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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Mussulo

 Ofereço-te esta flor

Que aos poucos acorda neste poema

Ofereço-te esta flor

Sabendo que na planície acorda o cacimbo

E o cheiro do capim

Poisa na minha mão.

 

Brinco contigo

Pequenino charco de lama e saudade…

Que às vezes salta para cima do zincado telhado do musseque…

Aos poucos me afasto

Aos poucos escondo esta flor

Para te a oferecer,

Quando acordar a manhã,

E depois de um beijo no teu ombro,

Poiso-a docemente nos teus lábios.

 

Oferece-to esta flor

Logo que termine o poema

Como se os meus poemas tenham um fim,

Começo, e morte.

Como se os meus poemas

Fossem um pedacinho de terra fértil

Em pequenos sorrisos depois das chuvas.

Ofereço-te esta flor

Que aos poucos acorda neste poema

Ofereço-te esta flor

Sabendo que na planície acorda o cacimbo

E o cheiro do capim

Poisa na minha mão…

E ao longe, aceno ao Mussulo.

 

 

30/10/2023

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Flor do meu jardim

 Pareces um anjo do meu sonhar,

Flor do meu jardim,

Poesia

Do meu dia,

Pareces uma estrela-do-mar

Quando dormes assim,

Embrulhada no perfume da insónia,

Pareces um anjo do meu sonhar,

Pintura da madrugada,

Pareces uma flor,

Uma flor do meu jardim…

Que nunca se cansa de te olhar.

 

 

27/10/2023

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Estrelas-do-mar

 (para ti, menina com lábios de mel)

 

Os teus olhos,

Meu amor,

São estrelas-do-mar,

São pétalas em flor,

Os teus olhos,

Meu amor,

São o sorriso do luar,

São madrugadas em dor.

 

Os teus olhos,

Meu amor,

São olhos de mar,

São palavras de escrever,

Os teus olhos,

Meu amor…

São manhãs de sofrer.

 

 

11/10/2023

sábado, 30 de setembro de 2023

Jardim sem nome

 Meu pedacinho de silêncio envenenado

Flor deste jardim sem nome

Minha insónia que não dorme

Neste meu corpo cansado,

Minha lua florescida

Ténue clandestina solidão

Que sofre em vão

Com cada noite perdida,

Meu pedacinho de tudo, flor deste jardim sem nome

Quando a manhã se levanta da tua mão

E poisa no meu coração

Este poema com fome.

 

 

30/09/2023

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Mão do sono

 Às vezes, são as palavras que não acordam,

Dormem profundamente no silêncio de uma flor,

Outras vezes, são as manhãs dos alegres sorrisos

Que descem do céu e poisam junto ao rio,

Às vezes, olho os pássaros que habitam no teu cabelo,

Árvore sofrida do Inverno…

 

E nas outras vezes,

Aquelas vezes em que esqueço, das vezes que recordo…

A mão do sono,

E percebo que de todas as vezes, tantas vezes,

O meu corpo balança nos teus lábios,

 

Dos teus lábios,

Que às vezes, de quase todas as vezes,

Roubo os beijos,

Todos os beijos que de tantas vezes…

Em todas as vezes,

Desenham em mim…

Escrevem em mim…

O pôr-do-sol,

 

Nas vezes que me sentei,

Nesta pedra de silêncio…

Desta pedra onde chorei;

Às vezes, são as palavras que não acordam,

Dormem profundamente no silêncio de uma flor,

Quando das tuas mãos, meu amor,

Das tuas mãos em delírio…

Regressam a mim as estrelas.

 

 

 

 

Alijó, 03/02/2023

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Lareira da paixão

 

Poiso nos teus lábios a lareira da paixão,

 

Pequena flor

Em meu triste olhar,

 

E este barco cansado

Perdido neste grandioso mar,

Este barco apaixonado

No silenciado luar,

 

Este barco ancorado

Aos teus seios de amanhecer,

Sou este barco fundeado

Nos versos de escrever,

 

Pequena flor

Em meu triste olhar,

 

Que o vento lança ao meu coração,

 

Este barco que não se cansa de navegar,

Enquanto invento no teu cabelo estrelas de muitas cores,

Este barco de amar,

Amar todas as flores,

 

Pequena flor

Em meu triste olhar,

 

Do meu olhar

Tua dor,

 

Nos teus lábios a lareira da paixão.

 

 

 

Alijó, 28/11/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Em flor esta flor

 Uma flor

Uma pequena flor

Tem braços

Tem mãos

Tem olhos

Lábios

Uma flor

Uma pequena flor,

 

Uma flor

Uma pequena flor

Uma flor que me olha

Escuta

E deseja,

 

Uma flor

A flor da insónia

Uma flor

Uma pequena flor que me escreve

E desenha sobre o mar,

 

Uma flor

A flor que poisa na tua janela

Em flor

A flor mais bela,

 

E da boca

Uma flor

Em flor,

 

Esta pobre flor

Uma flor

Cansada

Uma flor apaixonada

Em flor

Da flor

E de nada

Esta flor,

 

Uma flor

A flor do beijo

Em flor

Uma flor

Uma pobre flor,

 

E esta flor

Que dorme

Sente

Ama

A flor,

 

A flor das manhãs ensonadas

Em flor

Esta pobre flor

Flor

Do mar em flor,

 

Da flor em mar,

 

Esta flor de amar,

 

A flor.

 

 

 

 

 

Alijó, 24/11/2022

(Francisco)

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Flor deste Doiro rio

 

Há uma flor aprisionada

Dentro do castelo luar

Há uma flor que dança

E não se cansa

Dos lábios do mar

 

Há uma flor amada

Junto ao Doiro rio de encanto

Uma flor em papel colorido

Que dizem ter vencido

A força do vento

 

 

Alijó, 07/11/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 1 de outubro de 2022

Palavras em flor

 Trazes a mim

Os ruídos silenciados das palavras em flor,

Como um triste jardim

Que se esconde na dor,

 

Como um triste luar

Quando dança sob as nuvens da madrugada.

Trazes a mim o triste mar

E todas as tristes palavras da alvorada,

 

E todos os tristes rostos das tardes em delírio…

Porque somos apenas pequenos instantes em construção,

Porque somos apenas um pequeno rio

 

Na mão dos aciprestes enforcados;

Trazes a mim esta canção

Onde poiso os meus olhos amarrotados.

 

 

 

 

Alijó, 1/10/2022

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Lágrimas em flor

 

As palavras que te escrevo,

Nas páginas da tua mão,

São rosas, são flores,

São grito de canção.

As palavras que te escrevo,

Nos lábios da madrugada,

São incenso,

São silêncios de nada.

As palavras que te escrevo,

Na alegre manhã de liberdade,

São alegria,

São voos de saudade.

As palavras que te escrevo,

Em ti, meu amor,

São a chuva miudinha,

São as lágrimas em flor.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 25/04/2022

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Um grama de sono

 

Guardo o teu nome

No granito sonolento da noite,

E, sabes? Oiço os pássaros

Que brincam nos teus lábios.

Caminho velozmente na solidão do entardecer

Como se fosse uma flecha

Ou uma espingarda preguiçosa.

As palavras que a espingarda preguiçosa

Dispara, são murmúrios,

Vozes em papel

Que descansam nas planícies do poema.

Apetecia-me suicidar o poema.

Matar todas as palavras escritas no poema,

Como fazem os ditadores aos seus opositores.

Guardo o teu nome

Na algibeira da insónia,

Lugar onde habitam as minhas memórias

E todas as minhas fotografias;

Tal como o cansaço, a solidão

É o alimento das flores sem nome.

A paixão,

O amor que dorme nas janelas transparente e,

Onde vivem os cérebros inadaptados do meu jardim.

Um pequeno passeio,

Uma lâmpada dispersa,

Na sepultura do adeus.

Tal como ontem,

Sessenta anos passara sobre a revolta,

O cansaço das armas

Nas palavras dos homens.

A covardia de não acordar,

Deitar-me sem sono,

Fingir que durmo numa sombra imaginária,

Onde brincou o meu pai.

E, uma cabana de sono

Sabe que nas minhas palavras,

Há um livro que se revolta

E pergunta; para quê?

O telegrama regressou,

Trazia na mão uma côdea de sangue,

Alguns pertences e,

Uma malga de nada; ninguém come nesta casa

Até a aldeia se libertar do cansaço dos pobres.

Oiço tiros de canhão,

Granadas importadas,

Lança-chamas improvisados e,

Esta maldita guerra não termina nunca.

A refeição chegou na marmita,

Um pedaço de pão é lançado aos crocodilos

Como se de pedras se tratasse.

O Rossio é lindo, mãe!

Cai a neblina sobre a cidade,

Das palmeiras veem-se as gaivotas em cio

Que disputam o campeonato nos musseques perdidos,

As pedras, achados de cerâmica,

Pássaros e abelhas,

Almotolias que transportam o salgado azeite da escuridão diurna,

Que apenas o soba sabia para que servia.

Hoje, depois de acordar,

Todos os sonhos são tristes palavras

Nos braços do mar.

Sabeis vós quanto custa um grama de sono?

- Meu rapaz; aqui é proibido ter sono.

E, adormeceu eternamente até se cansar de gritar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha, 04/02/2021

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

As palavras

 

Oiço destas pedras frias e sonolentas

Todas as palavras de amor.

