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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Envenenadas pelo silêncio


Percorro este caminho de pedras envenenadas,

Cada palavra escrita é um novo suicídio…

A aldeia de chocolate evapora-se ao pôr-do-sol,

O teu corpo permanece impávido com a minha presença,

Aventuro-me no teu cabelo…

Fresco ao nascer do sol,

Um livro poisa nos teus lábios recheados de poemas e beijos abstractos,

Sinto-o…, sinto-o quando acordo e apenas vejo a tua sombra

Na penumbra dos meus aposentos empoeirados,

Não me vês, não pertences aos esqueletos de prata

Que brincam na minha biblioteca,

E, no entanto, sei que existe em mim a tua pobre sombra,

Ao fundo do horizonte um rio que chora a tua partida,

Apenas cruzo os braços e deixo-te partir como uma gaivota sobrevoando o mar…

Deixo-te ir…

E canto uma canção para alegrar os arbustos em teu redor,

O Tejo é o Tejo…

A ponte que te iluminava nas noites inquietas,

Os cacilheiros apressados e tu indiferente aos seus anseios…

Não tenho pena nem sinto tristeza,

Já tive e vi muitos barcos…

Reais, de papel… e de esferovite,

Desenhei-te pela última vez de costas para a cidade,

Sentias-te cansada das minhas mãos…

E das minhas palavras,

Percorro este caminho…

De pedras…

Envenenadas pelo silêncio.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 26 de Junho de 2017

sábado, 29 de novembro de 2014

Vento sofrido


A astronomia loucura do profeta
as paredes encarceradas do guerreiro desconhecido
à força e pela força
o cansaço espaço de luz nos confins rochedos da melancolia
a astronomia
embriagada pelos momentos sem pressa
numa carta de despedida
sem palavras
ou... ou remetente
uma aventura na escuridão da cama do sonambulismo
os cigarros absorvidos pela morte do fumo colorido...
e um caixão de espuma poisado nos alicerces da canção de revolta

cessem este destino
e o silêncio
da atmosfera encarnada em comestíveis soluços de desejo
a astronomia loucura do profeta
sentado em frente ao espelho da agonia
sem sentido
sem... sem melodia
antes de acordar o dia

o vento sofrido
o corpo mordido pelos meus dedos
o odor embalsamado do prazer
em finíssimos gemidos
e uivos...
e no entanto
não existem ruas na minha mão
casas
flores
nada
apenas... um rio adormecido numa fotografia
e um Domingo desorganizado e despido...



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 29 de Novembro de 2014

sábado, 22 de novembro de 2014

Sem sentido - “A merda de um poema”


Queima o filme negro da tua vida,
ensina aos teus ossos as boas práticas de comer,
sem nunca mencionares o nome da despedida,
nem na rua invisível do teu corpo,
imagina o vento fatiado abraçando-se aos teus seios,
escrevendo neles...
Amo-te...
sem gaguejares,
sem medo de chorar,
os abutres cardumes da insónia
que se alicerçam aos teus cabelos de luar,
queima o filme negro da tua vida... como quem pronuncia pela última vez a palavra amar!



