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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Desejo de amar

Hoje,

Vi a lágrima de alegria nos teus doces olhos de mar,

Vi o sorrir da estrela-luar

Nos teus lábios de mel,

Hoje,

Vi o beijo desenhado

No crepe papel,

Hoje,

Vi na tua mão

O silenciado

Silêncio da alvorada…

Vi a escuridão da madrugada,

Hoje,

Hoje vi a lágrima de alegria…

Nos teus doces olhos de mar,

Vi o dia…

E vi o desejo de amar.

 

 

02/11/2023

sábado, 14 de outubro de 2023

Aldeia

 Triste nasceu o dia

Na aldeia

Triste e fria

A mão que semeia

O dia

A poesia

E a fogueira que incendeia

 

Triste nasceu a aldeia

No triste dia

Da luz da candeia

À luz do dia

 

Triste

Triste nasceu o dia

Na aldeia

E a aldeia resiste

Ao triste dia

 

Triste acordou a aldeia

No triste dia

Da luz que encandeia

E desenha a ideia

No triste acordar da aldeia

Da aldeia que não sentia

A ousadia

Do dia

No dia onde nasce a ladeia.

 

 

14/10/2023

domingo, 8 de outubro de 2023

Castelo

 

Sentamo-nos.

Suicidamo-nos com o fumo deste cigarro

Quando dispara sobre a manhã

A bala de prata.

Suicidamo-nos com as lágrimas do mar

E sentamo-nos nesta pedra cinzenta,

Velha,

Ferrugenta,

Sentamo-nos e suicidamo-nos pelo entardecer,

Junto ao rio,

Quando o teu corpo não se cansa de arder

E chorar,

O veneno que nos vai matar,

 

No verbo de escrever.

Sentamo-nos no chão com o odor do teu corpo,

Suicidamo-nos com as flores da Primavera…

Voamos para o castelo do silêncio,

Quando os teus lábios se transformam em pigmentos de luz…

Em pedacinhos de amanhecer,

E suicidamo-nos quando acordar o dia,

Quando o sol nascer,

E nos oferecer,

Ao pequeno-almoço…

Poesia.

 

Sentamo-nos.

Suicidamo-nos com o fumo deste cigarro,

Nutriente do meu corpo viver,

Sentamo-nos sobre esta pedra, esta pequenina pedra de veludo…

E suicidamo-nos com as primeiras lágrimas da manhã,

Nós

Sentados…

À espera de que o mar nos leve.

 

 

08/10/2023

sábado, 30 de setembro de 2023

Alvorada em teu olhar

 Amo os teus olhos de mar

Teus lábios de mel

Amo o luar

E esta pequena folha de papel

 

Amo o silêncio do teu cabelo estrelar

E as tuas palavras que crescem a cada madrugada

Amo sonhar

Sonhar cada palavra

 

Amo o poema que se solta da poesia

Quando da chuvinha da manhã sem nome

O poeta sem dia

 

Não se cansa de correr

Do dia que não come

No dia que vai nascer

 

 

30/09/2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Cinzento silêncio

 Abraço-te com os meus braços de cinzento silêncio

Beijo-te com os meus lábios de mar encarnado

Pego na tua mão

E dançamos sobre a espuma do desejo

Abraço-te e beijo-te

Enquanto um pedaço de dia

Se perde na tua mão

Abraço-te com os meus braços de invisível paixão

Enquanto respiras ofegante

Dos cigarros que fumamos

Dos cigarros e lançamos sobre a espuma dos dias

Beijo-te e beijo o teu ombro

Onde brinca uma sanzala de prata

Com perfume de infância

Abraço-te com os meus braços de cinzento silêncio

Pássaro nocturno

Estrela Polar dos meus olhos…

E beijo-te e beijo os teus seios…

Antes que regresse o primeiro vagão da manhã

E com ele

A tristeza

 

 

 

26/09/2023

sábado, 23 de setembro de 2023

Espingarda

 Às vezes éramos apedrejados pelo silêncio

Às vezes éramos escravos

Do silêncio

Às vezes gritávamos

Às vezes chorávamos

Às vezes tínhamos em nós toda a alegria

Às vezes sentíamo-nos os filhos do poema

Da poesia

Que às vezes atrapalhava o dia

 

Às vezes marchávamos em direcção ao mar

Às vezes fazíamos de mar

Quando o mar

Às vezes

Se disfarçava de um outro mar

 

