Mostrar mensagens com a etiqueta primavera. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta primavera. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Da noite teus olhos

 

Se morressem os teus olhos

Nunca mais haveria noite

Nem dia

Nem lua

Ou luar

Poema

Ou poesia

 

Se morressem os teus olhos

Nunca mais haveria Primavera

Gaivotas no mar

Crianças a brincar

Com um papagaio em papel

Se morressem os teus olhos

Não haveria vento

E o teu cabelo deixava de dançar

E o teu cabelo era apenas um momento

 

Se morressem os teus olhos

O silêncio era a solidão

E a solidão

Um pequeno abraço de silêncio

Se morressem os teus olhos

Não existiriam versos de amar

E versos de odiar

E de ser odiado

Enquanto os teus olhos morriam

E os meus olhos

Se suicidavam no mar

 

 

 

24/07/2023

sábado, 1 de julho de 2023

Noite de Primavera

 Era a noite mais bela

De todas as belas

Belas noites

De

Primavera,

Que se escondiam na floresta,

Um dia,

Um dia vestiu-se de dia,

Saiu à rua…

E percebeu que não queria ser mais dia…

Que desejava voltar a ser noite,

A mais bela noite

De

Primavera,

Que se escondia na floresta.

 

Era a noite mais bela,

De todas as belas noites…

Quando as noites ainda transportavam na algibeira

Um pedacinho de silêncio

E uma pedra cinzenta,

A mais bela pedra cinzenta…

De todas as pedras cinzentas que se escondiam na floresta…

Pertinho da aldeia.

 

Era a noite,

Era a noite mais bela

De todas as belas noites que se escondiam na floresta…

Um dia,

Um dia percebeu…

Que o dia apenas é dia,

Porque alguém o apelidou de dia,

Se o tivessem baptizado de noite,

Hoje o dia,

Era a noite…

A noite mais bela

De todas as noites de Primavera

Que se escondiam na floresta…

 

 

 

01/07/2023

Francisco

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Madrugada

 

Tudo arde

Tudo arde dentro deste pedaço de nada

E no entanto

Desenho o fogo na minha mão…

Tudo arde

Tudo…

 

Tudo arde

E apenas o silêncio dorme…

Nada mais consegue dormir dentro de mim…

Os meus poemas suicidam-se ao nascer do dia

Os meus desenhos…

Esses…

Morrem envenenados pela luz das estrelas

 

E desta fogueira…

Apenas encontro as cinzas que a lua lançou ao mar

Numa triste manhã de Primavera…

Tudo arde

Tudo arde dentro deste pedaço de nada

E é tão lindo o fogo…

O fogo que consome a madrugada.

 

 

 

28/06/2203

sábado, 3 de junho de 2023

Poemas dele, os poemas dele que eu amo

 Com este pedaço de carvão desenho nesta folha em papel que a vida me deixou, o poema que habita dentro de mim, não

Não são as equações dos momentos nem tão pouco as equações das tensões, aos poucos, de pequenos riscos, como gotinhas de água em direcção ao mar, crescem e nascem coisas, coisas minhas, coisas que me pertencem…, coisas que andam comigo.

Com este pedaço de cartão, enquanto a música dos Rolling Stones se masturba contra esta pilha de livros sobre mecânica estrutural e vigas e janelas viras para o mar,

Abro-a,

Abro a janela e…

E nada,

O mar não está lá.

E comprei-a como se dela visse o mar…

Mas não vejo,

Vigaristas.

Com este pedaço de carvão, desenho o mar, desenho o mar onde se escondem as estrelas, do mar onde vejo o meu cadáver a ler os poemas de AL Berto, do mar, daquele mar onde escondi o pedacinho de carvão, que sobejou do teu corpo,

Neste pedaço de papel, sem perceber que lá fora morrem crianças, morrem os pais das crianças, morrem as palavras e morrem as estrelas,

Do nada,

Até à glória,

E diziam que morreria cedo, tal e coisas, tal e nada,

Um pequeno sorriso,

Acorda,

Nesta pequena folha em papel,

E deste sorriso,

O silêncio em forma de geada,

Encolhido na minha mão…

Com este pedaço de carvão escrevo a madrugada, o poema invisível dos teus olhos de chuva domingueira, e mesmo sabendo que esta merda vai colapsar,

Acredito,

Muito,

Que um dia,

Qualquer dia,

O vento me abraçará como abraçou a Primavera, neste pedaço de carvão, desta folha triste e só, da noite às lágrimas,

E em poucos segundos,

Chão, a menina viga aleijou-se?

