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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Muros de insónia

 Converso com as palavras deste pobre rio

Onde se afunda o barco da minha vida,

E todas as noites

Uma nuvem de sono foge de mim pela janela,

Aquele barco sem braços

Sem mãos para acariciar o meu rosto desassossegado,

Uma vida entre muros de insónia

E inocentes sorrisos de amanhecer,

 

Quando acordo,

Trago comigo a noite

Onde me visitas

E me repreendes,

 

Depois vêm a mim as roupas negras

Que transportas sobre os ombros

Mas sei que és apenas poeira

E pequenas sombras de embriaguez,

 

Como eu queria estar nos teus braços

Como quando em menino

Me levavas a ver as estrelas…

 

E se estou vivo…

Se estou vivo

Devo-o a ti,

E junto às palavras deste pobre rio com quem converso

Troco a noite por pequenas bugigangas

Coisas poucas

Coisas de quase nada,

Enquanto viajas pelo Universo.

 

 

 

 

Alijó, 11/01/2023

Francisco Luís Fontinha