foto de: Stéphane
Spatafora Photographe
|
O vazio,
e falsas esperanças
mergulhadas no buraco da solidão,
o vazio que se
traveste de dor, o silêncio que embrulha o sofrimento,
este rio que são as
tuas mãos, perdidas no musseque anónimo da paixão,
as crianças saltam
até agarrarem as flores que habitam o tecto da noite,
vazio, sisudo...
sentido proibido de amar,
o vazio imprevisto,
descontínuo... o vazio agreste dos olhos da estátua de granito,
há sombras que
embriagam os teus seios de porcelana e eles, eles a construir
sorrisos desde...
(desde o último
luar)
O amor,
também ele, vazio,
pobre,
ângulo obtuso
quando alimentado pelo púbis da madrugada,
(hoje não corações,
hoje não beijos – a esplanada recheada de vampiros)
O vazio,
homem rude, homem
dos sete ofícios, o homem mendigo que descobriu a falsa esperança,
o fantasma,
o vazio dos telhados
que a cidade ignora, despreza, que a cidade... não quer,
Que cidade é esta?
Vazia,
sem pessoas, sem
imagens, sem..., sem nuvens,
o sombreiro
carnívoro que devora todas as palavras que a tua pele transpira,
gotículas de poesia
descendo o teu corpo, até que a falsa esperança ilumina o teu
cabelo,
e sei que deixou de
viver,
hoje... nada, a
cidade provocadora, a cidade dos teus suspiros,
uma porta que se
encerra, e morre, e levita,
a lanterna do Adeus,
sempre acesa, sempre pronta a suicidar-te com os beijos de alvenaria
cansada,
(hoje, hoje não)
Que cidade é esta?
(desde o último
luar)
Que deixei de amar a
espuma dos espelhos de amanhecer,
e sem o perceber,
descobri que a falsa
esperança... que deixei de amar, não existe mais,
o vazio, o vazio
corpo da sílaba encarnada...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 15 de Junho
de 2014
Sem comentários:
Enviar um comentário