Francisco Luís Fontinha
Alijó, 22 de Novembro de 2014

domingo, 6 de abril de 2014

O sonâmbulo amachucado


Desenhava a tua voz no meu cansaço, sentia as tuas palavras amorfas nos meus braços, e tínhamos a consciência do término do dia, as horas para nós apenas significavam sombras, dispersos espinhos de uma rosa em decomposição, e havia dentro de nós o abismo disfarçado de melancolia, acordávamos tristes, dormíamos embrulhados em pequenas lâminas de prazer, sabia que o teu corpo flutuava numa janela envidraçada, virada para o Tejo, desenhava nas paredes do teu cabelo o afago da despedida, partias, voltavas, partias..., como os barcos a vapor procurando marinheiros, como lareiras acesas quando o doce Inverno invadia a cidade recheada de estrelas com sabor a embriaguez, lá fora
Preciso de ti, meu amor, ouvia-te enquanto te olhavas no espelho da saudade,
Pertencíamos às fogueiras imaginárias do quarto penumbra que nos servia de esconderijo, habitávamos no exíguo refúgio da literatura barata, pobre, esfomeada, e tu
Preciso de ti, meu amor,
Havia arbustos escondidos nas tuas mãos, pedaços de chuva miudinha nas tuas nobre pálpebras e
Preciso...
E quando percebíamos que a noite tinha sido engolida pela boca do caranguejo de mil patas..., tu, tu
Preciso de ti, meu amor, eu, eu ouvia-te do outro lado a caverna iluminada por morcegos, alguns vultos que nunca cheguei a conhecer, e claro, pelos teus beijos disfarçados de desejo, sentia-me perfeitamente feliz, quando não o era, sentia-me perfeitamente humano, quando não o era, e desenhava na tua voz as palavras que nunca escrevi, dizia-te que te amava... e não te amava, dizia-te que te desejava...
Preciso,
E...,
Preciso meu amor,
E nunca te desejei, e nunca foste a âncora que aprisionava o meu corpo ao cais das Colunas, eu regressava, sentia o peso dos caixotes em madeira, lá dentro quase nada, lá dentro... apenas, apenas objectos e memórias, e dor, e sofrimento com tentáculos,
E,
Preciso de ti, meu amor,
Um cigarro, um cigarro cor de amendoim sobre a mesa do café, ouvia um CD com os poemas de “AL Berto na Casa Fernando Pessoa”..., e
Preci...
E esperava que o mar entrasse em mim, que nunca entrou, que nunca me levou, apenas...
Te trouxe?
Regressei como um sonâmbulo amachucado, um menino que trazia na algibeira sonhos, calções e que acreditava no silêncio da gaivota pergaminho que dormia todos os dias na mesa da sala de jantar, perguntava
Precisam de mim?
E o amor respondia que sim, que precisava, que
Te trouxe?
Era meia-noite e o horizonte encerrou-se como os cortinados no Teatro, fim da peça, as personagens evaporavam-se à medida que tu
Precisas de mim, meu amor?
E eu, e eu...
Não, não quero regressar, não, não preciso de ti, meu amor, porque desenhei a tua voz no meu cansaço...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 6 de Março de 2014

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Finjo que os bonecos são pessoas

foto de: A&M ART and Photos

Despeço-me da vida inventando uma outra forma de viver, despeço-me dos barcos reais e com âncoras e com correntes e com pulmões e com mãos e com lábios e com beijos, e no entanto a vida gira como uma roda dentada, fria, escura... despeço-me das árvores levando a saudade dos pássaros, despeço-me dos cigarros levando a saudade dos cigarros, despeço-me do amor levando na algibeira o verdadeiro amor,
O medo de dizer
Amo-te,
De dizer que dentro dos corações de xisto vivem mulheres que desejam palavras, beijos... carinhos... sombras e marés, cortinados, bebés, de dizer
Amo-te,
Palavra difícil, a palavra mais difícil de pronunciar, engasgo-me e não o consigo, escrevo-a como castigo cem vezes na ardósia da escuridão,
(Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te...)
E depois como o magala que não sabe qual é a sua mão direita
(o senhor trocou-mas)
Finjo que os bonecos são pessoas, finjo que as pessoas são corações apaixonados, finjo que sou feliz não sendo e nunca percebendo o que é a felicidade, o orgasmo literário das palavras em suspensão dilacerem-se nas cordas do estendal que habita no quintal, e alicerçam-se a mim mil e quinhentas garrafas de uísque reserva de quinze anos, apaixonei-me por uma trapezista pobre, quis fugir com ela e amava-a...
Os meus amigos desejam-me bom Natal, eu detesto o Natal e o Bom Natal, finjo que gosto e retribuo... mas confesso que não tenho alegria para pensar no Natal, no ano novo que se aproxima, um ano de merda como este final de ano, a vida de que me despeço deixa de fazer sentido, as palavras não existem, os desenhos são monstros comparados com a dor de quem sofre, chora e sinto lágrimas no quarto ao lado do meu, oiço-os cochicharem como gaivotas envenenadas, doces, medos despertam passados enterrados, lápides escondem-se na minha algibeira com três tristes chocolates... finjo fugir e covardemente... choro em silêncio,
(o senhor trocou-mas)
Sou transportado para o recreio da escola primária, desastradamente parto um dos vidro da janela da sala de aula com a bola de futebol do meu amigo que tem noção que eu sou um nabo em termos futebolísticos, nada percebo e tudo transformo em... cacos, pedaços de vidro...
(nos grupos de poesia onde publico dizem que os meus poemas são belos, tirando isso... acham-nos uma merda)
Troco de vida, de fingimento, de dor... agora... já consigo chorar, sofrer, sentir os pregos da desgraçada a penetrarem-se em mim...
(Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te...)
Troco de vida, de fingimento, de dor... agora... já consigo chorar, sofrer, sentir os pregos da desgraçada a penetrarem-se em mim... nos grupos de poesia onde publico os meus poemas... adoram-me, sinto-me um sobretudo pendurado num cabide dentro de um guarda-fato, oiço a minha sombra sobre a sombra dela, são apenas um corpo e deslizam como rolamentos calçada abaixo,
O Tejo,
Havia prostitutos à procura de engate, sentava-me numa esplanada, lia o “Doutor Jivago – Boris Pasternak”, e escrevia num caderno de capa dura e negra as palavras doces das bocas doiradas dos transeuntes e de vez em quando
O Alfredo colocava nos cornos da rena as lâmpadas de Natal, piscavam, alimentavam vozes embriagadas com o uísque de quinze anos, recordo-me hoje da morte dos livros que deixei ficar na prateleira por pobreza, insónia, toques de campainha a pedirem-me
O vizinho tem uma pitada de sal que me empreste?
E eu respondo-lhe
O vizinho nada tem,
O Tejo,
Tu toda nua, nos teus seios coloco os enfeites da árvore de Natal, danças, saltitas sobre os trapézios da infância, desejas-me boa noite e as melhoras do meu pai...
Não percebo a cor dos teus olhos,
(Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te...)
Despeço-me da vida inventando uma outra forma de viver, despeço-me dos barcos reais e com âncoras e com correntes e com pulmões e com mãos e com asas e com plumas e com mini-saia e com rímel e com... e com um metro de superfície a martelar-me no olhar as sílabas estonteantes dos dúcteis talheres de prata,
Covarde,
sinto-o quando a olho,
Neste momento bebo sem perceber que amanhã o livro pode arder na lareira do sofrimento, sem perceber
Porquê?
Despeço-me da vida inventando uma outra forma de viver, despeço-me dos barcos reais e com âncoras e com correntes e com pulmões e com mãos...
(Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te, Eu amo-te...)
Antes que seja noite e todos os que eu amo...
Morram.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 24 de Dezembro de 2013

