É com enorme prazer e alegria que
participarei com poemas meus na “Poesia Sem Gavetas- Aqui há
Poetas, Parte III. Obrigado.
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domingo, 22 de dezembro de 2013
Aqui Há Poetas – Poesia Sem Gavetas – Parte III
Este piano que é a mão apaixonada da noite sem nome
foto de: A&M ART and Photos
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O piano enlouquecido
tristemente só... alegremente
despromovido
o piano magoado louco esquecido...
o piano dorme enquanto os dedos dela se
masturbam nas suas doces teclas
o piano desgraçado
dorido
é triste ser som de piano louco
quando o corpo dela...
não o é... e o é tão pouco
enquanto o corpo dela... dilacera-se
como a manteiga nos espelhos da paixão
o piano tem coração
tem dono... tem tesão.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 22 de Dezembro de 2013
sábado, 21 de dezembro de 2013
Um monstro com olhos em xisto
foto de: A&M ART and Photos
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O pormenor emblemático do corpo composto por luz,
pétalas encarnadas e algumas insónias margaridas, o jardim parece
um monstro recheado de nozes, vozes, um monstro com olhos em xisto,
socalcos, montanhas... e nas veias, o rio
O Douro?
O sorriso das madames com plumas desiguais sobre os
ombros sombreados pelas nuvens que a noite constrói depois de todas,
ou apenas uma ou outra, luzes de néon vomitarem as palavras
encravadas nas montras da cidade, oiço-te vaguear como uma gaivota
ferida, doente, oiço-te mergulhar no meu Douro que odeio,
confesso... que sempre odiei, vivi para ser uma cidade, com bares,
ruas e ruelas, travestis, putas, e donzelas... o Douro enerva-me,
desiludiu-me quando o encontrei pela primeira vez... como me
desiludiram algumas das mulheres que eu tive
(como desiludiste algumas das mulheres que tiveste)
Como me desiludiram algumas das calçadas empedradas
com acesso ao rio, outro rio, um rio com vida, um rio com esqueleto
de marinheiro, em cio
O Douro?
A ponte iluminava-se, a ponte voava sobre os espaços
exíguos da minha cabeça, acordava com pequenas grandes tonturas,
acordava a fumar cigarros proibidos e deitava-me a fumar
Cigarros proibidos?
O Douro enerva-me, desculpem-me, mas amo a cidade do
Tejo, amo a ponte, os charros que fumei enquanto choramingava... e
depois caía num qualquer bar em Cais do Sodré, depois era
madrugada, deambulava pelas ruas mais profundas, mais escuras,
mais... mais amadas em mim, depois cambaleava, tropeçava no
paralelepípedo e vomitava sons inaudíveis dos carris frios, tão
frios como o teu corpo de menina enquanto descia Setembro sobre uma
sombra em Trás-os-Montes, odeio-te sabendo que sou prisioneiro de
ti, odeio-te sabendo que só serei livre quando
Pegar na tua mão, acariciar-la como se fosse a
folha de um dos livros do António Lobo Antunes, ou um dos pares de
luvas de lã que tive em miúdo, depois deixei de sentir frio porque
as minhas mãos transformaram-se em rochas, pedaços de granito, eles
também gélidos, eles também... sós, depois vieram os olhos verdes
que a pouco e pouco ficaram sem cor, hoje são daltónicos e precisam
de lentes para ler as tuas palavras das tuas cartas que eu te
reenviei... e hoje, hoje sinto saudades
Da cidade do Tejo,
A ponte iluminada balançava quando o vento vinha
para me levar e sempre que me preparava para partir, não partia, um
carro de brincar iluminava a ruela dos candeeiros mortos,
movimentava-se por quatro pilhas de um volt e meio, redopiava em
círculos, usava a voz das minhas palavras na boca das outras
palavras, aquelas que nunca consegui escrever, dizer amo-te é
mentira, ilusão, despedida,
Saudades?
Do Tejo,
Dizer desejo-te é mentira, ilusão, despedida,
Saudades?
Do Tejo,
(dedico esta música a todos os meus amigos)
Amigos? Quais amigos... dás-te conta que não tens
amigos, e que se vivesses na cidade do Tejo não tinhas um cão com
catorze anos, caquéctico, rabugento... mas engraçado, porque só
ele percebe porque choro, quando choro...
