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quinta-feira, 4 de maio de 2023

Pedacinho de luar

 Há na tua mão

Um pequeno pedacinho de luar

Há no teu olhar

A manhã desenfreada e apressada

Das lágrimas à madrugada

Enquanto o silêncio se traveste de canção,

 

Há na tua mão

O alegre sorriso da alvorada

Deste relógio com fome

Há na tua mão

Um pequeno pedacinho de luar…

No luar sem nome,

 

Há na tua mão

A palavra que semeio nos teus seios em poesia

Quando o poema deixa de viver

E se cansa do dia

Há na tua mão

Um pequeno pedacinho de luar… no luar do meu escrever.

 

 

 

 

Bragança, 04/05/2023

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A tatuagem do desejo

 Tatuar o teu corpo

Com a minha boca

Nas tuas costas

No canto superior direito

Tatuava o sol

 

Ao centro

Podia tatuar o mar

E os barcos da minha infância

 

Ao fundo

No canto inferior esquerdo

Junto à nádega

Tatuava a lua

E o luar

 

Nas tuas coxas

Tatuava a noite

E todas as estrelas que tem a noite (tantas estrelas tem a noite, meu amor)

 

Depois

Escrever no teu corpo

 

Nos teus lábios

Escrevo desejo

Beijo

Nos teus olhos

Quando estão poisados na maré

Escrevo paixão

No teu peito

Posso escreve o silêncio

Quando dorme nos braços do mais belo pôr-do-sol

Depois

Pego na tua mão

Cerro os olhos

E escrevo; amo-te.

 

 

 

 

 

Alijó, 08/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O tempo perdido

 

Poderia ser

Não ser este tempo perdido

Poderia ser

O ser prometido

Ser ou deixar de ser

Quando o corpo deixa de comer

Quando a boca se suspende nas palavras de escrever

E se eu não o ser

Porque poderia ser

Ser o viver

Sem o saber

Antes de morrer.

 

 

 

Alijó, 23/11/2022

Francisco

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Seara madrugada

 

Escrevo-te, enquanto acorda em mim

O triste silêncio da manhã,

E perco-me nos teus lábios,

Seara madrugada

Dos meus tristes pecados,

 

Escrevo-te, enquanto as minhas palavras

Acordam nos teus olhos silenciados

Pelo alegre luar,

Escrevo-te, enquanto olho este mar

Que leva para longe todas as minhas madrugadas,

 

E são infinitas.

Escrevo-te, janela lunar

Dos medos envenenados,

No corpo complexo e invisível

Dos bosques em esconderijo abraço,

 

Escrevo-te, milhafre

Das tardes junto ao rio,

Nas montanhas do Adeus…

Escrevo-te, poema milagre,

Que poisa sobre ti,

 

Antes de terminar o dia.

Escrevo-te, carta sem destinatário,

Menino dos calções…

Enquanto fugias da lareira

Das noites frias de Inverno.

 

 

Alijó, 17/10/2022

Francisco Luís Fontinha

domingo, 7 de agosto de 2022

Do silêncio voar

 Ergue-te do silêncio de voar,

Ergue-te das palavras que semeias

No corpo da tua amada;

Ergue-te das sombras da madrugada

E das marés onde vagueias…

Ergue-te, ergue-te do sorriso mar.

 

Ergue-te das planícies de adormecer,

Ergue-te da noite e do luar

E das estrelas cansadas,

Ergue-te das tristes madrugadas

Onde escreves as palavras de amar…

Ergue-te enquanto o amor viver.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 07/08/2022

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Espelho mar

 

Cinzento azul teu olhar

Entre paredes e janelas,

Cinzento azul espelho mar,

De marés tão belas.

 

Das palavras de escrever

Às almas predicadas,

Nos poemas de sofrer,

Sofrer nas madrugadas.

 

Traz a luz da manhã adormecida,

Traz o crucifixo doirado…

Não tenhas medo da partida,

 

E vai em busca da felicidade.

Pinta a noite de encarnado,

De encarnado sem vaidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 22/12/2021

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Os pássaros de viver

 

Onde habitam os pássaros

Dos teus lábios

Que voavam nas árvores da minha boca,

Meu amor!

O que fazem os pássaros

Dos teus lábios

Quando na minha boca, meu amor,

Habitam as flores do teu sorriso!