sábado, 2 de novembro de 2013

madrugadas de alecrim

foto de: A&M ART and Photos

eu me confesso aos teus secretos desejos
oiço em ti a sinfonia melancólica da paixão louca que acorda as palavras poucas
eu me confesso aos teus olhos de espiga solitária
no infinito cereal pergaminho
vejo e sinto os animais vadios
e os pássaros mendigos
eu me confesso sabendo que tens em ti a diurna estória sem sombras
ou os pequenos laços no pescoço da morte
ou da lápide o sofrimento ensanguentado beijo da despedida
a partida é uma forma de viver
ser feliz
e sonhar com as madrugadas de alecrim


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 2 de Outubro de 2013

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

o amor morre como um esqueleto de vidro

foto de: A&M ART and Photos

havia suspiros na tua voz de chocolate
lanternas diurnas embrulhadas em finas mãos de silêncio
escrevem-se nas palavras dos teus braços
oiço as teclas dos teus dedos na máquina do meu corpo
onde te espera uma folha de tristeza para rasurares como uma tempestade envenenada
havia suspiros uivos nos teus doces lábios
e dos beijos amargos o poema envaidece-se
cresce
e torna-se homem
mulher
apaixonado
apaixonada

o amor morre como um esqueleto de vidro
amado
amada
desamada
desalmada
o amor desaparece dentro dos círculos verdes das marés de incenso

havia suspiros nos olhos dos crisântemos
sobre a térrea campa do desejo
na lápide uma límpida manhã ensonada conversando sobre esplanadas
rios como cemitérios de ferrugem
e barcos como mulheres ansiosas pela chegada dos corpulentos marinheiros do abismo
tínhamos uma algibeira recheada de geada
tínhamos no peito uma mísera envergonhada madrugada
húmida
comida pelo suor das palavras loucas
tínhamos no sexo uma fiada cinzenta de cinza
que sobejava dos tristes cigarros em papel crepe
havia suspiros nos olhos... e sempre que chovia ouvíamos os comboios suicidarem-se nos carris do sonho

o sonho morreu junto aos arbustos em Belém
o rio galgou as montanhas de gelo
e entrou na tua vida alimentando-a de ossos e pedaços de sombra
havia suspiros
lágrimas
desajeitadas mãos na face de um busto granítico...