(qual é a frase?)
O pormenor emblemático do corpo composto por luz,
pétalas encarnadas e algumas insónias margaridas, o jardim parece
um monstro recheado de nozes, vozes, um monstro com olhos em xisto,
socalcos, montanhas... e nas veias, o rio, a heroína em ebulição
sentia-se e no tombar das árvores doidas, como sonâmbulos corpos
emagrecidos havia sempre alguém que não regressava,
(ai a frase... a frase...)
O Douro?
A límpida água dos sonhos e da esperança voltam à
panela de pressão e evaporam-se nas avenidas encantadas dos
guindastes com braços em aço e lábios em pergaminho,
Hoje temos beijos,
(quer uma ajudinha... senhor Francisco?)
Hoje temos beijos, saudades e nada mais do que
isso... e redopiava em círculos, usava a voz das minhas palavras na
boca das outras palavras, aquelas que nunca consegui escrever, dizer
amo-te é mentira, ilusão, despedida,
Saudades?
Do Tejo,
(diga comigo senhor Francisco... “Com os voos
nocturnos da menina Amélia a sobremesa adormece sobre a
mesa-de-cabeceira”)
Hoje temos beijos, saudades e nada mais do que
isso... e redopiava em círculos, usava a voz das minhas palavras na
boca das outras palavras, aquelas que nunca consegui escrever, dizer
amo-te é mentira, ilusão, despedida,
Saudades?
Do Tejo,
E dizer amo-te é pura loucura, desilusão... sei lá
que mais...
(à escolha)
E diziam-me que aqui existiam verdejantes barcos com
asas em porcelana... pode lá ser...
E é, e é... é assim desde que partiste...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 21 de Dezembro de 2013
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
A janela do Inferno
Não sabia a ninguém
não tinha palavras para gritar contra
o muro da tristeza
tinha na boca uma sonâmbula ausência
de esperança
não tinha cigarros
apetecia-me tanto fumar cigarros
e lá fora
sentia o burburinho das folhas molhadas
o cansaço das árvores que deixavam
sobre o passeio empedrado... pequenos braços
em abraços
a janela tremia como se o frio nocturno
de Trás-os-Montes acordasse nesta rua enlouquecida da cidade do
Porto
eu tremia e todos tremíamos...
e irritava-me o caudal constante da
corrida do metro em frente à janela do Inferno...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2013
(provavelmente este será o último
poema/texto de 2013... ou não)
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
doidas... varridas
foto de: A&M ART and Photos
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tudo parece desabar
o tecto da sala de jantar cai como
pedaços de sonho
desfeitos
irrealizáveis...
tristes os beijos do cansaço
quando a insónia dorme na mão das
pétalas doiradas das abelhas em flor
tudo
até o meu cão consegue chorar
e eu
eu não...
tudo parece
os espelhos são-no e não me dou conta
da algazarra das vozes entristecidas
doidas...
doidas... varridas
tudo é comestível
a dor
e as lágrimas...
as palavras
e as árvores de rapina
os pássaros com ramos envenenados...
são
são comestíveis e vejo-os na tela da
saudade
a dor e as lágrimas...
as palavras
tudo parece desabar...
morrer... como morrem as lágrimas de
chorar.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Elas as bailarinas
foto de: A&M ART and Photos
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Imaginas-me?
descreve-me como és se ainda não o és
isto é
imaginas-me imaginando caminhar mar
adentro
escrever na areia os verbos emagrecidos
das pétalas doiradas
descreve-me
e imaginas-me... como um barco que se
afoga no Oceano
imaginas-me como um náufrago sufocado
com imensas palavras
desenhos
ruas
portas e janelas
e bancos de jardim
Belas
as flores
e os canteiros das intermináveis
manhãs de Outono...
Elas
as bailarinas sem sono
imaginas-me?
candeeiros de papel
fios
meias...
cobertores imaginados quando me
imaginas...
imaginas-me... deitados
o silêncio entrelaçado na tua mão
o beijo entalado nos teus lábios
imaginas-me?
eu... eu apaixonado?
