Tens um X no espelho
dos teus lábios,
há um Y no centro
do teu peito, deslocando-se em pequeníssimos milímetros,
ora para a direita,
ora para a esquerda,
depois, mais abaixo,
no teu umbigo... o desgraçado Z, desnorteado, sem saber o que fazer,
como eu, um corpo
deambulando entre a raiz quadrada da solidão,
e uma mísera folha
quadriculada, feia, e abandonada,
gravitando em volta
dos teus seios,
procuro-me nos três
ponto algures no espaço do teu desejo,
peço-te um beijo,
e tu, tu
respondes-me com uma equação sem solução,
e obrigas-me a
rotações ímpares, sem local para aportar,
como os barcos
recheados de quadriláteros,
O meu corpo ancora
no Z que adormece no teu umbigo,
transforma-se em
três eixos, sinto-me tridimensional, raivoso, animal,
esqueço as
palavras, esqueço as equações...
(Impossível de
resolver)
Lá fora chove,
e hoje o vento
entristece as três incógnitas do teu esqueleto com odor a noite sem
nome,
há um perfume em ti
que me diz... (hoje não o conseguirás),
e não,
desisto desta
equação,
desgraçado, eu, eu
que não percebo o significado da matriz amar,
talvez transposta,
talvez... talvez
mal-disposta,
(Impossível de
resolver)
Escrevo números no
teu olhar,
silencio-me quando
de ti uma parábola acabada de nascer voa como uma gaivota sobre o
mar,
os resultados
começam a aparecer nas tuas mãos...
o X é igual a
paixão...
o Y é igual a
cansaço, porque desenhar-te... cansa, Ai como cansa!
e o Z é igual a
amor sem saída, rua encerrada, edifício sem transeuntes...
(Impossível de
resolver)?
Não,
A equação do teu
corpo... tem solução...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 23 de
Junho de 2014
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