havia suspiros de chapa doirada
nas sanzalas avenidas que sentíamos das janelas de verniz
tínhamos uma lareira em cada suspiro inventado no teu ventre
havia rosas vermelhas nos confins das tuas coxas
migalhas de xisto entranhavam-se nos teus seios borbulhantes
e nós que parecíamos crianças sem infância
brincávamos como bonecas de trapos
e folhas de mangueira
ouvíamos o pulsar garrido do cavalo branco
e sabia dos teus cabelos clandestinos
onde escondias o verdadeiro amor...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 31 de Outubro de 2013

terça-feira, 29 de outubro de 2013

movediças areias

foto de: A&M ART and Photos

movediças areias tuas manhãs cansadas em mim
orvalhos siderais colados na língua do Outono
migalhas dele nas mãos do inferno
o invisível mergulhado das travessias inconstantes das flores empastelares
pareço um viúvo de fotografia ao peito
com suspensórios de tristeza acorrentados à solidão das noites indolores
movediças areias
as tuas coxas
as tuas ideias
os teus pérfidos seios de porcelana no clandestino horário que vive nos meus pulsos de aço
procuras abraços
e eu... ofereço-te palavras sem nexo
desejos vãos
carícias por correspondência a cobrar no destinatário
pareço um viúvo embebido nos arbustos da partida
cândidos odores que provocas nas praças diurnas da cidade dos beijos
transeunte esqueleto sem vida
na minha vida
os lábios dilacerados em pedaços de papel de embrulho
movediças areias
as tuas lágrimas lunares em madrugadas de cio
e lambedoras orgias estrelares
sobre a ponte fina e escura
do cemitério da poesia


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 29 de Outubro de 2013

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

some-te molha-te humedece-te...

foto de: A&M ART and Photos

molha-te
humedece-te como um rio em cio
mergulha
alegre
nas sílabas pérfidas dos anónimos mendigos das calçadas embriagadas
molha-te
humedece-te
embriaga-te como uma pedra depois de ser lançada pelo pénis do poema
abre-te
agacha-te e dorme
sonha
morre
(molha-te
e humedece-te como uma Rainha sentada no trono da despedida)
some-te
molha-te
humedece-te...
vive
dorme
esquece-me


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 28 de Outubro de 2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Janela vaidosa a tua mão quando se entranha em mim

foto de: A&M ART and Photos

Outono, os ossos tombados no pavimento, os braços alicerçados às árvores em movimento, havia cadeiras revestidas a couro, havia uma casa com uma sala de jantar, dentro dessa sala vivia uma mesa e seis cadeiras, e sobre a mesa uma paixão de crochet rendado ainda do tempo da avó Valentina, sentava-me no sofá, sobre os joelhos os dois velhíssimos álbuns fotográficos do pai Fernando, abria-o e
Mergulhavas nas imagens a preto-e-branco das paisagens Africanas, centenas de imagens rodopiando sobre a mesa da sala de jantar, ouvia-se o entrelaçar de dedos entre o capim e o cacimbo, ouviam-se os uivos dos mabecos rasgando sanzalas e musseques, ouvíamos as crateras dos rochedos nos alicerces da montanha, e tínhamos o feitiço da chuva miudinha, que lentamente, suavemente...
Alimentava o teu corpo de roseira, sentíamos
À noite,
Sentíamos as feridas dos sonhos desfeitos quando o mar nos entrava em casa, e tudo cá dentro
Fugia,
A casa ficou vazia, a sala de jantar viu-se rodeada de silvados e arbustos que muito mais tarde e junto ao Tejo, assistiram à despedida da Primavera, os sofás transformaram-se em pedaços de mola rolando como pedras depois das tempestades, e os álbuns fotográficos
Hoje solitáriamente sobre a mesa na sala de estar, poisados como cadáveres sem esqueleto, completamente sós, abandonadas as imagens... apenas o negro da noite que habita os teus pequenos seios cerâmicos que mostravas-me nas noites de incerteza e Inverno, a lareira acesa, apenas havia a luz dos pedaços de madeira em combustão, e o teu silêncio, nada mais
Os livros,
Sentia a tua respiração abraçada às imagens a preto-e-branco dos álbuns fotográficos do avô Fernando, tínhamos sede, tínhamos fome, e tínhamos vergonha
Os livros,
Diziam que eu era uma bandido escondido debaixo da sombra das bananeiras, e tínhamos mentiras que ainda hoje
Mentiras,
Os livros,
Sentíamos as lâmpadas em dias de ventania baterem nas faces rosadas dos calendários nocturnos das tuas mãos em melancolia, e os livros
Sentíamos as palavras entre os nossos corpos e sobre a mesa da sala de jantar
Arbustos em despedida,
Folhas de papel vegetal e malgas de marmelada,
E sobre a mesa da sala de jantar
Livros?
Folhas caducas, folhas velhas e folhas novas, malcriadas, folhas e folhas e folhas
Livros
Mandioca e papel de parede com flores encarnadas,
Víamos o Sol em pequenos quadrados, víamos a Lua em grandes triângulos, e livros e cinzeiros com o bafiento cheiro a morte, má sorte, a dor, e
Sofrimento,
Ouvíamos as lágrimas do Senhor Doutor quando descia a noite e um cortinado com círculos em pequenos milímetros caminhava direcção ao rio, a ponte via-nos abraçados como dois arbustos
A despedida,
O cheiro a a despedida,
O cansaço depois de uma triste mísera malga de marmelada, um pedaço de pão com pelo menos três dias de antecedência, e o requerimento indeferido
Os livros e as borboletas,
“Por falta de mendicidade o seu caso foi indeferido”
(filhos da puta)
Os livros e as borboletas, as bailarinas e os palhaços, o circo chegou à cidade, meninos, meninas, donzelas e belas
Os livros?
“Por falta de mendicidade o seu caso foi indeferido”
(filhos da puta)
Os livros hoje, imagens a preto-e-branco, sós, imagens estáticas, mortas, melódicas, saudades da saudade quando o medo habitava a nossa sala de jantar...


