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domingo, 16 de abril de 2023

Olhos em cereja

 São as cerejas

Meu amor…

São as cerejas os olhos da Primavera,

São as cerejas meu amor,

São de cereja os teus olhos de mar…

Dos teus olhos em Primavera.

 

São em cereja

No encarnado desejo

São em cereja meu amor

O teu beijo

São de cereja meu amor…

Os teus lábios em cereja.

 

São as cerejas

Meu amor…

São as cerejas os olhos da Primavera,

Dos teus lábios em mel,

Dos teus lábios em cereja…

Meu amor de cereja.

 

 

Francisco

16/04/2023

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Todas as cerejas

 

As cerejas serão sempre cerejas na tua boca.

Os lábios das cerejas, na tua boca, teus lábios, serão sempre o nascer do sol.

Das palavras, às cerejas, há sempre um poema envenenado,

Uma canção de espuma,

Na mão sardenta de um condenado.

Há sempre um drogado,

Entre poemas e textos de escrever,

As cerejas, quando doces, são frutos de querer,

São melodias do narciso,

Voando em direcção ao mar.

Depois, no final da tarde, todas as palavras se suicidam,

Dormem na boca das cerejas,

Depois, o beijo, das cerejas,

Parecendo o acordar dos pássaros embainhados pelo sono da Primavera.

Tenho em mim, na minha mão, as cerejas de beijar,

Tenho na minha boca as cerejas do desejo,

Quando no oceano todas as cerejas, entre palavras, se agitam como moças parvas,

Cidades entre esquinas,

Luzes de caminhar de encontro às esplanadas de brincar e,

As outras cerejas,

As cerejas de acariciar,

Pintam na clarabóia da insónia,

As planícies de amar.

Amam-se as cerejas.

Brotam da terra as cerejas mortas,

Caducas,

Velhas,

Onde alguém desenha hortas,

Árvores em papel… e,

Janelas abertas.

As cerejas, meu amor,

São o silêncio da bruma,

São barcaças,

São pingos de espuma;

Um telegrama,

Que não me grama,

Coça os tomates,

Puxa de um cigarro invisível,

Lê na tua mão, meu amor,

Que todos os restaurantes faliram,

Morreram de sono,

Pumba.

Fim.

Incrível,

As aldeias de xisto,

Cansadas,

Cansadas de tudo e de nada,

Visto.

Está visto.

Porta cerrada,

Número de polícia trocado,

O velho,

O farrapo,

O vagabundo.

Atravesso a calçada,

Limito-me a observar,

Os pombos que cagam,

Os homens que cagam nos pombos e,

Meu amor, as cerejas que esqueci na tua boca.

Alimento-me.

Sou um sem-abrigo com ordem de recolher;

Mas nunca, nunca serei um homem de obedecer.

Ponto.

Vivam as cerejas,

Porque de tão belas,

São doces,

São mulheres,

São donzelas.

E as abelhas?

Que se fodam as abelhas.

E as cerejas de comer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 09/11/2020

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Olhar suspenso nas cerejas do amanhecer


Há um olhar suspenso nas cerejas do amanhecer,
não existem em mim palavras para o descrever, desenhar…
observar como se ele fosse o silêncio do luar,
mas esse terno olhar... existe, tem um corpo, tem uma alma… e tem asas de voar,
sinto-o todas as manhãs, todas as noites quando habitadas pela insónia,
ele grita pela solidão, e ela, e ela aparece-me vestida de branco,
sei que a loucura não só pertence aos humanos,
conheço árvores loucas, pedras ainda mais loucas, e flores… tão loucas como eu…
sinceramente, este olhar, o olhar que está suspenso nas cerejas do amanhecer…, não,
nunca me pertencerá,
talvez…
talvez seja a ténue luz do desejo, talvez tenha um nome, um apelido,
Um beijo para me presentear,
Talvez,
gritar por ele,
gritarei, gritarei sem o saber,
e talvez, e talvez o venha a desejar…
o querer,
Há um olhar que pertence aos sonhos de sonhar,
um círculo, um quadrado… um triângulo no rosto da música mais bela da floresta…
talvez,
talvez esse olhar, o olhar suspenso nas cerejas do amanhecer…
me diga,
me diga o que fazer.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 14 de Julho de 2014

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

cerejas

foto de: A&M ART and Photos

não oiço a tua voz desde que terminaram as manhãs de orvalho
abríamos a janela do sonho
e víamos as acrobacias tontas dos pássaros embriagados pelas nuvens de cerâmica encarnada
havia na nossa mão pedaços de desejo
beijos
e réstias dentadas no teu pescoço deliciosamente belo e doce
como as cerejas
não oiço a tua voz fotocopiada desde que percebi ser um ultraleve magoado
uma jangada envidraçada
uma porta mal fechada
não te oiço desde que tínhamos pequenos sons melódicos em vasos de cristal
e brincávamos como crianças à volta de uma lareira esfomeada

dizíamos que o Sol era nosso depois de fazermos amor debaixo do candeeiro abandonado
beijos
como as cerejas
os vidros
e as paredes
caquécticas
e às vezes
lá tínhamos de correr em direcção ao mar

versos ancorados
quando no cais de desembarque o murcho sexo do marinheiro escapulia-se pelas frestas da madrugada doentia
em cio
corríamos como loucos vestidos de versos
e palavras sobrepostas como posições de embarque
fodíamos sem saber que o fazíamos
em cio
versos camuflados depois das tempestades de areia
tombarem sobre o teu corpo húmido de alvorada
e beijos
e caquécticas amêndoas brilhavam no teu púbis de Segunda-feira à noite...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 18 de Novembro de 2013

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Os cadernos de nós

foto: A&M ART and Photos

As cerejas de Deus que nos teus lábios comem as minhas palavras
que das tuas mãos Deus colocou sobre o meu rosto de pergaminho
as sílabas transparentes dos degraus impossíveis de transpor
pelos teus sonhos em silêncios azuis
como as pétalas da rosa esquecida no muro em frente à tua alegre casa,

Tínhamos um telhado
onde nos escondíamos nas tardes de solidão
e depois de alicerçares nos teus braços os cadernos de nós
ficávamos assim livres a olhar as nuvens
e a inventar histórias que um jornal de província nos comprava,

Tínhamos dinheiro para o pão
e para comprarmos novos cadernos
tinta
e às vezes
sobrava-nos algumas moedas para fingirmos que fumávamos flores enroladas em marés de Inverno,

Víamos os barcos a morrer como gente desesperada
cansada de trabalhar
cansada... de viver
as cerejas de Deus... comem as minhas palavras
e deixam os caroços sobre a terra semeada,

Víamos os barcos em círculo na janela da solidão
barcos que escreviam histórias
nos corpos amarrotados como o papel higiénico da pastelaria
entre migalhas de torradas e o cheiro a chá de hortelã...
vivíamos felizes sem percebermos que éramos miseráveis.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha