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sábado, 2 de março de 2024

Leituras

 


A minha próxima leitura, depois de terminar a obra de Artur do Cruzeiro Seixas, vai ser Friedrich Nietzsche, poemas.

 

(orgasmo literário)


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Luiz Pacheco

 


Um dia vou apresentar-te aos meus leitores. Dizer que és um dos melhores escritores do século XX, que a maioria das pessoas não gosta de ti ou nem te conhece e que os teus livros precisam de ser reeditados novamente.

Os teus livros são escassos, e os que aparecem custam os euros da cara; eu que o diga.

Um dia vou falar do teu magala em passeio por Braga ou da carta que escreveste para a Fátima; um dia.

 

Diário Selvagem

Luiz Pacheco

Língua Morta


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024


 

Tirando isto, vou andando...
saltando,
escrevendo...
vou caminhando,
sobre o mar.

tirando isto, nada.

sábado, 14 de outubro de 2023

Flor de fumo

 

A meio da noite, meu amor, a meio da noite acorda a luz no teu corpo, a meio da noite, meu amor, a meio da noite, deita-se a luz no teu corpo, abraça-se a luz às minhas mãos, que poisam no teu corpo as primeiras sílabas da manhã,

A meio da noite, meu amor, a meio da noite acordam os pigmentos de cor, com que pincelo o teu ombro, a meio da noite, ele sonolento, tão sonolento como as predizes da madrugada,

A meio da noite,

Meu amor,

A meio da noite acorda a luz no teu corpo, ergue-se o livro esquecido no chão, poesia de uma afegã, a meio da noite, os teus olhos, meu amor, a meio da noite vestem-se de estrelas, e passeiam-se nos meus lábios, quando o meu beijo desce suavemente sobre o teu ventre, a meio da noite, o incêndio, a fogueira da noite, que a meio da noite enrola no teu cabelo, e voa sobre um ninho de cucos, perdidos na noite,

Meu amor,

A meio da noite, fogem de mim as diáfanas águas da ribeira dos sentidos, que a meio da noite, trazem as pedrinhas com que construo a minha noite, quando a meio da noite,

Sobre ti, lábios de luz, sobre ti, silêncios de ti,

A meio da noite,

Acorda,

Ergue-se o livro da poetisa afegã…

Que perdeu a noite,

Que nunca teve noite, como eu, quando procuro no teu corpo o poema mais belo do céu nocturno em “Flor de Fumo”,

E querida Nadia Anjuman, a meio da noite, porque te assassinaram, quando possivelmente as tuas noites eram como são as minhas noites, sonhar com poesia, respirar poesia, snifar poesia…

A meio da noite, uma flor se aproxima de ti, se deita no teu colo, e recorda-me a infância com muitos meios da noite, eu olhava as estrelas, pedia um desejo,

E voava,

Sobre ti a meio da noite,

Porque te assassinaram?

Flor de Fumo…

 

 

14/10/2023

sábado, 30 de setembro de 2023

Vénus do fogo

 Neste livro

Onde escrevo todos os dias

Onde escondo o dia

E as tristezas da noite

Dentro deste livro

Uma mulher em suicídio

Sucumbe à deliria loucura

Nos olhos do mar

 

Deste livro

Sem olhos de mar

Neste livro onde escrevo todos os dias

Onde escondo o frio

De onde liberto aquele rio

Que se perdeu no nome

Que não dorme

Que tem fome

 

Este livro

Que ninguém lê e que ninguém percebe

Porque da janela deste quarto

Se vê o mar

E se ouve o mar

Com barcos de papel

E de brincar

 

Dentro deste livro

Uma mulher

Que grita

Chora

E se revolta com a vida

Com o poema

Com a poesia

E com o cabrão do poeta

Que sou eu

Aquele que escreve este livro

 

Aquele que finge gostar do dia

Este livro

Este pequenino livro

(o vinil termina, levanto-me e continuo mergulhado em Mão Morta)

Que se faz tarde

Dentro deste livro

Pequenino

Para a menina e para o menino

Neste livro

Onde escrevo

E escondo

O que escrevo

 