(texto de ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – (Alijó?)
Terça-feira, 22 de Outubro de 2013

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

No sorriso da lua, esse corpo pertence-te?

foto de: A&M ART and Photos

Este corpo não é o teu, esses olhos com que iluminas as noites cansadas na solidão da insónia... não são os teus, essa boca, e esses lábios, não te pertencem, não é a tua boca, não são os teus lábios, as noites com que embrulhas as palavras, não o são, as tuas pobres noites embriagadas com sofrimento e dor, e a vida que vives, também não te pertence, não és nada, apenas uma imagem deixada num banco em madeira, sentas-te na penumbra, olhas-me sabendo que eu não te vejo, porque tu não existes, porque tu nunca exististe, és uma mentira pregada numa cruz metálica, foste crucificada quando as nuvens ainda eram nuvens e hoje, como tu
Não são nada,
Esse corpo que estampas nos meus olhos não é o teu corpo, e os seios que trazes no peito... são apenas tangerinas perdidas nos muros de xisto enroladas em socalcos, abelhas e pedaços de pólen, não são nada, e tudo em ti, apenas janelas de cansaço com cortinados de algas com perfume de mendicidade, gostava de ser como tu, invisível, transparente, gostava de pertencer às pedras com películas mergulhadas em sais de prata, gostava de ser uma fotografia tua,
Não são nada,
No sorriso da lua, esse corpo pertence-te?
Como tu, o xisto esfarela-se e voa sobre os limos das volúpias ensanguentada que os mabecos deixam ficar sobre os charcos da infância, saltar à corda, jogar à bola, ao espeto... partir vidros por falta de pontaria, rir, brincar, chegar ao espelho e não acreditar que já não pertences aos corpos verdadeiros, em carne, ossos, palpáveis, comestíveis, corpos como aqueles que vivem nos edifícios das cidades dos machimbombos envenenados pelas tempestades de verniz que sobejaram das tuas unhas, como tu, o xisto esfarela-se e voa sobre os limos das volúpias ensanguentada que os mabecos deixam ficar sobre os charcos da infância, o livro de ti apaga-se, esconde-se dentro de gaveta da cómoda, sobre a mesa-de-cabeceira deixavas ficar as tuas pulseiras, os anéis... e outras tantas bugigangas, e as tatuagens que trazes no teu ombro esquerdo, hoje
No sorriso da lua, esse corpo pertence-te?
Hoje parecem cromos dispersos dentro de uma caderneta inacabada, extinta, húmida quando entra-nos pela janela o jardineiro, o frio, e os arbustos da despedida, depois ouvimos o rio, o rio com braços, pernas, púbis e coxas, e mandíbulas em aço inoxidável,
Ferro forjado,
Enferrujado e velho, as cordas dos tentáculos de vidro invadem o teu corpo, e dizem-me que...
Esse corpo não é o dela,
E dizem-me...
Ferro forjado, ferro e ferro, ferro do bom, ferro verdadeiro, corpo molhado sobre os lençóis da despedida em arbustos de lágrimas, o apito do teu vazio peito, o uivo do teu lento olhar, a bandeira dos teus alegres cabelos... e mesmo assim
Tu nunca exististe,
E mesmo assim...
Gosto de ti, gostava de ti, não o sei... talvez, amanhã, ou
Ontem?
Porquê ontem?
Tu nunca exististe,
E mesmo assim...
Gosto de ti, gostava de ti, não o sei... talvez, amanhã, ou
Ontem?
E nunca sei quando é Domingo, e nunca percebo porque acreditam as rosas nas folhas do teu livro... e ainda lá dormem, e depois
Ontem?
Dizias-me que esse corpo não era o teu, que não, pois as montanhas não falam e os pássaros não são barcos e as sanzalas não são tardes de melancolia, e o musseque não é a Primavera, o Outono...
Gosto de ti, gostava de ti, não o sei... talvez, amanhã, ou
Não falas, e dizes-me que esse
Corpo?
Não, não... e dizes-me que as minhas mãos são de pergaminho.