Às vezes ouvíamos o apito do comboio

Na algibeira de transeuntes aflitos

Com fome

Que às vezes sentíamos enquanto o sono não regressava

Das vezes que se despedia

E nós sem saber o significado de manhã

Quando às vezes

Se perde um sorriso no meu olhar

 

E lá se vai a manhã

De apenas algumas vezes

Às vezes fugíamos

E às vezes pegávamos nas espingardas da insónia

Disparávamos incenso contra o sol

E sal contra a lua

 

E de todas as vezes

Regressavam sempre a nós as outras vezes

Dos dias de às vezes

Meio-escondidos na rua

Meia-lua dos teus olhos

Que às vezes ofusca

Que às vezes me chama

E lamenta

Esta espingarda de corda.

 

 

23/09/2023

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Dia só

 Um dia sem ninguém

Nas palavras

Das palavras vesgas

Nas mãos de um poeta tolo

Um dia

Sem ninguém

O primeiro pingo de chuva

Que ilumina a manhã

 

Um dia de um outro dia

Ausente do dia

Sem ninguém

Estas palavras

Filhas do dia

Ontem não foi dia

E amanhã

Um dia sem ninguém

 

 

22/09/2023

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

O feliz ausentado

 Sento-me

Pego num cigarro

E penso

Penso que todos os loucos têm razão

Quando dizem

Que não estão loucos

 

Sento-me

Ausento-me

E penso

Penso que um dia

Qualquer dia

Alguém vai encontrar uma partícula

Com velocidade dez vezes superior à velocidade da luz

E a luz

Deixará de ser o limite

 

Penso

Sento-me

E fumo o que penso

Penso que um dia

Qualquer dia

O pequeno-almoço serão dois gramas de poesia

 

E uma colher de literatura

Sento-me

Ausento-me

E penso

Penso que um dia

Um qualquer dia

Não haverá noite

Não haverá dia

Haverá apenas fios de loiro Inverno nas mãos de uma criança

 

Penso

Ausento-me

E sento-me

Sento-me e fumo

Fumo do que me ausento

E bebo o que fumo quando me sento

E penso

Que um dia

Um qualquer dia

A chuva será de prata

E o Sol de oiro

E mesmo assim

Haverá gente

Gente que não sente

E infeliz

E triste como quem mente

 

Um dia

Sento-me

Ausento-me

E penso

Penso que não devia pensar

Que pensar dá trabalho

Cansa

E dá sono antes de adormecer

E mesmo assim

Penso

E fumo

E bebo o que penso

E penso o que bebo

E não bebo o que fumo.

 

 

21/09/2023

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Incenso

 Pincelo o teu olhar

De doce insónia

Pincelo o teu doce olhar

Com os primeiros pingos de chuva

Que a manhã esconde

Em sua mão

 

Pincelo o teu olhar

De puro silêncio adormecido

Da noite em despedida

Em despedia aflita

Quando a noite se perde

No teu olhar

 

E gravita

E grita

O teu olhar pincelado

Com muitas cores

Com muitos sorrisos

E flores

 

Pincelo o teu olhar

Com a luz que se ergue das profundezas da terra

Da água salgada

Na planície que apelidam de mar

 

E do mar

O teu olhar em pedacinho de doce pincelado

Com perfume de sonhar

Vezes sem conta em pequenas deambulações

Pincelo o teu doce olhar

Quando acorda o dia

E sei que o dia

É apenas uma lágrima de incenso

 

 

19/09/2023

sábado, 2 de setembro de 2023

Acordar

 Podia esconder-me de ti

Podia vestir-me de noite…

E correr

E andar…

Por aí,

 

Podia ser o vento

Podia

Podia ser a tempestade

Disfarçada de vento

Claro que podia,

 

Podia esconder-me de ti

E em ti

E esconder-me dos teus lábios

E esconder-me…

Na tua boca

Podia,

 

Podia ser aquele silêncio que poisa na tua mão

Podia ser o poema

Podia

Podia ser a alegria

E as palavras do dia

Podia

Podia esconder-me em ti…

 

 

 

Alijó, 02/09/2023

Francisco Luís Fontinha

sábado, 29 de julho de 2023

O dia do nascer em teus olhos morre

 

O dia que foi

O dia que acaba de ser

E morre nos teus olhos

É o dia de ontem

Multiplicado pelo dia de amanhã

O dia que foi

O dia que vai deixar de o ser

Que traz a noite e o saber

E morre nos teus olhos

O dia que ainda vai nascer

 