Não, sou parvalhão…

Claro que não.

E escrevo, e desenho, e penso…

 

 

 

 

Francisco

03/06/2023

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Dos teus olhos de mar

 

Aos teus olhos

Ofereço esta madrugada de engano,

Nos teus olhos

Caem as palavras de luz,

Nos teus olhos habita a Primavera sem destino,

Nas mãos do menino,

Dos teus olhos…

Nos olhos do mar.

 

Aos teus olhos

Lanço as estrelas

E as galáxias…

Dos teus olhos,

O silêncio mar,

Do mar que ama,

No mar que deseja…

Os teus olhos.

 

 

 

Luís

31/05/2023

sábado, 27 de maio de 2023

Primavera

 

Se o vento soubesse

Não te levava

Se o vento gostasse de mim

Não te deixava

Se o vento soubesse

Não dizia à chuva

Que a Primavera vai regressar

 

Para que eu quero a Primavera

Se as andorinhas morrem de silêncio

E as flores

À minha passagem

Desmaiam

Ficam negras

Sem voz

 

Se o vento soubesse

Não me dizia que a Primavera vai regressar

E com ela

As árvores ficam tão tristes

Com flor

Com fruto

Se o vento soubesse

Não me dizia que a Primavera vai regressar

 

Se o vento soubesse

Não me dava palavras para escrever…

Nem a Primavera

E as flores ficam lindas

E os pássaros apaixonados

Mas eu detesto as flores

E detesto os pássaros

 

Se o vento soubesse

Desenhava na tua lápide a Primavera

Com flores prateadas

Com sorrisos de doce madrugada

Se o vento soubesse

Abraçava-me

E me levava

E me dizia

Que o vento

Nada sabe

Sem saber…

 

Se o vento soubesse…

Não me trazia a Primavera

Nem as flores

Nem os pássaros

Porque já avisei o vento

Que não quero nada

Mas o vento é teimoso

E traz-me a Primavera

E a madrugada

E se o vento soubesse

E se o vento quisesse

Nada

Como eu…

 

 

 

Francisco

27/05/2023

domingo, 16 de abril de 2023

Olhos em cereja

 São as cerejas

Meu amor…

São as cerejas os olhos da Primavera,

São as cerejas meu amor,

São de cereja os teus olhos de mar…

Dos teus olhos em Primavera.

 

São em cereja

No encarnado desejo

São em cereja meu amor

O teu beijo

São de cereja meu amor…

Os teus lábios em cereja.

 

São as cerejas

Meu amor…

São as cerejas os olhos da Primavera,

Dos teus lábios em mel,

Dos teus lábios em cereja…

Meu amor de cereja.

 

 

Francisco

16/04/2023

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Desta cidade

 Procuro dentro deste sono adocicado

Com silêncio de uísque

E perfume de incenso

Os teus doces lábios de mar

Das marés junto aos rochedos.

 

Das barcaças que partem

E levam os corações partidos

Pedaços de açúcar

Pedacinhos de néon

Que dorme na cidade.

 

Desta velha cidade

Desta cidade envidraçada

Com espelhos e montras iluminadas

E do teu corpo

As minhas mãos acorrentam-se ao teu ventre.

 

Procuro nesta cidade

O doce sono salgado

Dos teus doces lábios de mel

A fina areia do Mussulo…

Quando um menino se despede do dia.

 

Procuro

Dentro

De ti

Procuro nas tuas coxas…

O silêncio da Primavera e o suspiro das árvores.