(não Revisto – Ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 16 de Outubro de 203

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Veda


(Tradução Turca do meu poema por Abdullah Bahadır)

bana hiç dönüşlerinde söz
beslenen bana kalpleri kum
göğsüne şiirsel guardavas ... o ve küçük yaprakları
bana söyledi her yılın sonunda ölen tüm takvimler
ve öper bu.

küçük buluşlar yetiştirilmiştir
kağıt kanatlı çocuklar vardı
ve gizli arka bahçelerinde oynayabilir
ve veda ...
Ben muz bir grup bir önlük oturma ... ile son kez gördüğümde
sorrias
ve geri dönmek için asla kendimi absented ,

Kendinizi çocuklarla dolu düşünün
bir parkta bankta
çocuklarınızın bir (varsa) biz ne yaparken ... ya da slayt yanında
biz ağlamaklı dudakları bir dizi asılı uçurtma hayal ...
ve tüm aşağı gitmesi bekleniyor ikindi bulutları

Eğer deniz Vestias
boyun gelgit bağları ... ile
desenhaste sabah ışığında bir öpücük ...
ve arzu sonsuz uyanış doğru sola
uykuya düştü
ve şimdi sürekli ... Eski ahşap kasalar enkazı arasında da gölge deneyin ...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
foto: A&M ART and Photos........O amigo poeta, poesia bonita, eu sou a tradução turca.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sonhos que acompanhavam o vendedor de sombras

foto de: A&M ART and Photos

Não sabia como apelidar-te, se de anjo, chuva... ou Primavera enlouquecida, mas sentia-te logo pela manhã, ainda meio acordado, ainda meio sonâmbulo, ainda não sentido a musicalidade dos pássaros que horas mais tarde, e de árvore em arbusto, passeiam-se como se fossem transeuntes embriagados com palavras do motor de arranque do automóvel que me transportará ao meu destino final,
não sabia,
E no entanto, quando ancorava o rabo na cadeira de couro, com pernas elegantes e rodinhas que me transportavam e me faziam transportar, em círculos, em ondas, como atravessando os espaços vazios do compartimento a que baptizaram de “escritório”, eu recordava-me dos teus olhos...
dirão... olhos, quais olhos, de quem são os olhos que neste momento dormem sobre as palavras acabadas de escrever?
E tantos, de tantas cores, uns cansados e usando óculos, outros, menos cansados, e não necessitando de uma bengala para simples leituras a curtas distâncias, e outros, outros da cor do desejo e com sabor a melancolia, a saudade, a tristeza, a... vinham as tempestades, e traziam-me os cordéis que serviam para me acorrentar às árvores em protesto pela sombra prometida, e víamos que de sombra nada ou algo parecido, concluindo que tínhamos sido burlados pelo vendedor de sombras, homem que se fazia passar por honesto, como todos os homens burlões, bem falante, com cultura superior à média, bem apresentado visualmente, e no entanto, abria a pasta de couro, e de um catálogo colorido, mostrava-nos vários tipos de sombras, algumas pareciam lâmpadas de baile de aldeia encurralada na montanha dos apaixonados cus de de um desonesto homem vendedor de lanternas, que além das sombras, nos impingia algibeiras envenenadas contra todas as perdas monetárias, como se de uma vacina se tratasse, comprei uma delas, e logo por azar, perdi trinta euros, paciência, digo-me enquanto folheio mentalmente as imagens das milhares de sombras, que ele, o homem, nos vendia por uma módica quantia de cinco mil euros,
adquiri uma em treze suaves prestações, mas até à data de hoje, sombra nenhuma,
Voltando ao apelidado “escritório” quando carregava no interruptor que supostamente serviria para ligar a lâmpada do pequenos espaço com duas secretárias (em madeira – não das outras), só não acendia lâmpada alguma como ouvia do rés-do-chão o rinchar de uma égua, a princípio não sabia explicar o sucedido, depois, depois de tanto pesquisar, de descer escadas, entrar no curral do animal, carregar no interruptor e a luz apagada, e do primeiro andar a voz da menina Augusta
acendeu a luz do escritório...
O electricista tinha trocados os fios, e o interruptor do escritório servia para acender a luz do curral da égua, e o interruptor do curral da égua, acendia a luz do “escritório”, não sabia como apelidar-te, se de anjo, chuva... ou Primavera enlouquecida, mas sentia-te logo pela manhã, ainda meio acordado, ainda meio sonâmbulo, ainda não sentido a musicalidade dos pássaros que horas mais tarde, e de árvore em arbusto, passeiam-se como se fossem transeuntes embriagados com palavras do motor de arranque do automóvel que me transportará ao meu destino final,
não sabia,
E dos inúmeros olhos que poisaram sobre os meus olhos verdes, foram os teus, foram os teus, aqueles olhos cristalinos como a água transparente da ribeira quando desce a montanha, e sem o perceberes, estás sentada num lago invisível, e nas tuas costas, cisnes, brincam, conversam contigo, iluminados pelos
não
Sonhos que acompanhavam o vendedor de sombras, e agora, não sei, se foste uma sombra, ou se és um sonho, não sei,
acendeu a luz do escritório...
Ou... talvez saiba, luzes, luzes embainhadas em cores como os milagres do burlão vendedor de sombras, que na compra de uma, me ofereceu como bónus... o teu olhar de feiticeira, escondida sempre entre jardins e clarabóias de sótãos com janelas viradas para o rio, o mesmo, que te viu despedir-se do mundo...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O último nome e o último desejo à espera do último sonho

