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foto de: A&M ART and Photos
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Não quero ser a lágrima inventada
pelo teu putrefacto corpo
a palavra escrita na tua lápide de
silêncio como uma gaivota em sofrimento
não quero ser o teu desejo inacabado
a porta encerrada do jazigo da tua
minha loucura...
não quero as tuas cinzas embrulhadas
em prata
numa urna calafetada
um cortinado chorando
não quero ser a estrada onde
permaneces invisível
erva comestível... folha de jornal
húmida das tempestades da paixão
não
não quero ser a chave do teu coração
a tua mão,
Não quero ser o teu corpo de porcelana
envenenado
com sabor a poema
não
não... não quero que tu me digas –
Amo-te... quando eu não quero ser amado
não
não quero os teus cabelos
fecho os olhos quando imagino os teus
lábios
e sinto no teu olhar a ravina até ao
poço da desgraça
és a cidade empenhada
a pulseira sem nome no braço do
condenado...
não,
Não quero ser o teu amado
prefiro um cadeado
um cão
um livro
mas não
não quero ser o que tu queres que eu
seja
um doente mental
um quarto desabitado...
um punhal espetado
não
não o quero...
não,
Não o quero no meu peito
os beijos
as carícias
vestidas de milícias...
não... não... não... não te quero
porque és uma migalha de pão sobre a pedra mesa da solidão
não te quero porque pertences às
brancas montanhas dos alicates em aço.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 12 de Janeiro de 2014