Porque amam as serpentes
os vadios fantasmas do desejo, porque amam o silêncio os livros cansados do
beijo, porque amam as pedras as tristes madrugadas do luar… porque amam os
peixes as lindas canções de amar,
Porque morrem os
esqueletos do mar,
Porque vivem as flores do
meu jardim,
Porque amam os beijos o
mar
E o mar fugindo de mim,
Porque habitam nestas
pedras amaldiçoadas
Todos os versos do meu
cansaço,
Porque morrem as
madrugadas
Sem levarem o meu abraço,
Porque amam as serpentes os
vadios fantasmas do desejo,
Porque fogem de ti as
palavras em tesão,
Porque desenhas o teu
beijo
O teu beijo em minha mão,
Porque voam as manhãs sem
acordar
Depois de acordar o teu
sorriso,
Porque fingem gritar
Os gritos sem juízo,
Os gritos sem mar.
Porque dizem que sou
louco,
Do louco caminhar…
Porque dizem de tudo um
pouco,
O pouco sem acordar.
Porque choras as lágrimas
desejar
Neste complexo verso de
escrever,
Porque riem os pássaros
do mar
Do mar sem correr,
Do mar de dizer.
Porque caminhas na montanha
voar,
Se voar é liberdade…
Se voar é viver,
Se voar é a saudade
Da saudade sem morrer,
Da saudade de dançar,
Dançar sem esquecer,
Esquecer que no mar,
No mar se viver sem
querer.
Aos barcos que não deixo
voar,
Aos barcos que são a minha
solidão,
Dos barcos que quero
pintar,
Pintar com a minha mão.
Porque morrem os
esqueletos do mar,
Porque choram as lágrimas
de chorar.
Porque vivem as marés de
habitar…
Habitar nos teus olhos de
amar.
Porque amam as serpentes
os vadios fantasmas do desejo, quando além-mar,
Peço aos barcos que não
vejo, peço aos barcos de desenhar, sorrisos em construção, porque amam as
serpentes o beijo, o beijo tua mão…
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 8/07/2022