foto: A&M ART and Photos

Foi a última vez que escreveste o meu nome, escreveste-o, continuas a escrever-me no silêncio dos Deuses e fazes-lo como se eu ainda estivesse vivo, e deixei de estar, e deixei de pertencer ao musgo ensonado que cresce no tronco dos pinheiros mansos, recordo-me de apanhar pinhões debaixo de um pinheiro ranhoso, rabugento, e tinhoso, que habitava no recreio da escola, sentava-me sobre as pedras em repouso, e fazia com que outras se movimentassem, às vezes, errava o alvo, partia um dos vidros da janela da escola, quando chegava a casa
(faziam-me uma festa, havia banda de música, havia comeres e beberes e claro, havia cinto, danças de corredor, eu na frente, e na minha peugada, o meu pai tentando acertar-me mas como sempre, eu parecia invisível, e como sempre, eu atravessava as paredes, e bastava um simples olhar...)
Sobre a secretária, quando chegava a casa, os destroços de um amor, pensava-se que eterno, mas nem as palavras são eternas, nem as pessoas, nem os corações, e procurava entre o desalinhado sossego dos objectos destruídos pela intempérie, ainda deixaste restos de café dentro de uma chávena envenenada pela presença das pérolas e de uma caneta de tinta permanente
(procurei o teu nome em vão, não respondias, e entrei em cada compartimento daquela casa assombrada, para finalmente perceber, que... tu tinhas partido, definitivamente, como partem os pássaros depois da Primavera, procurei, e procurei, e encontrei sobre a tua secretária os teus restos mortais, aqueles que já referi e mais uns botões de rosa dentro de um copo com água, sentia-se no ar o perfume, a essência, a fragrância das palavras deixadas ao acaso dentro de uma carta de despedida, ou simplesmente, de uma declaração, - De amor? - e enquanto fixava o olhar na caneta de pinta permanente, como se fosse um filme, um conjunto de imagens construíam-se-me e do nascimento dela, passando pelas ressacas da falta de tinta, dos textos e textos em meio por meias palavras, porque ela, simplesmente se recusava a escrever, a enquanto uma mão de menina a segurava, enquanto uma mão de criança bati-lhe o aparo sobre a madeira da secretária, e o texto, aos poucos, esmorecia, e morria, e deixava de existir, a a menina, e a criança, ambas, sorriam..., sorriam como nuvens de finíssima adrenalina)
E uma faca de prata, ao lado da chávena envenenada com os resto do teu café, o copo com os botões de rosa, e eu perguntava-me – De que me serve esta faca de prata? - correspondência pouca recebo, do correio electrónico, não é necessário abri-lo com a ajuda de uma faca de prata, e até os livros modernos, esses, já nem é necessário abria-lhes as páginas como o fazia quando adolescente..., e parece que tudo se perdeu, e parece que até o cheiro do papel não é o mesmo cheiro do papel de antigamente, os jornais, não têm o mesmo cheiro, e ainda recordo quando após folhear algumas das páginas, percebia-se posteriormente... - De que me serve esta faca de prata? - percebia-se que tinha os dedos e as mãos com o cheiro da tinta do jornal e de cor negra, hoje, hoje procuro-te, abro cada compartimento, até já fui ao sótão, mas de ti, nem sombra, nem o perfume, nem o som do teu colar de pérolas quando regressavas a altas horas da madrugada, sentavas-te na tua secretária, rabiscavas algo no teu caderno e depois, depois de pegares num dos botões de rosa e o cheirares, tiravas o colar de pérolas, e poisava-lo sobre a secretária, e nunca, nunca esqueci esse som melódico e poético,
(desacreditado que dos muros de xisto as folhas de videira cessem de crescer no olhar da melancolia, e se alicerce a tristeza nos gonzos desmiolados das portas e janelas com a boca virada para o mar, acreditava que as madrugadas intermináveis, não morriam, e morreram como morrem as pequenas línguas de fogo que a paixão deixa cair sobre a pele macia dos corpos clausurados nos castelos de areia - havia comeres e beberes e claro, havia cinto, danças de corredor, eu na frente em passos apressados como um louco – e nunca deixei de gostar dele)
E uma faca de prata, ao lado da chávena envenenada com o resto do teu café, o copo com os botões de rosa, e eu pergunto-me
(porquê?)
Pergunto-me se em vez de uma despedida no meio de uma feira de velharias, pergunto-me, se eu tivesse comprado o barco de papel, que sobre uma mesinha estava à venda por uns míseros Euros, - vê melhor, pior ou igual do que via com as lentes anteriores? - e sinceramente, não sei, não sei senhor doutor, mas é uma verdade que a letras miudinha de alguns livros, mesmo com estes óculos, não as consigo ler,
(e o meu sonho era viver dentro de um barco).

