quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
domingo, 17 de março de 2024
sábado, 2 de março de 2024
Leituras
A minha próxima leitura,
depois de terminar a obra de Artur do Cruzeiro Seixas, vai ser Friedrich Nietzsche,
poemas.
(orgasmo literário)
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
Luiz Pacheco
Um dia vou apresentar-te aos meus
leitores. Dizer que és um dos melhores escritores do século XX, que a maioria
das pessoas não gosta de ti ou nem te conhece e que os teus livros precisam de
ser reeditados novamente.
Os teus livros são escassos, e os que
aparecem custam os euros da cara; eu que o diga.
Um dia vou falar do teu magala em
passeio por Braga ou da carta que escreveste para a Fátima; um dia.
Diário Selvagem
Luiz Pacheco
Língua Morta
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024
sábado, 14 de outubro de 2023
Flor de fumo
A meio da noite, meu
amor, a meio da noite acorda a luz no teu corpo, a meio da noite, meu amor, a
meio da noite, deita-se a luz no teu corpo, abraça-se a luz às minhas mãos, que
poisam no teu corpo as primeiras sílabas da manhã,
A meio da noite, meu
amor, a meio da noite acordam os pigmentos de cor, com que pincelo o teu ombro,
a meio da noite, ele sonolento, tão sonolento como as predizes da madrugada,
A meio da noite,
Meu amor,
A meio da noite acorda a
luz no teu corpo, ergue-se o livro esquecido no chão, poesia de uma afegã, a
meio da noite, os teus olhos, meu amor, a meio da noite vestem-se de estrelas, e
passeiam-se nos meus lábios, quando o meu beijo desce suavemente sobre o teu
ventre, a meio da noite, o incêndio, a fogueira da noite, que a meio da noite
enrola no teu cabelo, e voa sobre um ninho de cucos, perdidos na noite,
Meu amor,
A meio da noite, fogem de
mim as diáfanas águas da ribeira dos sentidos, que a meio da noite, trazem as
pedrinhas com que construo a minha noite, quando a meio da noite,
Sobre ti, lábios de luz,
sobre ti, silêncios de ti,
A meio da noite,
Acorda,
Ergue-se o livro da
poetisa afegã…
Que perdeu a noite,
Que nunca teve noite,
como eu, quando procuro no teu corpo o poema mais belo do céu nocturno em “Flor
de Fumo”,
E querida Nadia Anjuman,
a meio da noite, porque te assassinaram, quando possivelmente as tuas noites
eram como são as minhas noites, sonhar com poesia, respirar poesia, snifar
poesia…
A meio da noite, uma flor
se aproxima de ti, se deita no teu colo, e recorda-me a infância com muitos
meios da noite, eu olhava as estrelas, pedia um desejo,
E voava,
Sobre ti a meio da noite,
Porque te assassinaram?
Flor de Fumo…
14/10/2023
sábado, 30 de setembro de 2023
Vénus do fogo
Neste livro
Onde escrevo todos os dias
Onde escondo o dia
E as tristezas da noite
Dentro deste livro
Uma mulher em suicídio
Sucumbe à deliria loucura
Nos olhos do mar
Deste livro
Sem olhos de mar
Neste livro onde escrevo todos os dias
Onde escondo o frio
De onde liberto aquele rio
Que se perdeu no nome
Que não dorme
Que tem fome
Este livro
Que ninguém lê e que ninguém percebe
Porque da janela deste quarto
Se vê o mar
E se ouve o mar
Com barcos de papel
E de brincar
Dentro deste livro
Uma mulher
Que grita
Chora
E se revolta com a vida
Com o poema
Com a poesia
E com o cabrão do poeta
Que sou eu
Aquele que escreve este livro
Aquele que finge gostar do dia
Este livro
Este pequenino livro
(o vinil termina, levanto-me e continuo mergulhado em Mão