 

 

 

Alijó, 13/04/2023

Francisco Luís Fontinha

sábado, 25 de março de 2023

Primavera

 São os teus olhos, meu amor,

As amêndoas da Primavera,

São os teus olhos, meu amor,

As lágrimas do mar,

 

São os teus olhos, meu amor,

As estrelas que a noite lança sobre o luar,

São os teus olhos, meu amor,

O Sol das manhãs de Inverno,

 

São os teus olhos, meu amor,

As palavras que semeio nas noites de insónia…

São os teus olhos, meu amor,

Meu amor dos teus olhos,

 

São os teus olhos, meu amor,

As flores do meu jardim,

Do meu jardim, meu amor,

Os teus olhos…

 

 

 

Alijó, 25/03/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 19 de fevereiro de 2023

Azul-mar em paixão

 Falhei,

Falhei quando mandei cortar as oliveiras do canteiro,

E em seu lugar,

Plantarem amendoeiras; são tão lindas na Primavera…

Depois,

Ficam tristes,

Magras, muito magras,

Esqueléticas no esquecimento do orvalho.

 

Falhei,

Falhei quando mandei pincelar o céu de azul,

Azul-mar em paixão,

Quando deveriam ter pintado o céu de negro,

Nero escuro como a noite.

 

Falhei,

Falhei quando trouxe durante a noite todas as estrelas do céu,

Hoje, hoje tenho-as dentro de uma pequena caixa em cartão…

Tenho-as aprisionadas,

Como se todo o mal que me acontece,

A culpa,

Fosse das pobres estrelas.

 

Falhei,

Falhei quando mandei cortar as oliveiras do canteiro,

E em seu lugar,

Plantarem amendoeiras; são tão lindas na Primavera…

São tão lindas, na Primavera.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 19/02/2023

sábado, 26 de novembro de 2022

O louco menino

 Este inferno

Do frio silêncio

Do louco menino

O Inverno

Do inferno

A noite é a morte

Na morte da noite

Quando as palavras

Morrem

E as estrelas

Levam-me para os teus braços

E adormeço

 

Este inferno

De caminhar nesta estrada

Neste túnel

Sem saída

 

E o pão

Traz a mim a fome

Quando este inferno

Do Inverno

Rouba-me o coração

E rouba-me a morte

 

Não valho nada

 

E este inferno

Do frio silêncio

Do louco menino

Corre-me nas veias

Quando procuro nos teus olhos

Envelhecer

Sem morrer

Enquanto dorme a Primavera.

 

 

 

 

Alijó, 26/11/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 18 de outubro de 2022

As palavras da Primavera

 

Procuro nos teus lábios

As cerejas da Primavera,

Procuro no teu olhar

As palavras da Primavera,

E o que seria de mim…

Sem as cerejas,

Sem as palavras,

Da Primavera.

Procuro em ti

Todos os silêncios da Primavera,

Das andorinhas da Primavera

Roubo os teus lábios,

Roubo os teus olhos

Que apenas a Primavera…

Sabe escrever sobre o mar.

Tenho em ti,

Todos os pincelados desejos da Primavera…

E percebo que este mar que só habita na Primavera,

Procura incessantemente as tuas mãos,

Também elas, filhas da Primavera;

E enquanto procuro nos teus lábios

As cerejas da Primavera…

Vem a mim a alegria da Primavera,

E traz-me todas as palavras da Primavera.

 

 

Alijó, 18/10/2022

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 11 de outubro de 2022

A manhã dos olhinhos tristes

 

Acordas na tela das noites sem estrelas, percebo que é noite quando o meu cigarro se extingue no negro sonho e o meu rosto é afagado pela fotografia do mar que habita sobre a secretária, ela, só e vazia, e percebo que é o mar pelo cheiro e barulho dos peixes de brincar enquanto dançam junto aos barcos em cartolina cansada, sem cores, sem olhinhos.