Vénus do Fogo

Livro das pérolas de ninguém

Este livro que todos o têm

Menos eu

Que sou fidalgo

Que o escrevo

E que nunca o vou ter

Neste livro

Onde habita a Vénus do Fogo

E os monstros de querer

Um dia

Talvez

Que este livro seja gente

Talvez esta cidade seja este livro

E aquela gente

Filhos deste livro

Nas mãos de Deus

Ou nas mãos de um outro qualquer impostor

 

Que este livro seja sempre um livro

A luz nos teus olhos

Que este livro seja a bala

Que rompe pela madrugada

E cai na cama de um coitado magala

 

Que este livro além de ser gente

Seja a gente

Que lê este livro

Que limpa o cu às folhas deste livro

Sem o arraial prazer do simplificado parafuso de pressão…

Morreu enfartado com chocolates

Escreveu este livro

E escondia sarna nos tomates

 

E o seu pequenino testamento

Tudo o que tenho

Todos os meus livros

São para alimentar este livro

Onde se esconde a Vénus do Fogo

E todas as putas-flores que não gosto

 

Não gosto deste livro

Mas escrevo este livro

Detesto cebola e alho

E como arroz com letras arroz com palavras arroz com arroz nas mentes…

Desdentadas

Escrevo este livro

Acordo

Aos poucos, este livro

Este pequenino livro

Que escrevo

Onde se esconde a Vénus do Fogo

A fogueira da minha aldeia

E uma candeia com azeite…

 

Liberta-se deste livro

Aquele que é feliz e escreve o outro livro

Porque este livro

Não me pertence

Não me pertence

Escrevo este pequeno livro

Sofrido

Pequenino

Com sono

Às vezes

Este pobre menino

 

Neste livro

Que finge orgasmos na madrugada

Que bate o pé

E abre a janela

E lança-se da janela

E voou e voa

Sobre o mar

E sobre ti

Deste livro

No livro que senti

O peso do papel

O motor a estibordo

Lançando fumo para a cabine do Comandante

Sobre a ponte

Um morto e três feridos graves

 

Deste neste livro

Que livro que dia em livro no desenhado livro

Foi-se

Morreu

E acordou três dias depois

Mais bêbado do que quando tinha adormecido…

Sofrido

Sorrindo a corações de areia

A janela coitada

Deixou pendurada a cabeça

E foi até à varanda fumar um pobre cigarro de sono

Sentou-se finalmente este livro

Finalmente em frente ao altar da vergonha

Onde reza este livro

Onde grita este livro

Sofre este pobre livro…

 

E sente ronha deste livro

Escrevo este livro

Dou vida a este livro

Papel engomado com o ferro de engomar

Vincos nas calças

Camisa do avesso

Por causa das bruxas

E lá vem este livro

Que ainda à pouco

O foi

E o será

Vadio

Sem nome

Mergulhado naquele rio

 

Despeça-se do menino

Se faz favor

Olhe que nunca mais vai ver o menino

Escreva que dia é hoje

Sábado

À lareira do sono

Sábado minguante enrolado numa lua luz

Abraçado a uma lua luz

Que bate à porta

Truz

Truz truz

Truz truz truz

Caiu-lhe a porta sobre o pé

Descreveu um círculo de luz com olhos verdes…

E zás

Hoje é o Comandante deste Navio apelidado de LIVRO.

 

 

30/09/2023

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Livro

 Este livro que escrevo

Na sonolência dos dias

E das noites perdidas

Este livro que escrevo…

E que brevemente será lançado à fogueira,

 

Na fogueira dos dias sofridos.

Este livro que escrevo

Na sombra do olhar materno

Um dia deseja voar…

Ao outro dia…, deseja morrer,

 

Este livro que escrevo

E rasgo

Quando acorda a manhã…

E lanço ao mar

Para que este livro, nunca mais seja um livro de sofrer.