Morta)
Que se faz tarde
Dentro deste livro
Pequenino
Para a menina e para o menino
Neste livro
Onde escrevo
E escondo
O que escrevo
Vénus do Fogo
Livro das pérolas de ninguém
Este livro que todos o têm
Menos eu
Que sou fidalgo
Que o escrevo
E que nunca o vou ter
Neste livro
Onde habita a Vénus do Fogo
E os monstros de querer
Um dia
Talvez
Que este livro seja gente
Talvez esta cidade seja este livro
E aquela gente
Filhos deste livro
Nas mãos de Deus
Ou nas mãos de um outro qualquer impostor
Que este livro seja sempre um livro
A luz nos teus olhos
Que este livro seja a bala
Que rompe pela madrugada
E cai na cama de um coitado magala
Que este livro além de ser gente
Seja a gente
Que lê este livro
Que limpa o cu às folhas deste livro
Sem o arraial prazer do simplificado parafuso de
pressão…
Morreu enfartado com chocolates
Escreveu este livro
E escondia sarna nos tomates
E o seu pequenino testamento
Tudo o que tenho
Todos os meus livros
São para alimentar este livro
Onde se esconde a Vénus do Fogo
E todas as putas-flores que não gosto
Não gosto deste livro
Mas escrevo este livro
Detesto cebola e alho
E como arroz com letras arroz com palavras arroz com
arroz nas mentes…
Desdentadas
Escrevo este livro
Acordo
Aos poucos, este livro
Este pequenino livro
Que escrevo
Onde se esconde a Vénus do Fogo
A fogueira da minha aldeia
E uma candeia com azeite…
Liberta-se deste livro
Aquele que é feliz e escreve o outro livro
Porque este livro
Não me pertence
Não me pertence
Escrevo este pequeno livro
Sofrido
Pequenino
Com sono
Às vezes
Este pobre menino
Neste livro
Que finge orgasmos na madrugada
Que bate o pé
E abre a janela
E lança-se da janela
E voou e voa
Sobre o mar
E sobre ti
Deste livro
No livro que senti
O peso do papel
O motor a estibordo
Lançando fumo para a cabine do Comandante
Sobre a ponte
Um morto e três feridos graves
Deste neste livro
Que livro que dia em livro no desenhado livro
Foi-se
Morreu
E acordou três dias depois
Mais bêbado do que quando tinha adormecido…
Sofrido
Sorrindo a corações de areia
A janela coitada
Deixou pendurada a cabeça
E foi até à varanda fumar um pobre cigarro de sono
Sentou-se finalmente este livro
Finalmente em frente ao altar da vergonha
Onde reza este livro
Onde grita este livro
Sofre este pobre livro…
E sente ronha deste livro
Escrevo este livro
Dou vida a este livro
Papel engomado com o ferro de engomar
Vincos nas calças
Camisa do avesso
Por causa das bruxas
E lá vem este livro
Que ainda à pouco
O foi
E o será
Vadio
Sem nome
Mergulhado naquele rio
Despeça-se do menino
Se faz favor
Olhe que nunca mais vai ver o menino
Escreva que dia é hoje
Sábado
À lareira do sono
Sábado minguante enrolado numa lua luz
Abraçado a uma lua luz
Que bate à porta
Truz
Truz truz
Truz truz truz
Caiu-lhe a porta sobre o pé
Descreveu um círculo de luz com olhos verdes…
E zás
Hoje é o Comandante deste Navio apelidado de LIVRO.
30/09/2023
sexta-feira, 7 de julho de 2023
Livro
Este livro que escrevo
Na sonolência dos dias
E das noites perdidas
Este livro que escrevo…
E que brevemente será lançado
à fogueira,
Na fogueira dos dias
sofridos.
Este livro que escrevo
Na sombra do olhar
materno
Um dia deseja voar…
Ao outro dia…, deseja
morrer,
Este livro que escrevo
E rasgo
Quando acorda a manhã…
E lanço ao mar
Para que este livro,
nunca mais seja um livro de sofrer.