O dia que foi

Dividido pelo dia que vai nascer

Será o dia sem ninguém

No dia de alguém

Quando o dia de ontem

Morre nos teus olhos

O dia que acaba de o ser

Não o é

Sem o saber

E fé

 

O dia no teu dia

Sendo um outro dia

O dia que foi

O que talvez amanhã será

E morre nos teus olhos

O filho do dia de ontem

Sem perceber

Sem o saber

Que o dia de amanhã

Não será

O dia sem fé

No dia que acaba de ser

 

 

 

29/07/2023

Francisco

sábado, 17 de junho de 2023

Do dia nas mãos do dia

 O dia não sabe

Que dentro do dia

Existe um outro dia

Com vida

Em poesia,

 

O dia

Do outro dia

Não sabe

Nem quer saber

Que do dia

Em poesia

Há um livro para ler

Que há um livro para escrever,

 

O dia

Deste pequeno dia

Que arde

Que incendeia o outro dia

Esconde-se neste dia

Que é apenas um dia…

No dia de morrer.

 

 

(às vezes, às vezes é possível partir de (A) para (B), nunca ter estado em (A)… sabendo que um dia, que um dia chegará a (B)

 

Luís

17/06/2023

sábado, 10 de junho de 2023

Lápide de sono

 

Entre os parêntesis da manhã

Peço a Deus que me abrace

E desenhe no meu simplório olhar

Uma pequena lápide de sono

Uma lápide quase invisível

Com letras negras

Negras e muito pequeninas

Bem negras e bem pequeninas…

Nasceu a…

Faleceu a…

 

Depois

Depois peço a Deus que escreva nos meus lábios

O silêncio da noite envenenada…

Peço a Deus que não me traga a madrugada

Não

Hoje não me apetece ter a madrugada,

 

Entre os parêntesis da manhã

Peço a Deus que me abrace

Nem que seja um fictício abraço

Quase invisível

Quase… quase nada,

 

Depois de pedir a Deus tanta coisa

Das poucas coisas que tenho

E de ele saber que eu não acredito em Deus…

Ele ri-se…

Ri-se da minha ignorância

Do gajo nada

Pedir tudo

Quando o tudo não existe

E é apenas uma equação

Na espuma dos dias

Quando os dias… são o nada

E o nada…

São estes pequenos dias.

 

 

 

Francisco

10/06/2023

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Final de tarde

 Está sol,

Meu amor,

Está sol nos teus olhos,

Está um lindo final de tarde,

Meu amor…, nos teus olhos,

Está sol.

 

Está sol, meu amor,

Está sol nos teus doces lábios de mel…

Está sol neste poema,

Nestas mãos que escrevem este poema…

E diria, meu amor…

(que se fodam as vigas alveolares)

Está sol, meu amor,

Não,

Não está sol nas vigas alveolares…

Mas está sol,

Neste lindo final de tarde.

 

 

 

Luís

31/05/2023

sábado, 27 de maio de 2023

Noite de mim

 

Podia ser noite

As luzes

Todas as luzes apagadas

Podia ser noite

Antes da noite

Podia ser noite

Dentro desta noite

Podia…

 

Podia ser dia

Pois podia

Se o dia não tivesse acordado tão cedo

E a noite

Despertado

 

Pois podia

Meu amor

Podia ser dia

Dentro da noite

Que vai nascer

 

Claro que podia

Ser noite

Sem luzes

Quando da noite

Recordamos o dia

Que teve noite

E terá

Um dia

Um outro dia

 

Podia ser noite

E agora

Nem que fosse uma noite emprestada

Nem que fosse uma noite comprada

A crédito

De cinquenta e seis lindas noites de sono

E isento de insónia

 

Claro

Claro que podia

Meu amor

Ser já noite

Roubada ao dia

Quando a noite

Podia

Podia ser dia

E podia ser noite

 

Claro

Meu amor

Claro que podia

Podia ser noite

Uma noite

Noite

Podia

Podia ser noite nos teus olhos

E dia

Que podia

Ser dia

Nos teus doces lábios

 

Claro

Claro que podia

Meu amor

Ser dia

Ou ser já noite

Podia

Podia

Ser noite

Noite disfarçada de dia.

 

 

 

 

Francisco

27/05/2023