E assim foi mais um carnaval dos nossos meninos e meninas em Alijó.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
sábado, 6 de janeiro de 2024
Ideias, precisam-se
Tenho uma ideia, para
apresentar ao Município de Alijó, conversando primeiro com os meus amigos
artista cá do sítio, em criamos arte com os veículos automóveis em estado de
abandona e degradação, alguns deles, muito perto do centro, incluindo a sucata
da autarquia, sita junto ao Centro de Saúde.
Já agora, mesmo aqueles
que não são artistas poderão contribuir com ideias.
Mãos à obra.
Fica o desafio.
sábado, 4 de novembro de 2023
Partida
Podíamos partir em
direcção ao mar
E levar connosco todos
estes livros,
Todas estas memórias.
Podíamos brincar no mar
E desenhar na areia o
sorriso do silêncio,
Podíamos escrever na
espuma do mar…
O quanto mar existe nos
teus olhos,
Do mar Oceano das tuas
mãos,
Podíamos regressar a
Ítaca
E resgatar o soldado
infeliz,
Conversávamos com a
esposa de Zenão…
(o paradoxo de Zenão)
Podíamos voar sobre as
árvores,
Podíamos cantar junto ao
rio…
Podíamos aprisionar o
vento
E a chuva,
Podíamos partir em direcção
ao mar
E levar connosco todos
estes livros,
E todas estas sombras.
04/11/2023
domingo, 29 de outubro de 2023
domingo, 22 de outubro de 2023
sábado, 21 de outubro de 2023
domingo, 15 de outubro de 2023
Nuvem
O cachorro não cessa de latir
A janela do quarto
Deixou de abrir
A chuva cai
A chuva traz vinho
E pão
Também
E às vezes
A chuva vai
Depois vem
E rima
Com ninguém
Ninguém à mesa
De alguém
Que já foi tudo
E hoje
E hoje entretém-se a comer
chocolates
Coisas raras e boas
Castanhas assadas
E viagens sem fim ao fim-do-fim
Entre parêntesis
E a rima
E a rima com noite
desgovernada
Que tinha não mão uma
granada
E a rima
E pimba
A bala disparada
Contra o peito do magala
O cachorro não cessa de
latir
A janela do quarto
Deixou de abrir
A chuva cai
A chuva traz vinho
E pão
E a chuva vai
E a chuva vem
Sem saber que do tecto
cai
Que do tecto também
Uma nuvem sai…
E uma nuvem vem
Aos braços de alguém.
15/10/2023
sábado, 14 de outubro de 2023
Flor de fumo
A meio da noite, meu
amor, a meio da noite acorda a luz no teu corpo, a meio da noite, meu amor, a
meio da noite, deita-se a luz no teu corpo, abraça-se a luz às minhas mãos, que
poisam no teu corpo as primeiras sílabas da manhã,
A meio da noite, meu
amor, a meio da noite acordam os pigmentos de cor, com que pincelo o teu ombro,
a meio da noite, ele sonolento, tão sonolento como as predizes da madrugada,
A meio da noite,
Meu amor,
A meio da noite acorda a
luz no teu corpo, ergue-se o livro esquecido no chão, poesia de uma afegã, a
meio da noite, os teus olhos, meu amor, a meio da noite vestem-se de estrelas, e
passeiam-se nos meus lábios, quando o meu beijo desce suavemente sobre o teu
ventre, a meio da noite, o incêndio, a fogueira da noite, que a meio da noite
enrola no teu cabelo, e voa sobre um ninho de cucos, perdidos na noite,
Meu amor,
A meio da noite, fogem de
mim as diáfanas águas da ribeira dos sentidos, que a meio da noite, trazem as
pedrinhas com que construo a minha noite, quando a meio da noite,
Sobre ti, lábios de luz,
sobre ti, silêncios de ti,
A meio da noite,
Acorda,
Ergue-se o livro da
poetisa afegã…
Que perdeu a noite,
Que nunca teve noite,
como eu, quando procuro no teu corpo o poema mais belo do céu nocturno em “Flor
de Fumo”,
E querida Nadia Anjuman,
a meio da noite, porque te assassinaram, quando possivelmente as tuas noites
eram como são as minhas noites, sonhar com poesia, respirar poesia, snifar
poesia…
A meio da noite, uma flor
se aproxima de ti, se deita no teu colo, e recorda-me a infância com muitos
meios da noite, eu olhava as estrelas, pedia um desejo,
E voava,
Sobre ti a meio da noite,
Porque te assassinaram?