Bragança
07/07/2023
sexta-feira, 14 de abril de 2023
Abelha em flor
Abraço-te
Nuvem de espuma
Flor sincera das manhãs
em delírio
Abraço-te corpo pincelado
em desejo…
Quando mergulhas nos meus
olhos
E te misturas no meu
daltonismo,
Abraço-te meu poema em
construção
Palavra que lanço ao
vento
Semente de beijo
Que os teus lábios
acolhem…
Abraço-te
Na misera escuridão das
minhas mãos…
Abraço-te
E acaricio-te como se
fosses um livro
Uma página de mar
Um livro que leio
Um livro onde escrevo
Um livro em paixão,
Abraço-te
Sob todas as constelações
do Universo
Criação de Deus
Que criou a mulher
Que criou o abraço
Abraço-te meu amor com o
meu abraço…
Abraço-te
Nas primeiras páginas da
manhã
Abraço-te quando dos
lábios do pôr-do-sol…
Uma abelha em flor
Também ela
Te abraça… também ela… te
abraça e deixa um pedacinho de mel nos teus doces lábios.
Alijó, 14/04/2023
Francisco Luís Fontinha
quarta-feira, 12 de abril de 2023
O livro da maldição
Este livro
Que leio
E folheio
Que manuseio
Como se fosse mais um
livro
Este livro
Onde escrevo
Onde durmo
Onde habito
Este livro
Deste livro
Do livro do meu viver.
Deste livro onde nasci
Neste livro onde cresci
E vivi
E brinquei…
Deste livro onde amei
E chorei
E gritei.
Deste livro a que chamam
de vida
De viver
Deste livro de sofrer
Este livro
Entre muitos outros
livros
Neste livro
Onde me sento
E escrevo
E olho o rio
E do rio vejo o mar
Deste livro de viver
Neste livro de amar.
Deste livro
Nos jardins junto à Torre
Dos barcos deste livro
Neste grande livro de
partir
De correr
Deste livro de montanhas
De amores
De crianças sem asas
E de asas sem pássaros
Neste livro
Que seja deste livro
Que as minhas cinzas
Que das minhas asas
Se faça a vida
E se construa este livro.
Alijó, 12/04/2023
Francisco Luís Fontinha
quarta-feira, 29 de março de 2023
Livro
Em cada livro
Há um sorriso escondido,
Em cada livro,
Habita um beijo
prometido,
Em cada livro, que leio,
que escrevo…
Há uma manhã que não se
cansa de acordar,
Uma noite em brincadeira,
Uma noite em luar,
Em cada livro,
Um poema,
Um texto para amar…
Bragança, 29/03/2023
Francisco
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
As mãos da poesia
Este dia
Que se esconde
entre um suspiro de sono
E as palavras de
um livro
Um livro que
morre
Nos olhos do dia.
Este dia…
Este dia que
sofre
Que grita
Este dia
No dia
Que morre
Que morre nas
mãos da poesia.
Alijó,
24/11/2022
(Francisco)
quarta-feira, 23 de novembro de 2022
Pequeno livro
Este livro
Dentro de mim
Este livro que cresce
E morre
Este livro
Que grita
Sorri
Este livro em revolta
Das palavras
Porque este livro
Que habita no meu peito
Dentro de mim,
É o meu livro
É a minha noite,
Este livro
Que sorri
Para ti
Quando a manhã
Se despede das estrelas,
E quando ele morrer
O meu livro
Irei visitá-lo todas as
noites
Em todos os dias
Porque este livro
Vadio
O meu pequeno livro
Tem poesias
Tem desenhos de ti
E tem o teu sorriso
Quando os teus olhos me
olham
E a cidade dorme,
E a cidade
Habita-me
Como este livro
Dentro de mim
Numa casa desabitada
Triste
Cansada
E este livro um dia será
a tua madrugada.
Alijó, 23/11/2022
Francisco
terça-feira, 15 de novembro de 2022
O nosso livro
Este livro
O nosso livro
Nestas pequenas
folhas floreadas
Onde semeio as
nossas palavras
E desenho os
nossos olhares
Este livro
Que cresce
E é a manhã
quando acorda
Este livro
Estas palavras
Que habitam
sobre as árvores
As nossas
árvores
Das nossas
palavras
Deste pequeno
livro
Onde escrevo
todos os dias
E vai voando
como um beijo
Na boca proibida
da paixão
Este livro
O nosso livro
Que é vento que
é chuva que é amor
Que não ouve
Escuta
Mas grita
E se revolta
À nossa volta
Alijó,
15/11/2022
Francisco Luís
Fontinha