Belas
as flores
e os canteiros das intermináveis
manhãs de Outono...
Imaginas-me sendo o Sol?
mulher criança velho doente?
pigmeu cansado ausente...
sombra árvore e presente
imaginas-me... farto das palavras
dos versos
dos poemas e das... putas
parvas...
traiçoeiras madrugadas
nocturnas drogadas as tílias em chá...
e eu... esperando que me imagines...
… descreve-me como és se ainda não
o és.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 18 de Dezembro de2013
Labels:
bailarinas,
cidade,
doença,
flores,
jardim,
palavras,
pétalas,
poema,
Poesia,
ruas,
Sonho,
tristeza,
vida
Location:
5070 Alijó, Portugal
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Janelas envenenadas
foto de: A&M ART and Photos
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Aqui sei que me esperas como janelas
envenenadas
aqui sei que me amas
e desejas
sempre que o cortinado tomba e dele se
derrama o líquido chamado de solidão...
aqui tenho-te dentro de mim
aqui sou eu
aqui... aqui somos livres de amar
desejar
possuir esqueletos com asas em papel
e és gira com vestidos de napa
derretida nos límpidos tecidos do teu
insignificante corpo encurvado
ao leme o velho monstro de quatro
cabeças...
Confessas-me que tens velas de seda
… e desejas tanto o vento como a
sombra da minha mão...
vaidosa
pareces uma pomba com sandálias de
porcelana
Princesa
invejosa...
Aqui confundo-me com as árvores
envelhecidas
onde poisam pássaros recheados de
reumatismo
e bicos de papagaio...
aqui sou feliz
aqui
aqui vivo percebendo que a vida é uma
roldana
uma velha roda dentada
gasta
sem dentes
sem nada
aqui sei que me esperas como janelas
envenenadas
e quando desce a lua sobre os teus
seios... apenas oiço o suspiro das calçadas
Aqui já fui o Príncipe das Avenidas
gastas
o velho escorpião dos bares nocturnos
do prazer
aqui fui o velho marinheiro
o cachimbo de água do confuso poeta
escritor aldrabão e impostor...
aqui vivo
e aqui morrerei como uma serpente
enrolada no pescoço da saudade
Aqui
aqui... serei o teu cadáver depois de
travestido em fúnebre jarra parda com flores plastificadas
cansadas e tristes e aqui...
aqui... perdi-me de ti enquanto voavam
as gaivotas dos círios cabelos castanhos da montanha.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 17 de Dezembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Nada mais
foto de: A&M ART and Photos
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Fingíamos o sossego quando dentro de
nós habitavam tempestades
fugíamos para o cume da montanha mais
próxima
abríamos uma das quatro janelas da
ginga
fundeávamos junto ao corpo emagrecido
que a madrugada acabava de expelir
fingíamos
e fugíamos
e uma chaminé alicerçava o vento à
copa das árvores
os pássaros pareciam agulhas
enfeitando panos de renda
e os poucos galhos dos desenhos
queimados...
apenas sobejaram os lenços de papel
lágrimas
e nada mais para recordar...
A saudade morria...
e aos poucos erguia-se o desejo cansado
virgem...
atraiçoado
Fugíamos das cavernas com carris de
prata
abríamos o livro dos sonhos na página
duzentos e sessenta e três...
a ginga vomitava soníferos gonzos com
alegres pregos de aço
a árvore de Natal tinha desmaiado...
tonturas
talvez devido ao excesso de luz
ou... com medo das sombras que todos
nós sabíamos existirem no nosso corredor sem portas
ouvíamos vozes que provavelmente
tinham a sua origem no presépio da loja Chinesa...
e confesso que não percebi patavina do
que elas diziam...
apenas percebi que a vaca sofria de
cólicas renais
e
nada mais.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2013
domingo, 15 de dezembro de 2013
Rua dos Prazeres
Foto de: A&M ART and Photos
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Desprendem-se das nuvens os pregos negros da cidade
dos cães, tinham-me dito que na rua dos Prazeres habitava uma janela
com cortinados de areia, havia uma menina de cabelo doirado e no
pulso..., sentíamos o vento dançar sobre a neblina madrugada,
No pulso as pulseiras das feridas cansadas,
A madrugada entretinha-se com um baralho de cartas,
meia dúzia de azeitonas e algumas rodelas de linguiça..., havia
chouriço assado e pão de centeio, música desgovernada que a menina
com pulseiras das feridas cansadas deliciava-se a ouvir, encerrava os
olhos e
Voava...
