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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Um grama de saudade

 

Um grama de saudade

Que adormece em mim

Caminhando terra adentro

Caminhos sem fim

Caminhos sem liberdade,

 

Um grama de saudade

Nas profundas lâminas de fogo

Da lareia ao inferno,

 

Um grama de saudade

Triste cansada amordaçada

Na chuva sem fim.

 

Um grama de saudade

Que caminha em mim,

 

Um grama de saudade

No solstício do medo;

Escondo-me

Ergo-me

Neste grama de saudade

Ao pedaço aconchego.

 

Um grama de saudade

À triste manhã sem raiz

Um grama de saudade

Liberta,

Liberta de mim.

 

Um grama de saudade

Na terra desalinhada

Profunda

Ou quase nada,

E neste grama de saudade,

Vejo minha pátria roubada.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 03/01/2022