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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Equação do esquecimento


Uma equação morre no quadriculado papel da insónia,

Tenho parábolas entranhadas no peito,

Acaricio o foco…

Abraço a directriz,

Aos poucos sinto os traços do amor entre lágrimas de giz

E pedacinhos de ausência,

As curvas planas deambulam sobre o meu cabelo,

Oiço o ranger da madrugada

Na algibeira de um ardina,

As palavras… voam em direcção ao mar,

Uma cigana lê-me a sina…

Coitada… coitada da geometria

Cravada no silêncio da vida,

Coitada da cigana… embrulhada na sombra de uma triste avenida,

Coitado de mim…

Esquecido numa seara de incenso,

Penso,

Não penso,

Sinto em ti o difícil sorriso caindo do alto da montanha,

Ela, a cigana, corre, corre… e ninguém a apanha,

Estou farto da poesia,

E dos sonhos encastrados aos rochedos do medo,

O sono fugiu de mim,

Partiu para outro continente…

Não me levou,

E fiquei só,

Com esta equação no quadriculado papel da insónia…

Vivo,

Respiro,

E fumo… e fumo noites de agonia.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 19 de Agosto de 2015

sexta-feira, 20 de março de 2015

O sono


Esta casa em alvorada sinfonia
o som das palavras contra os cubos de xisto
que habitam as montanhas da insónia
o sono
em suspenso
GREVE
hoje
em alvorada sinfonia
esta casa
velha
desabitada
triste e cansada...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 20 de Março de 2015

sábado, 13 de dezembro de 2014

A minha rua


Esta rua que me alimenta
esta rua que me corre nas veias
esta rua sem sombras
esta rua sem candeias,
tem plátanos embalsamados
tem gaivotas em papel
esta rua que me alimenta
esta rua dos silêncios embriagados,
das plumas enfeitiçadas
esta rua construída com sorrisos de vento...
a minha rua tem casas
e... e flores em sofrimento,
esta rua das noitadas
e dos cinzentos olhares com odor a poesia
na minha rua habitam canções...
e palavras em agonia,
ai... esta rua dos alentos em evaporação
e das barcaças em melodia
esta rua é vida
... esta é a rua da fantasia,
sinto a sinfonia
das tristezas disfarçadas de madrugada
esta rua nunca está cansada
esta rua... esta é uma rua apaixonada.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 13 de Dezembro de 2014

sábado, 29 de novembro de 2014

Vento sofrido


A astronomia loucura do profeta
as paredes encarceradas do guerreiro desconhecido
à força e pela força
o cansaço espaço de luz nos confins rochedos da melancolia
a astronomia
embriagada pelos momentos sem pressa
numa carta de despedida
sem palavras
ou... ou remetente
uma aventura na escuridão da cama do sonambulismo
os cigarros absorvidos pela morte do fumo colorido...
e um caixão de espuma poisado nos alicerces da canção de revolta

cessem este destino
e o silêncio
da atmosfera encarnada em comestíveis soluços de desejo
a astronomia loucura do profeta
sentado em frente ao espelho da agonia
sem sentido
sem... sem melodia
antes de acordar o dia

o vento sofrido
o corpo mordido pelos meus dedos
o odor embalsamado do prazer
em finíssimos gemidos
e uivos...
e no entanto
não existem ruas na minha mão
casas
flores
nada
apenas... um rio adormecido numa fotografia
e um Domingo desorganizado e despido...



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 29 de Novembro de 2014