Como se sentem, meu amor,

Os pássaros do teu cabelo,

Quando nos meus braços,

Habitam o silêncio e o desejo!

O que sentem os pássaros

Dos teus seios,

Quando nas minhas mãos,

Habitam os pássaros de escrever!

E dos pássaros das tuas coxas,

Quando se abraçam

Aos pássaros da minha noite,

Sabendo que os pássaros

Do meu silêncio,

São os pássaros de amar,

São os pássaros de beijar…

Como serão os pássaros

Do teu olhar,

Quando os pássaros do meu escrever,

Se sentam junto ao mar,

E, se abraçam até que acorde o luar,

E nasçam os pássaros de viver.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 11/11/2021

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Insónia de viver

 

Escrevo o teu nome

Nas arcadas do pensamento,

Grito. Fico com fome

Das palavras alimento.

 

Os beijos desenhados

Na tua perfeita mão,

São abraços cansados

Que ardem no coração.

 

Tenho nas palavras abençoadas

A insónia de viver;

Do medo às caminhadas,

 

Quando o teu perfume

Me obriga a escrever.

Meu amor! Salva-me deste maldito lume,

 

Onde eu tenho de adormecer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha, Alijó 12/02/2021

sábado, 4 de maio de 2019

Amigos


De todas as paisagens que visitei com prazer,

São os teus olhos a arder,

No meu rosto de sofrer.

 

São flores,

De todas as cores,

No meu jardim imaginário,

São flores,

São rumores…

Na cabeça do lampadário.

 

De todas as paisagens que visitei com prazer,

São palavras minhas no teu corpo de escrever,

São rosas a sorrir, são rosas a sofrer.

 

São gladíolos de papel,

Barcaça, batel…

De todas as paisagens que visitei,

São telas em pastel,

São o grito que pintei.

 

De todas as paisagens que visitei com prazer,

São livros para ler,

São amigos para conviver…

 

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

04/05/2019

domingo, 25 de março de 2018

O silêncio amanhecer


Podia ser o mar,

Suspenso no teu corpo amanhecer,

Na palavra escrita, o silêncio amar,

Que grita,

Após a partida da alvorada.

O poeta embrulhado no escrever,

Como uma amante,

Que das lágrimas de chorar…

Não consegue ver,

Nem sente,

O silêncio escurecer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 25 de Março de 2018

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Nesta cidade, este corpo que pesa, e de lata…


Este silêncio que me mata,

Este corpo de lata,

Que habita indecentemente na tua mão,

Este corpo camuflado pela tristeza,

Quando o meu olhar alcança tão altiva beleza,

Este corpo que pesa,

E não serve para nada,

Este corpo sofrido e filho da madrugada,

Quando as aventuras se desenham no amanhecer…

As tonturas,

Nas palavras de escrever,

Este corpo que estorva,

E trás consigo a solidão,

Trova…

Passeio sem destino na carruagem do sofrimento,

Este corpo sem alento,

Descendo pedras e calhaus desagradados…

Soldados,

Que abatem este corpo com dignidade…

Este corpo que pertence à cidade.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 21 de Julho de 2017

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

De nada ter



E se o tempo cessasse de crescer
Como cessam os sonhos em mim
O poço da escuridão quase a morrer
Num qualquer jardim
E se o tempo começasse a chorar
Como choram as minhas palavras
Quando não me apetece escrever
Certamente o poço da escuridão
Não cessava de sofrer…
As roldanas do coração
Empenadas e gastas de caminhar
Sobre a água de chover…
E se o tempo cessasse de crescer
Como cessaram as acácias de viver
O tempo é uma jangada à deriva nas pedras do ser
Um relógio cansado de bater
Horas
Minutos
Segundos…
De nada ter.


Francisco Luís Fontinha
13/12/16

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Lágrimas envergonhadas


As lágrimas envergonhadas

Do silêncio anoitecer

O cansaço da vida

Viver

Sem viver

Sentado nesta triste esplanada

Sem fotografia para o mar

Sem fotografia para o escurecer

Do silêncio anoitecer

O cansaço da vida

Viver…

Sem ser visto

Junto ao pôr-do-sol…

E escrever

Escrever no teu olhar

O poema do morrer

Aos poucos

Devagarinho

Como um passarinho ao acordar

Saltita na árvore dos sonhos

Brinca na eira dos desejos…

E as lágrimas envergonhadas

Prisioneiras nos invisíveis beijos.