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

domingo, 6 de janeiro de 2013

Que têm os barcos Francisco?

(     )
E o mar em finos fios a correr pela casa, ouviam-se os petardos anárquicos misturados nas palavras amargas, às vezes, trazias nos olhos lágrimas de prata, tinhas asas de vidro, e quando te perguntava
Matilde, mexeste nas minhas tintas?
Sorrias, abanavas as asas, e voltavas a sorrir
Não, não mexi, pai
Sorrias, abanavas as asas, e voltavas a sorrir
Pai?
Sim, Matilde!
A mãe?
Que tem a mãe?
Onde está?
Sorrias, abanavas as asas, e voltavas a sorrir, e tínhamos flores em recipientes cerâmicos, de várias cores, pintavas-os com os restos de tinta acrílica dos meus tubos que ias buscar ao meu atelier, metias as mãozinhas no bibe, e de cabelo balançando dentro do vento que acabara de sair da caixa de madeira, aos poucos aproximava-se da grande cidade o paquete com ventos lilases e folhas de árvore empobrecidas pelo sal e devido ao calor, transpiravam os carros junto a Belém
Não sei, Matilde, nunca soube onde está a tua mãe,
E os carros arfavam, e tu sorrias, e eu empoleirado nas grades ouvia os pedaços de fumo do cigarro de um magala que pelo fardamento devia andar nos lanceiro, na Ajuda, sentado e de pernas cruzadas, sobre as coxas via um caderno com uma capa que tinha desenhos de flores, via também um livro “O Doutor Jivago” de Boris Pasternak, e ao longe, nos jardins de Belém dois amantes provavelmente separavam-se eternamente para o todo e sempre, ouvias-lhe
Sim, Matilde!
A mãe?
Que tem a mãe?
Onde está?
Ouvias-lhe as lágrimas de prata e tu, com asas de vidro, sorrias, ouvias-lhe os silêncios entre as árvores e os arbustos,
Tenho de ir
Porquê pai?
Já alguém te disse que tens o coiso grande?
Não sei, Matilde, nunca soube onde está a tua mãe,
E aos poucos Lisboa entrava dentro de mim, e aos poucos sentia a paixão da cidade a entranhar-se nos meus frágeis ossos, de galinha de aviário, e perguntei ao meu pai
Pai, vamos para onde?
Olhou-me, lançou o cigarro ao Tejo, a sorrir e a abanar as asas, sorrias, abanavas as asas, e voltavas a sorrir, Pai?
Vamos para Alijó.

(texto de ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó