque te escondes nos lábios da manhã

Desenhando sorrisos na lua,

Porque te escondes nas primeiras palavras da manhã…

Sem perceberes

Que as palavras que escondes…

São as palavras que te escrevo.

 

Porque te escondes num pedacinho de vidro,

Na página de um livro,

Nos olhos de um poema…

Porque te escondes, musa,

Quando o dia, quando o dia sem o teu sorriso…

É um dia perfeitamente estúpido,

Sem sentido.

 

Porque te escondes num pedacinho de silêncio

E não,

No meu olhar,

 

Porque te escondes Princesa da poesia,

Porque te escondes dos meus poemas,

Porque te escondes,

Nesse pedacinho de silêncio,

E não…

No mar do meu olhar.

 

 

21/09/2023

(desenho de fontinha)

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Feitiço

 Tens no olhar o feitiço incêndio das amendoeiras em flor

Que aprisiona

Que afugenta

As marés sem madrugada,

Feitiço

Coisas de quase nada

Tens no olhar o feitiço invisível da insónia menina

Que brinca no jardim

E saltita por entre as flores

Tens no olhar o feitiço

Primeira página de um livro

Primeira palavra de um poema…

 

Tens em ti o feitiço

De um simples olhar

Na equação complexa do desejo

Tens no olhar o feitiço beijo

Quando a manhã desenha sorrisos

Nos vidros da paixão,

 

Tens no olhar um sorriso

Um feitiço beijo no feitiço sorriso do teu olhar…

Tens no olhar a claridade do dia

Sem nuvens

Com sol

E ao longe

A lua que olha…

O feitiço do teu olhar.

 

 

20/09/2023

domingo, 20 de agosto de 2023

Musseques da minha infância

 Podia amar-te enquanto o vento

Leva o que restou da minha vida

Podia odiar-te enquanto o vento me traz novamente à vida

Podia ser eu

Podia não ser eu

Podia amar-te enquanto a Primavera se saboreia com as cerejas dos teus lábios

Podia ser

Podia ser ontem

Ontem podia ser hoje

Hoje podia ser amar-te

Enquanto as cerejas dos teus lábios

São sanzalas de prata

No olhar pincelado de encarnado

Dos musseques da minha infância

 

Podia amar-te nas fases lunares

E não lunares

Das estrelas comestíveis e não comestíveis

Podia amar-te enquanto o vento me traz o que me levou

E me leva tudo aquilo que não quis ter

Podia amar-te dentro deste livro

Neste poema

Nesta cama

Podia amar-te e odiar-te enquanto a chuva se despede de mim

E eu

Dela

Depois….

Depois posso amar-te enquanto o vento me traz aquilo que me roubou

Daquilo

Muito pouco

Que me sobejou

 

 

 

Alijó, 20/08/2023

Francisco