 

 

Bragança

07/07/2023

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Abelha em flor

 Abraço-te

Nuvem de espuma

Flor sincera das manhãs em delírio

Abraço-te corpo pincelado em desejo…

Quando mergulhas nos meus olhos

E te misturas no meu daltonismo,

 

Abraço-te meu poema em construção

Palavra que lanço ao vento

Semente de beijo

Que os teus lábios acolhem…

Abraço-te

Na misera escuridão das minhas mãos…

 

Abraço-te

E acaricio-te como se fosses um livro

Uma página de mar

Um livro que leio

Um livro onde escrevo

Um livro em paixão,

 

Abraço-te

Sob todas as constelações do Universo

Criação de Deus

Que criou a mulher

Que criou o abraço

Abraço-te meu amor com o meu abraço…

 

Abraço-te

Nas primeiras páginas da manhã

Abraço-te quando dos lábios do pôr-do-sol…

Uma abelha em flor

Também ela

Te abraça… também ela… te abraça e deixa um pedacinho de mel nos teus doces lábios.

 

 

 

Alijó, 14/04/2023

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 12 de abril de 2023

O livro da maldição

 Este livro

Que leio

E folheio

Que manuseio

Como se fosse mais um livro

Este livro

Onde escrevo

Onde durmo

Onde habito

Este livro

Deste livro

Do livro do meu viver.

 

Deste livro onde nasci

Neste livro onde cresci

E vivi

E brinquei…

Deste livro onde amei

E chorei

E gritei.

 

Deste livro a que chamam de vida

De viver

Deste livro de sofrer

Este livro

Entre muitos outros livros

Neste livro

Onde me sento

E escrevo

E olho o rio

E do rio vejo o mar

Deste livro de viver

Neste livro de amar.

 

Deste livro

Nos jardins junto à Torre

Dos barcos deste livro

Neste grande livro de partir

De correr

Deste livro de montanhas

De amores

De crianças sem asas

E de asas sem pássaros

Neste livro

Que seja deste livro

Que as minhas cinzas

Que das minhas asas

Se faça a vida

E se construa este livro.

 

 

 

Alijó, 12/04/2023

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 29 de março de 2023

Livro

 Em cada livro

Há um sorriso escondido,

Em cada livro,

Habita um beijo prometido,

Em cada livro, que leio, que escrevo…

Há uma manhã que não se cansa de acordar,

Uma noite em brincadeira,

Uma noite em luar,

Em cada livro,

Um poema,

Um texto para amar…

 

 

 

Bragança, 29/03/2023

Francisco

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

As mãos da poesia

 

Este dia

Que se esconde entre um suspiro de sono

E as palavras de um livro

Um livro que morre

Nos olhos do dia.

Este dia…

Este dia que sofre

Que grita

Este dia

No dia

Que morre

Que morre nas mãos da poesia.

 

 

Alijó, 24/11/2022

(Francisco)

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Pequeno livro

 Este livro

Dentro de mim

Este livro que cresce

E morre

Este livro

Que grita

Sorri

Este livro em revolta

Das palavras

Porque este livro

Que habita no meu peito

Dentro de mim,

 

É o meu livro

É a minha noite,

 

Este livro

Que sorri

Para ti

Quando a manhã

Se despede das estrelas,

 

E quando ele morrer

O meu livro

Irei visitá-lo todas as noites

Em todos os dias

Porque este livro

Vadio

O meu pequeno livro

Tem poesias

Tem desenhos de ti

E tem o teu sorriso

Quando os teus olhos me olham

E a cidade dorme,

 

E a cidade

Habita-me

Como este livro

Dentro de mim

Numa casa desabitada

Triste

Cansada

E este livro um dia será a tua madrugada.

 

 

 

 

Alijó, 23/11/2022

Francisco

terça-feira, 15 de novembro de 2022

O nosso livro

 

Este livro

O nosso livro

Nestas pequenas folhas floreadas

Onde semeio as nossas palavras

E desenho os nossos olhares

 

Este livro

Que cresce

E é a manhã quando acorda

Este livro

Estas palavras

 

Que habitam sobre as árvores

As nossas árvores

Das nossas palavras

Deste pequeno livro

Onde escrevo todos os dias

 

E vai voando como um beijo

Na boca proibida da paixão

Este livro

O nosso livro

Que é vento que é chuva que é amor

 

Que não ouve

Escuta

Mas grita

E se revolta

À nossa volta

 

 

Alijó, 15/11/2022

Francisco Luís Fontinha