Escrevo todas as palavras cinzentas

Que habitam no jardim verso flor.

 

Pincelo os teus lábios de amêndoa adormecida

Quando acorda o amanhecer,

- Eis o perfume de mim, poesia perdida

Na esplanada do adormecer.

 

Os versos que dormem na tua mão,

Corpo cansado das palavras envenenadas,

Quando acordam, os livros e, sobre o chão

 

Uma fina película de nada.

Que vergonha, as pedras cansadas,

Quando choram na calçada.

 

 

Francisco Luís Fontinha, Alijó-27/01/2021

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Uma rosa, rosa.

Uma rosa,
Rosa,
Rosa,
No teu corpo,
Corpo,
Corpo, rosa.
Um sorriso,
Riso,
Palavras,
Lavra,
No poema,
Ema,
Riso,
Rosa,
Cama.
Um silêncio,
Lêncio,
Algures na madrugada,
Ugada,
Ada…
Uma pedra,
Pedra,
Nas palavras,
Lavras,
Quando acorda a noite,
Noite,
Oite…
Uma rosa,
Rosa,
No amor,
Rosa,
Mor,
Flor,
Lor,
Dor.
Uma pirâmide de giz,
Na ardósia nocturna da serpente,
Mente,
Ente.
Do ponto,
Onto,
Nada.
Nada, de mim.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
14/02/2020

terça-feira, 29 de outubro de 2019

O beijo


Como seria hoje sem ti, meu amor!

Uma merda.

Uma canção,

Uma flor,

Irrompe do chão,

De espingarda na mão.

E dispara,

Contra o tédio,

Uma bala de canhão.

Como seria hoje sem ti, meu amor!

Uma revolução,

Um beijo na mão,

Ou um livro em combustão.

Como seria hoje sem ti, meu amor…

Só, nesta escuridão,

Sentado,

Descalço,

Desnudo,

Cansado,

Olhando o mar alicerçado,

Aos ombros do capitão.

A alvorada,

Sempre distante da espingarda,

Como seria hoje?

A trovoada,

Dançando na solidão,

Comendo pipocas,

Junto ao rio da desilusão…

Como, diz-me!

Como seria hoje sem ti, meu amor!

Quando no interior,

Desta confusão,

A mesma flor,

Morre na minha mão.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

29/10/2019

sábado, 5 de maio de 2018

Sinfonia


Sentia-me obtuso com a tua simplicidade dos jardins adormecidos; uma flor poisa ruidosamente no teu rosto. O acordar!

Sentia-me confuso com o silêncio dos teus lábios, flácidos, cansados das minhas pobres mãos,

O sono.

Sentia-me perdido na seara da solidão,

Quando os pássaros escreviam palavras na eira, era Verão, e a candeia perdia-se sobre a mesa do esquecimento,

Me levanto,

E pego no Sol.

Me levanto,

E pego no silêncio que traz o Sol,

Sentia-me uma pomba quando o teu corpo desleixado aterrava no meu olhar,

Uma réstia de alegria,

Uma sinfonia para brincar…

E ouvia desenfreadamente os sons da alvorada.

Como eu queria ser criança…

 

 

 

Alijó, 5 de Maio de 2018

Francisco Luís Fontinha

sábado, 24 de março de 2018

Sonâmbulo das cavernas


Esta melancolia, aprisionada na tua mão, meu amor,

Esta triste despedida,

Na calçada sofrida,

Quando o beijo esvoaça na fogueira prometida.

O sangue frio do massacre, lá longe, na sanzala, os perdidos cabelos de Primavera,

Quando a fala,

Quando o silêncio do teu sorriso,

Perde o juízo,

Sonâmbulo das cavernas, no limiar da pobreza,

A bela,

A bala na cabeça de um canhão,

E tu, meu amor,

E tu meu amor procurando a sombra do coração,

Desisto.

Insisto,

Desisto da tua fotografia esbranquiçada,

Na sala malvada,

Insisto no pôr-do-sol ao final da tarde,

Saio de casa,

Procuro-te no arrozal,

E finjo ser um poeta, e finjo ser a fogueira que arde…

Sobre ti, meu amor, sobre ti.

O miúdo com a fralda de fora,

Da praia regressa o secreto amor,

Aqui mora,

Habita a mais bela flor,

Que o meu quintal acolhe,

A sede,

O molhe,

As rochas envenenadas pela madrugada,

Sofre, descansa, abraço-te minha amada,

Que toda a vida teve.

Eu vi, quando acordei,

A esplanada do amanhecer,

Sabes, meu amor,

Chorei,

Cansei da vida sem prazer,

Respirar,

E morrer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Março de 2018