Sobre os plátanos maternos dos dias nublados o mar
da saudade entrava-nos dentro da cabana com telhado de colmo, nunca
vi a chuva dentro do corpo dela quando a roupa desaparecia do
estendal e um emagrecido esqueleto de desejo deambulava em cima do
cobertor de lã que alguém nos tinha oferecido, ainda muito antes de
ela ser ela, ainda mesmo quando não tínhamos, ainda mesmo quando
não usávamos...
Beijos, e margaridas nas jarras em porcelana,
E
Voava o cretino calendário com a fotografia do
espantalho de palha, junto à eira uma pequena fogueira alimentava a
canção dos grilos aflitos dentro da cratera terra onde brincavam
espigas de milho, feijão e aqui e além...
O centeio vivia sufocado com as auroras boreais das
latidas palavras caninas, o burro culminava a exuberante letra do
poema abandonado, fotografias infinitas zurravam nas labaredas da
fogueira que a eira gritava
São minhas, são minhas... são minhas as tontas
palavras,
Ninguém se mexia, ninguém acreditava em fogueiras,
círios e desenhos inscritos na docas árvores com espelhos de prata
Eu + Tu,
Dois parvos,
Amor de...
Outra parvoíce... amo-te... nunca mais...
(desprendem-se das nuvens os pregos negros da cidade
dos cães, tinham-me dito que na rua dos Prazeres habitava uma janela
com cortinados de areia, havia uma menina de cabelo doirado e no
pulso)
Eu + Ele,
E
voava, e são minhas, são minhas... são minhas as
tontas palavras, aquelas que escrevia no corpo dele enquanto o tempo
morno
Morno?
Não, não morno...
Morto, matávamos o tempo escrevendo versos no corpo
um do outro, ela dizia que as árvores estavam agoniadas com tantas
Tontas?
Não, não tontas, com tantas velhas inscrições...
Eu + Tu,
Será, não será, e uma seta aproveitava a
esplanada da paixão e alojava-se no coração desenhado do velho
tronco, a navalha entrava corpo adentro, a navalha recheava os
telhados amaldiçoados das ruas com janelas...
E
Os cortinados
Da cidade
Da cidade dos cães, latidos, uivos, suspiros...
A paixão?
O amor morto depois de assassinado pela canção da
menina com pulseiras... no pulso as pulseiras das feridas cansadas, e
cansadas elas percebiam que éramos sombras à espera do desarrumado
relógio de pulso, o mesmo que esteve presente na noite de núpcias,
o mesmo que presenciou o primeiro “charro”, aquele que assistiu à
primeira “chinesa”... aquele que acreditava na menina com
pulseiras
Parvas,
Monas,
Tolices em palavras depois de mortas.
(não revisto - ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 15 de Dezembro de 2013
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amor,
árvores,
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paixão,
palavras,
Poesia,
pulseiras,
Texto
Location:
5070 Alijó, Portugal
pequenos nadas
foto de: A&M ART and Photos
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a minha cidade despede-se do teu corpo
em decomposição
um putrefacto sorriso acorda nos lábios
da solidão
a minha cidade vive
como serpentes dentro de um aquário
a minha cidade é um corredor sem
saída...
a minha cidade vive
e escreve nas paredes do medo
o silêncio prometido
a minha cidade és tu
nua despida em pedaços de leito das
avenidas perdidas
a minha cidade dança
tem mãos de seda
e seios de indefinidos sons com abraços
de musicalidade em palavras vãs
vãos de escada em sofrimento desejando
o trono da fortuna
nua
tua mão singular no meu peito plural
o pronome avança contra o néon de
sémen
e os telhados da minha cidade
ardem
como loiros cabelos suspensos nos
arames do suicídio...
a minha cidade é uma puta com
edifícios escumalha em lãs madrugadas
ovelhas
cabras...
e... e pequenos nadas.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 15 de Dezembro de 2013
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