(aos meus pais e ao meu grande amigo Doutor Luís Castelo Branco)
Regressava a casa
Travestido de farrapos,
E havia sempre quem me
procurava,
E havia sempre quem me
levantava
Do pavimento térreo da
miséria.
Cansei-me de ser um
farrapo,
Cansei-me das noites em
voos livres em direcção ao nada…
Vesti a minha melhor
roupa…
Ergui-me do chão
Acreditando que um dia,
Qualquer dia,
Poderia ser livre,
Hoje não sou farrapo,
Hoje já não tenho quem me
procurava
E me levantava do chão…
(a minha mãe)
Mas hoje, tenho a
liberdade,
Hoje regresso a casa de
sorriso nos lábios,
Hoje não procuro os
esconderijos da noite,
Hoje, meu Deus…
Hoje sou aquilo que em
nove de Maio de mil novecentos e noventa e quatro… não acreditava ser.
Bragança, 9/05/2023
Francisco Luís Fontinha