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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Maré dos enganos


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


Este caixote sem janelas
que habita o meu cérebro cinzento
as palavras belas
que sinto
quando acorda o amanhecer
e não encontro o teu corpo na minha cama,

As imagens do silêncio
reescritas na tua mão de porcelana
regressar é impossível
viver...
sonhar
sem saber que amanhã não existe mar,

Maré dos enganos
sílabas assassinadas pela caneta negra...
um desenho
(uma porcaria de desenho...)
suspenso na forca da idade
como serpentes em pedacinhos descendo a montanha,

As sombreadas verrugas do Adeus
quando o caixote arde na cinza madrugada
o meu cérebro morre
e leva as minhas palavras...
o meu cérebro morre...
e leva o meu corpo.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2015

terça-feira, 24 de junho de 2014

ADEUS, ADEUS... ADEUS!


Este caixote que me enforca,
estas lâminas invisíveis consumidas pelo fogo,
a entranharem-se neste corpo amorfo,
e sinto os espelhos que habitam no meu cabelo a comerem as vozes da noite,
este caixote é uma prisão com grades de granito,
e dentro de mim, solta-se o grito,
uma revolta a alicerçar-se no luar,
antes da insónia abrir a janela dos sonhos,

Este caixote disfarçado de beijo,
estes tentáculos enrolados no meu pescoço,
que... que não me deixam respirar,
comer...
ou fumar,

Este caixote construído de sombras,
esta garganta iluminada pelos sons das melódicas cigarras,
este estúpido caixote, este parvalhão sorriso a escorrer calçada abaixo...

E... e acaba por morrer no mar,
este caixote de amar,
que me enforca, que me seduz... e ao mesmo tempo... e ao mesmo tempo me enlouquece,
como uma criança sem pátria,
como uma árvore sem terra,
sol...
este caixote que me enforca,
e escreve no meu corpo...

ADEUS, ADEUS... ADEUS!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Junho de 2014