Do branco algodão, emergem da clarabóia suspensa no tecto, as estrelas que fugiram da noite e teimam infernizar-me com os conselhos parvos de sempre, e sou forçado a disparar a espingarda da solidão para as afugentar; como eu te compreendo, meu querido, como eu te compreendo…

E antes de acordar, esta triste manhã que todos os dias, a todas as horas, semana após semana, mês após mês, abraça-me como se eu fosse um pedacinho de geada em hipotermia, depois de descer do telhado da insónia e em pequenos gritos, e em pequenos uivos, vai esconder-se junto à fotografia do mar. É certo que um dia, este mar vai partir, como partiram todas as minhas fotografias.

Como partiram todos os meus mares.

Acordas na tela, indiferente aos meus desejos, porque nas minhas palavras inventadas, quando as invento, desenho desejos, e tu, abraças-me com um olhar silenciado que vindo de uma manhã, quando acorda, parece a tempestade em pequenos voos sobre os plátanos da saudade. E a tela, continuará branca. E de branca,

Deitas-te em mim,

Milagre das noites ensonadas, princesa da saudade.

Depois, ergues-te da tela branca e desapareces como desapareceram as estrelas da noite, como desapareceram todas as palavras que guardava naquela caixa em cartão, e hoje, são apenas palavras. E hoje são apenas lixo.

E de olhinhos tristes, esta manhã que todos os dias acorda na minha branca tela, foge, e transforma-se em mulher; a menina dos olhinhos tristes.

Invento então, nas pequenas ardósias da saudade, os traços que lanço contra as paredes de vidro onde habitam pequenas figuras de rosto fingido, que depois do sono, são apenas figuras; algumas, pertencem aos rios que deixaram de correr para o mar, e nos olhos, levam as lágrimas dos tristes socalcos, onde uma enxada, às vezes em revolta, escreve no difícil xisto o mais lindo poema de amor.

Ergue-se, sem perceber que a minha branca tela, é apenas uma simples branca tela, sem perceber que depois de misturar todas as cores possíveis e imaginárias, uma cabeça negra, como são todas as noites, como são todas as cabeças, deita-se na minha mão.

E um dia, a manhã de olhinhos tristes, será a mais bela branca tela que a Primavera deu à luz. Como todas as mais belas andorinhas que a Primavera lança contra as manhãs de olhinhos tristes.

 

 

Alijó, 11/10/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 27 de abril de 2019

Noite


Um fio de luz,

Desce o teu corpo,

Tens na algibeira o livro da nova poesia,

Que um dia, vai aportar na tua mão.

Trazes nos lábios o sabor da cereja bravia,

Cansada de correr,

E um dia,

Junto ao mar,

Vai morrer.

Trazes nos cabelos a luz da madrugada,

Negra,

Sem perceber,

Que a paixão,

Um dia, que a paixão um dia vai adormecer.

Trazes na boca a loucura,

As tâmaras apaixonadas da Primavera,

Toco-te, e acaricio-te…

E da minha mão,

Brotam toneladas de palavras.

São rosas,

São gladíolos…

São jardins em construção…

Como vampiros.

 

Um fio de luz, no teu olhar.

 

Serve-me.

 

Inspira-me.

 

Enquanto desce a noite nos teus seios…

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

27-04-2019

quinta-feira, 18 de abril de 2019

A cidade da escuridão


Atravesso a cidade da escuridão.

Poiso as palavras no jardim das pilas mortas,

Jogando às cartas,

Entretendo o estômago com a saudade.

Sento-me na tua algibeira,

Escrevo palavras na tua mão,

Como os livros da madrugada,

Antes de acordar o dia do suicídio.

Batem à porta,

Não espero ninguém,

Não abro porque pode ser a morte,

E eu ainda não quero morrer…

Como os homens,

Como as mulheres,

Deixando a vida desenhada na areia do rio.

Atravesso a cidade,

Sento-me na tua algibeira,

Fumo um cigarro,

Acaricio o teu cabelo de Pôr-do-Sol…

Como é lindo o teu cabelo,

Solto ao vento,

Travestido de lágrimas.

Atravesso a cidade da escuridão,

Como fazem as serpentes na Primavera,

Rastejando,

Dançando…

No teu ventre,

A minha mão que te escreve; amo-te.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

18/04/2019