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 15 de Fevereiro de 2016

sábado, 28 de novembro de 2015

A água a luz o mar e o vento alimentam-se dos nossos corpos felizes de sofrer


Escrever-te

Sem saber que te escrevo

Nunca quis escrever-te…

Sabendo que o devo

Fazer

De vez em quando

Escrever

Te escrever

Sem o fazer

Fazendo não o querendo

A água a luz o mar e o vento

Alimentam-se dos nossos corpos felizes de sofrer

Às vezes sofremos

Às vezes inventamos que sofremos

Depois regressam as palavras de escrever

E as palavras de sofrer

E ficamos

Aqui

Impávidos

Deitados nesta secretária velha em melódico pinho…

Escrever-te

Sem saber que te escrevo

Nunca quis escrever-te…

Sabendo que o devo

Fazer

Te escrever

Sem o fazer

E no entanto

Escrevo-te

Pensando que não o sei fazer

E faço-o

E escrevo-te…

Não escrevendo

O escrever

Antes de morrer.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sábado, 28 de Novembro de 2015

domingo, 30 de agosto de 2015

Próximo amanhecer


Não espero nada do próximo amanhecer,

Não sei se amanhã haverá amanhecer…

Não sei se estarei acordado para o ver,

No próximo amanhecer

Quero estar junto ao mar,

Desenhar na maré o rosto do silêncio,

E escrever,

Sentar-me sobre uma pedra imaginária,

Olhar-te sem te ver…

No próximo amanhecer,

Escreverei palavras no teu olhar?

Não o sei…

Não o sei sem sofrer,

Não o sei…

Não o sei sem te amar!



Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 30 de Agosto de 2015

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Vinhedos sombreados


Inventei-te numa noite de solidão,
escrevi o teu nome fictício numa muralha de xisto
que a tempestade tombou,
havia no teu olhar socalcos cansados
e vinhedos sombreados
de... paixão...

Havia na tua mão
uma carta por escrever,
e lá dentro...
um beijo,
um beijo desenhado no meu sorriso
com lágrimas de sofrer,

Inventei-te numa noite de solidão,
abri os cortinados e olhámos as estrelas de papel crepe...
havia luar nos teus cabelos
e neblina cinzenta nas tuas pálpebras de adormecidos rochedos,
e quando me abraçaste... a cidade morreu,
como morreram todas as cidades onde habitámos,

hoje, somos dois esqueletos vadios...
vagueando pela embriagada poesia de um louco,
dois pássaros sem árvores para poisar...
hoje, somos dois esqueletos vadios... sem Oceano para navegar,
e esperamos,
impacientemente que acorde a madrugada.

(e hoje... nada me apetece escrever...)



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

sábado, 22 de novembro de 2014

Insígnia da paixão


Queimaste a insígnia da paixão no sonífero adeus da tempestade,
dormes profundamente só...
e te alimentas das insignificantes metáforas da saudade,
trazes nas lágrimas uma canção por escrever,
um poema se ergue na tua mão,
e sem o saberes...
habitas na calandra encaixotada do sofrimento,
não sei se algum dia serei teu,
não sei... não sei se lá fora há sol ou escuridão,
se é dia,
noite...
ou... uma mistura de tons com odor a infância,
um barco encalha nos teus seios,
transpiras... gemes as sílabas do prazer,
esperas pelo nascer da madrugada,
quando hoje não haverá madrugada,
quando hoje... não acontecerá nada...
se é dia,
noite...
ou... ou um pincel disparado pela espingarda da solidão,
e se entranha no teu sorriso...
e no entanto,
queimaste a insígnia da paixão,
como quem apaga um cigarro depois de te amar.




Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 22 de Novembro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Hoje


Hoje,
hoje um dia perfeitamente de “merda”,

tudo parece desabar sobre os meus ombros,
chove,
hoje,
hoje estás triste,
hoje,
hoje estás ausente...

hoje,
hoje percebi que em breve partirás,
e hoje...
eu, e hoje, eu sem paciência para as palavras,
odeio... as palavras,
odeio a arte de escrever,

odeio a literatura,
odeio a pintura,

hoje,

hoje...

hoje odeio a noite,
e os esconderijos nocturnos da solidão,
hoje,
hoje um dia sem memória,
hoje um dia sem história,
hoje... hoje sinto-me um prisioneiro das sombras do infinito...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 7 de Outubro de 2014