O
que faço junto a este rio
Enquanto
o meu corpo desfalece,
E
ao longe, a ponte
Corre
para o mar,
O
que faço junto a este rio,
Frio
e cansado,
Abraçado
ao medo,
Distante
do luar.
E
será este rio
A
minha sepultura?
Ou
será este rio
O
leito da minha solidão,
Das
noites acordado,
Nas
noites inventando
Este
rio cansado,
Porque
neste rio
Enforcado,
Habitam
as minhas tristes palavras,
As
palavras que semeio nas estrelas em papel…
Ai
as palavras semeadas!
O
que faço junto a este rio
Enquanto
a minha sombra vagueia sobre um mar de lápides,
Enquanto
um cardume de insónia
Desce
a montanha da tristeza…
E
este rio me foge na madrugada.
Alijó,
14/10/2022
Francisco
Luís Fontinha