Converso com as palavras deste pobre rio
Onde se afunda o barco da
minha vida,
E todas as noites
Uma nuvem de sono foge de
mim pela janela,
Aquele barco sem braços
Sem mãos para acariciar o
meu rosto desassossegado,
Uma vida entre muros de insónia
E inocentes sorrisos de
amanhecer,
Quando acordo,
Trago comigo a noite
Onde me visitas
E me repreendes,
Depois vêm a mim as
roupas negras
Que transportas sobre os
ombros
Mas sei que és apenas
poeira
E pequenas sombras de
embriaguez,
Como eu queria estar nos
teus braços
Como quando em menino
Me levavas a ver as
estrelas…
E se estou vivo…
Se estou vivo
Devo-o a ti,
E junto às palavras deste
pobre rio com quem converso
Troco a noite por
pequenas bugigangas
Coisas poucas
Coisas de quase nada,
Enquanto viajas pelo
Universo.
Alijó, 11/01/2023
Francisco Luís Fontinha