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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Janelas envenenadas

foto de: A&M ART and Photos

Aqui sei que me esperas como janelas envenenadas
aqui sei que me amas
e desejas
sempre que o cortinado tomba e dele se derrama o líquido chamado de solidão...
aqui tenho-te dentro de mim
aqui sou eu
aqui... aqui somos livres de amar
desejar
possuir esqueletos com asas em papel
e és gira com vestidos de napa
derretida nos límpidos tecidos do teu insignificante corpo encurvado
ao leme o velho monstro de quatro cabeças...

Confessas-me que tens velas de seda
… e desejas tanto o vento como a sombra da minha mão...
vaidosa
pareces uma pomba com sandálias de porcelana
Princesa
invejosa...

Aqui confundo-me com as árvores envelhecidas
onde poisam pássaros recheados de reumatismo
e bicos de papagaio...
aqui sou feliz
aqui
aqui vivo percebendo que a vida é uma roldana
uma velha roda dentada
gasta
sem dentes
sem nada
aqui sei que me esperas como janelas envenenadas
e quando desce a lua sobre os teus seios... apenas oiço o suspiro das calçadas

Aqui já fui o Príncipe das Avenidas gastas
o velho escorpião dos bares nocturnos do prazer
aqui fui o velho marinheiro
o cachimbo de água do confuso poeta escritor aldrabão e impostor...
aqui vivo
e aqui morrerei como uma serpente enrolada no pescoço da saudade

Aqui
aqui... serei o teu cadáver depois de travestido em fúnebre jarra parda com flores plastificadas
cansadas e tristes e aqui...
aqui... perdi-me de ti enquanto voavam as gaivotas dos círios cabelos castanhos da montanha.


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 17 de Dezembro de 2013