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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Flor do meu jardim

 Pareces um anjo do meu sonhar,

Flor do meu jardim,

Poesia

Do meu dia,

Pareces uma estrela-do-mar

Quando dormes assim,

Embrulhada no perfume da insónia,

Pareces um anjo do meu sonhar,

Pintura da madrugada,

Pareces uma flor,

Uma flor do meu jardim…

Que nunca se cansa de te olhar.

 

 

27/10/2023

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Insónia

 Em cada pedacinho de noite

Há um segundo de sono

Em cada silêncio de noite

Há um minuto de tristeza

E um indeterminado tempo infinito de insónia…

 

Em cada pedacinho de noite

Há uma lápide de Inferno

Com o meu nome

Com a minha morada

A cada silêncio de sono

Acorda um triste olhar de insónia

Em cada pedacinho de noite

 

Um segundo de noite

Em cada noite

Um segundo de Inverno

Enquanto o meu corpo se transforma em noite

Da noite em pedacinhos

Quando se despede a madrugada.

 

 

18/10/2023

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Veneno

 Sobre ti

A espada lâmina

Em silêncio

Sem ti

Sobre ti

O pecado

A inocência do corpo

Quando o corpo

É apenas uma folha de papel

 

Sobre ti

Senti

O pigmentado corpo

Em desejo encarnado

De ti

Sobre ti

 

Em ti

Sobre ti

O cansaço da manhã

Quando acorda da insónia

O desejado corpo

Sobre ti

Sem ti

Sentir o veneno dos teus lábios

 

 

25/09/2023

domingo, 24 de setembro de 2023

Cansaço

 

Deus inventou o cansaço

Porque nada tinha para fazer

Deus inventou a insónia

Porque nada tinha para fazer

Deus inventou o desejo

Porque nada tinha para fazer

E como passava os dias

E como passava as noites

Sem ter nada para fazer

Deus

Inventou a paixão

Deus inventou a paixão

Porque não tinha nada para fazer

 

 

24/09/2023

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Olhar

 

Se você quiser

Posso ser o luar do seu olhar,

O silêncio dos seus lábios de mel,

Se você quiser

Posso ser a luz das suas noites de insónia,

Se você quiser

Posso ser o seu poema…

Se você quiser…

Posso ser tudo…

O que você não quer.

 

06/07/2023

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Pôr-do-sol

 Se tu quiseres,

Serei a chuva miudinha que abraçará o teu cabelo,

O mar que brincará nos teus lábios,

Se tu quiseres,

Serei o luar do teu olhar…

Ou o teu poema em cada dia,

Se tu quiseres,

Serei a voz do teu silêncio,

A luz das tuas noites de insónia…

Se tu quiseres,

Serei o pôr-do-sol…

Se tu quiseres,

Se tu deixares…

Pegarei na tua mão e guiar-te-ei até ao cimo desta montanha

Tão difícil e injusta…

Que apelidam de vida.

 

 

05/07/2023

Bragança

domingo, 28 de maio de 2023

Palavras

 

Abraça-te aos meus braços de insónia

Quando o poema cresce nos meus lábios

Das palavras

As flores perfumadas

Dos teus olhos de amanhecer

Abraça-te ao silêncio da minha boca

Desta palavra envenenada

Cinzenta nuvem que poisas em mim

E não se cansa de crescer

 

Abraça-te às minhas tristes madrugadas

Dos poemas escritos

Dos poemas não lidos

Abraça-te aos meus braços de insónia

Abraça-te às tardes masturbadas

Do beijo que voa sobre o mar

 

Abraça-te às estrelas que habitam nos meus olhos

Rio curvilíneo

Da paixão entre parêntesis

Ao quadrado do cubo

A mão que afaga o meu rosto

Do Inverno escondido

Abraça-te à sombra de luz que me abraça

Quando a noite em gemidos

Dos abraços

O poema pertence aos meus lábios

 

Abraça-te pedacinho de mar

Fotão das noites em delírio

Abraça-te a este poema

Com fome

Com frio…

 

Abraça-te às minhas lágrimas de sono

Quando a noite pertence ao infinito

Abraça-te aos meus braços de insónia

Das palavras que morrem

Nas palavras que crescem

E brincam

Nos teus lábios de mel

 

Abraça-te aos meus braços de insónia

Quando o poema cresce nos meus lábios

Das palavras

As flores perfumadas

Dos teus olhos de amanhecer

Nos teus olhos as minhas palavras.

 

 

 

 

Francisco

28/05/2023

domingo, 21 de maio de 2023

Insónia

 Neste pedacinho de papel

Escondo a primeira lágrima da manhã,

Desenho neste pedacinho de papel

O primeiro sorriso da primeira lágrima da manhã,

Neste pedacinho de papel

Escrevo o olhar da primeira lágrima da manhã.

 

Neste pedacinho de papel

Beijo a primeira lágrima da manhã,

E ainda tenho tempo,

Antes me de ausentar,

De abraçar a primeira lágrima da manhã.

 

Neste pedacinho de papel

Construo a primeira Caravela da manhã

E o último Galeão da noite…

Neste pedacinho de papel

Guardo as algemas do teu sono…

E poisa neste pedacinho de papel

A insónia…

 

 

 

 

Alijó, 21/05/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 5 de maio de 2023

A tua mão, meu amor

 Levo as minhas palavras

Em rebanho,

Subo a montanha, subo-a até ao cume,

Abro os meus braços de invisível silêncio…

E voo-o até longe,

Pego naquele livro que não se cansa de me olhar,

Aquele mesmo livro,

Olha… aquele…

O das palavras de dormir,

E lá dentro brincam as mãos com que acaricio o teu rosto de mar,

 

Sou filho do silêncio,

Meu amor,

Preciso tanto do silêncio,

Como preciso dos teus lábios…

Como preciso da tua boca,

E se não estivéssemos em Maio,

Sim, meu amor, Maio…

Mês de Maria, Maio de mulher, Maio de mãe…

 

Se não estivéssemos em Maio,

Eu estava louco,

Louco por ti,

Louco por todas as flores…

Louco dentro destas palavras em loucura,

E, no entanto,

Meu amor,

Não estou louco…

 

Nunca estive louco.

Abraço-te enquanto a noite se despede de mim…

E uma lágrima de sono

Anda de cama em cama,

E beijo-te calorosamente na ausência da tua mão,

Sofri tanto, meu amor,

Sofri tanto com as ruas de Setembro,

Quando ainda acreditava nas acácias do meu pai…

As acácias do meu pai morreram,

Mais tarde, morreu o meu pai,

E eu, continuei a acreditar nas acácias do meu pai,

Mas depois, ficou tudo tão triste…

 

Procuro a tua mão perdida no lençol da paixão,

Ó madrugada de sonhar…

Procuro-a, e não me canso de a procurar,

Quando sei que a noite começa a embriagar-se nos teus lábios,

(tenho medo de que a noite roube os teus lábios, meu amor!)

Tenho tanto medo.

Todos os dias, escrevo-te,

Escrevo-te dentro desta ausência que o meu corpo sente…

Escrevo-te enquanto percebo que há uma lágrima de mar

Na tua mão que procuro;

E mesmo assim…

Tenho medo de que me roubem os teus lábios meu amor!

 

Tenho tanto medo…

E não me canso de a procurar.

Procuro-a entre os destroços das minhas palavras,

E sobre esta secretária, a minha ausência travestida de insónia…

(Levo as minhas palavras

Em rebanho,

Subo a montanha, subo-a até ao cume,

Abro os meus braços de invisível silêncio…

E voo-o até longe)

E quando chegar ao longe…

A tua mão procurada poisará no meu peito.

 

 

 

Alijó, 05/05/2023

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 18 de abril de 2023

O menino do poeta

 Dilacerado corpo

Que dormes no Oceano de espuma

Corpo enforcado pelo luar da madrugada

Sentado nesta pedra fria e escura

E que no tempo se afunda.

 

Corpo coitado

Coitado dele…

Coitado do silêncio

E das tristes tardes junto ao rio

Coitado

Coitado do poeta

E do menino do poeta…

Coitado do menino em fastio

Perdido nas esplanadas da insónia.

 

Corpo cansado

Às voltas

Que não voltam

Das voltas que nascem no horizonte

Coitado do menino

Do menino do poeta

Coitada da montanha triste e só…

Coitada… coitada da avó e da neta.

 

Corpo dilacerado

Quando se esconde nas catacumbas de um falso sorriso

Corpo meu

Corpo sem juízo…

Poeira do meu corpo

Corpo teu…

Do teu que não tenho

O meu próprio corpo.

 

Duzentos e seis ossos

Alguns gramas de carne putrefacta

Carne do meu corpo

Do meu corpo

Que corpo?

Que raio de corpo

Precisa desta carne

Poeirenta

Bolorenta

Em decomposição lenta…

 

Sentado aqui

Descalço ali

Olhando o mar em declínio

Sem barcos

Nem marés

Nem bonés…

Cabeças ao vento

Cabelo prisioneiro das nuvens encarnadas

Ai que silêncio me escuta

Em pedaços de areia

Em pedaços de cicuta.

 

Dilacerado corpo

Sem corpo para venda

Palavras

Palavras

De que o meu corpo se alimenta

E bebe a cicuta

E não se lamenta…

Da tristeza das flores

Do sorriso dos pássaros…

E das abelhas

Que nem são flores

Nem são pássaros

Mas são abelhas em flor.

 

E chove dentro do meu corpo

E as janelas do meu corpo

Estão encerradas

São lâminas de saudade…

São lágrimas.

 

E chove nas tuas mãos

Menina do mar

Menina dos lábios de mel…

E das abelhas

Que nem são flores

Nem são pássaros

Nem papagaios de papel

Coloridos

Que uma mãe construía para o menino

O menino do poeta

Do poeta menino

Em calções…

Puxando um triciclo com assento em madeira

E volante de sonhos.

 

Dilacerado corpo

Este corpo que invento todas as manhãs

Deste corpo que cuido quando me deito

Neste corpo onde habitam tantos outros corpos

E não me queixo das estrelas

Nem dos barcos de esferovite…

Corpo em poema

Da cama em poesia

Ao corpo sem corpo

Ao corpo de cada dia.

 

Depois tenho os gonzos das portas do meu olhar…

Todas…

Todas dilaceradas

Dilacerado corpo

Dos volantes e das vielas

Porcas e parafusos

Fusos

Sei-te lá que mais exista dentro deste meu pobre corpo

Depois oiço um pequeno gemido

Um enorme grito de revolta

A Terra não se cansa de girar

O cão do vizinho não pára de ladrar…

E tudo é pó

E tudo se transformará em poeira

E o ontem não volta.

 

 

 

Alijó, 18/04/2023

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 28 de março de 2023

O fogo

 Ardem nesta fogueira sem nome,

Os sonhos,

Ardem nesta fogueira imunda,

Todas as palavras

E todos os luares,

 

Ardem nesta fogueira que transporto no peito

Todos os silêncios

E todas as madrugadas,

 

Ardem,

Dentro de mim,

Todos os rios

E todos os mares…

E todos os barcos,

 

Ardem

Todas as flores da Primavera,

Todos os horários desmedidos…

Ardem as canções

E os poemas…

E ardem as manhãs ensonadas…

E os poemas sofridos.

 

 

 

Alijó, 28/03/2023

Francisco

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Sombra do mar

 

Enquanto a noite dorme

(porque a noite também dorme)

Oiço o silêncio das lágrimas que se desprendem do teu rosto

Que se transformam em lâminas afiadas

E cortam em pedacinhos

A sombra do mar,

 

E se a noite dorme

E demora a acordar

Quando desespera nos braços do mar

Os teus olhos de estrela Polar,

Também elas, a sombra do mar.

 

 

 

Alijó, 12/01/2023

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Muros de insónia

 Converso com as palavras deste pobre rio

Onde se afunda o barco da minha vida,

E todas as noites

Uma nuvem de sono foge de mim pela janela,

Aquele barco sem braços

Sem mãos para acariciar o meu rosto desassossegado,

Uma vida entre muros de insónia

E inocentes sorrisos de amanhecer,

 

Quando acordo,

Trago comigo a noite

Onde me visitas

E me repreendes,

 

Depois vêm a mim as roupas negras

Que transportas sobre os ombros

Mas sei que és apenas poeira

E pequenas sombras de embriaguez,

 

Como eu queria estar nos teus braços

Como quando em menino

Me levavas a ver as estrelas…

 

E se estou vivo…

Se estou vivo

Devo-o a ti,

E junto às palavras deste pobre rio com quem converso

Troco a noite por pequenas bugigangas

Coisas poucas

Coisas de quase nada,

Enquanto viajas pelo Universo.

 

 

 

 

Alijó, 11/01/2023

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

As estrelas do teu olhar

 Encosto a cabeça

À sombra do teu corpo.

 

Faço um cigarro com as estrelas do teu olhar,

Enquanto abraço a nudez do teu corpo

Que cresce no espelho da noite,

Escrevo nos teus doces lábios de mel,

 

Tanta coisa que poderia escrever,

Tanta coisa, minha querida…

Que nada escrevo.

 

Pego num pequeno cordel do sono,

E com ele,

Trago o silêncio

E o mar que habita no teu peito,

Depois,

Pego na insónia,

E da insónia faço uma flor

Que poiso na tua boca; uma flor colorida de beijos.

 

Encosto a cabeça

À sombra do teu corpo,

E espero que o nosso mar…

Que todo o nosso mar…

Entre pela janela,

Como entram as estrelas do teu olhar,

Quando abro a janela da manhã.

 

 

 

 

 

Alijó, 08/12/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Nuvens poéticas em pérfidos luares

 Trazes nos olhos

O doce mel do mar

Que em teus lábios de fina madrugada

Dançam as andorinhas da adornada Primavera

Que na tua boca inventam o beijo,

 

Que no teu corpo

Menina em marítima lágrima de sono

As minhas mãos escrevem

O poema em construção

Do desejado Deus em oração,

 

As flores que transportas nas mãos

Do silenciado sorriso do centeio

Às pobres pedras da calçada

Onde danças

E brincas menina cansada,

 

E sorris à alegria janela

Que a manhã semeia e levita

Nas árvores envenenadas da paixão

E as nuvens poéticas em pérfidos luares

Poisam nas tuas coxas de ribeira acoitada,

 

É a tua voz que se liberta desta lareira

E em cada pedacinho de insónia

Diz-me ao ouvido

Que o doce mel que trazes do mar

São os sonhos que escreves no meu peito.

 

 

 

 

Alijó, 22/11/2022

Francisco