sábado, 10 de junho de 2023

Lápide de sono

 

Entre os parêntesis da manhã

Peço a Deus que me abrace

E desenhe no meu simplório olhar

Uma pequena lápide de sono

Uma lápide quase invisível

Com letras negras

Negras e muito pequeninas

Bem negras e bem pequeninas…

Nasceu a…

Faleceu a…

 

Depois

Depois peço a Deus que escreva nos meus lábios

O silêncio da noite envenenada…

Peço a Deus que não me traga a madrugada

Não

Hoje não me apetece ter a madrugada,

 

Entre os parêntesis da manhã

Peço a Deus que me abrace

Nem que seja um fictício abraço

Quase invisível

Quase… quase nada,

 

Depois de pedir a Deus tanta coisa

Das poucas coisas que tenho

E de ele saber que eu não acredito em Deus…

Ele ri-se…

Ri-se da minha ignorância

Do gajo nada

Pedir tudo

Quando o tudo não existe

E é apenas uma equação

Na espuma dos dias

Quando os dias… são o nada

E o nada…

São estes pequenos dias.

 

 

 

Francisco

10/06/2023

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