Este som
enlouquece-me,
transforma-me em
pássaro, transforma-me em vogal solitária,
este som que eu amo,
é uma constante com vida,
é uma sebenta
ordinária,
na noite perdida,
este som me ama,
como mais ninguém me consegue amar,
Ai este som...! Este
som pincelado de mar,
amargurado nas
réplicas ondas sísmicas dos teus lábios,
este som me
alimenta,
e é escrita
envergonhada,
som, som que vem a
mim através da madrugada,
é suor, é pedra de
calçada,
(Bombino me encanta)
Este som mergulhado
na neblina,
vestido de negro,
vestido de andorinha,
e voa sobre os
telhados loucos da tua boca,
este som..., este
som me ama, este som é coisa pouca,
(dizem que sou
sisudo e nunca sorri)
Este som
enlouquece-me,
este som vive dentro
de mim,
não é árvore, não
é jardim...
aquele jardim onde
tínhamos beijos e carícias como se fôssemos duas gaivotas
apaixonadas,
este som habita nas
palavras,
é poema, é
cansaço... é amor,
este som é a tua
eterna flor,
sem braços, sem...
sem montanhas de algodão,
este som, este som é
o teu corpo com comportamento de fluido,
é hidráulica, é
equação...
este som,
este som é o desejo
sem desejo, é um projecto em construção,
(dizem... dizem que
este som... que este som me enlouquece).
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 18 de
Junho de 2014