Flor de Fumo…
14/10/2023
Vida
Talvez a vida tenha
começado no espaço
Frio e escuro
Dizem eles
Os cientistas
Talvez a vida tenha vindo
do espaço…
Mas eles dizem tanta
coisa…
Que eu não sobrevivia aos
primeiros meses de vida
E cá estou eu
Sentado numa cadeira
Em frente ao mar…
À espera
À espera de que o mar me
leve
E a escrever parvoíces.
Talvez a vida seja apenas
uma imagem
Reflectida no espelho da
insónia
Talvez a vida tenha
começado fora
Fora da Terra
E eu
Aqui
A queixar-me da vida.
Talvez a vida tenha
começado na tua mão
Também ela
Reflectida no espelho da
insónia
Também ela
Perdida em frente ao mar
À espera
À espera da minha vida
Da minha mão.
Talvez a vida tenha
começado na minha rua
Em frente à minha casa
No número quinze
Terceiro esquerdo
Talvez a vida
Talvez a vida tenha
começado no teu silêncio
Quando me olhas…
E nem bom dia me dizes
Talvez a vida…
Eles dizem tanta coisa…
Talvez a vida tenha vindo
dos teus olhos
Também eles reflectidos
no espelho da insónia
Que existem para me
acordar
Que existem para eu contemplar…
Quando acorda a manhã
Quando se deita a noite
nos teus braços
E dos teus lábios
Emerge-se a vida
A vida que começou no
espaço
Frio e escuro…
14/10/2023
domingo, 8 de outubro de 2023
Castelo
Sentamo-nos.
Suicidamo-nos com o fumo
deste cigarro
Quando dispara sobre a
manhã
A bala de prata.
Suicidamo-nos com as
lágrimas do mar
E sentamo-nos nesta pedra
cinzenta,
Velha,
Ferrugenta,
Sentamo-nos e
suicidamo-nos pelo entardecer,
Junto ao rio,
Quando o teu corpo não se
cansa de arder
E chorar,
O veneno que nos vai matar,
No verbo de escrever.
Sentamo-nos no chão com o
odor do teu corpo,
Suicidamo-nos com as
flores da Primavera…
Voamos para o castelo do
silêncio,
Quando os teus lábios se
transformam em pigmentos de luz…
Em pedacinhos de
amanhecer,
E suicidamo-nos quando
acordar o dia,
Quando o sol nascer,
E nos oferecer,
Ao pequeno-almoço…
Poesia.
Sentamo-nos.
Suicidamo-nos com o fumo
deste cigarro,
Nutriente do meu corpo
viver,
Sentamo-nos sobre esta
pedra, esta pequenina pedra de veludo…
E suicidamo-nos com as
primeiras lágrimas da manhã,
Nós
Sentados…
À espera de que o mar nos
leve.
08/10/2023
sábado, 7 de outubro de 2023
Cansaço
Desenhar-te,
Cansa.
Sonhar-te,
Cansa.
Desenhar-te nos meus
braços,
Cansa.
Desejar-te,
Cansa.
Amar-te…
Cansa muito.
No entanto,
Desenho-te,
Sonho-te,
Desenho-te nos meus
braços…
Desejo-te
E amo-te muito
Tanto o quanto te odeio….
07/10/2023
domingo, 1 de outubro de 2023
O carrasco
Tragam o carrasco
Estou pronto para ser castigado
Sempre estive pronto
Tragam o carrasco
Com os seus alicates
Com as suas garras
Tragam o maldito carrasco
Do dia que nasce
Ao dia que morre
Pronto
Sempre estive pronto para
as suas garras
Tragam o carrasco
E o saco com os pecados
Tragam vinho
Tragam pão
Uísque
E charros
Tragam o carrasco e castiguem-me
Me atormentem
E me matem
Se Deus quiser
Quando cair a noite
Tragam o carrasco
E os seus métodos de
tortura
Na fome que dura
Que dura na mão do
carrasco
Tragam o carrasco
Tragam a chuva
Que eu mereço
O castigo
Do carrasco
01/10/2023