terça-feira, 24 de junho de 2014

ADEUS, ADEUS... ADEUS!


Este caixote que me enforca,
estas lâminas invisíveis consumidas pelo fogo,
a entranharem-se neste corpo amorfo,
e sinto os espelhos que habitam no meu cabelo a comerem as vozes da noite,
este caixote é uma prisão com grades de granito,
e dentro de mim, solta-se o grito,
uma revolta a alicerçar-se no luar,
antes da insónia abrir a janela dos sonhos,

Este caixote disfarçado de beijo,
estes tentáculos enrolados no meu pescoço,
que... que não me deixam respirar,
comer...
ou fumar,

Este caixote construído de sombras,
esta garganta iluminada pelos sons das melódicas cigarras,
este estúpido caixote, este parvalhão sorriso a escorrer calçada abaixo...

E... e acaba por morrer no mar,
este caixote de amar,
que me enforca, que me seduz... e ao mesmo tempo... e ao mesmo tempo me enlouquece,
como uma criança sem pátria,
como uma árvore sem terra,
sol...
este caixote que me enforca,
e escreve no meu corpo...

ADEUS, ADEUS... ADEUS!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Junho de 2014

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