Percorro
este caminho de pedras envenenadas,
Cada
palavra escrita é um novo suicídio…
A
aldeia de chocolate evapora-se ao pôr-do-sol,
O
teu corpo permanece impávido com a minha presença,
Aventuro-me
no teu cabelo…
Fresco
ao nascer do sol,
Um
livro poisa nos teus lábios recheados de poemas e beijos abstractos,
Sinto-o…,
sinto-o quando acordo e apenas vejo a tua sombra
Na
penumbra dos meus aposentos empoeirados,
Não
me vês, não pertences aos esqueletos de prata
Que
brincam na minha biblioteca,
E,
no entanto, sei que existe em mim a tua pobre sombra,
Ao
fundo do horizonte um rio que chora a tua partida,
Apenas
cruzo os braços e deixo-te partir como uma gaivota sobrevoando o mar…
Deixo-te
ir…
E
canto uma canção para alegrar os arbustos em teu redor,
O
Tejo é o Tejo…
A
ponte que te iluminava nas noites inquietas,
Os
cacilheiros apressados e tu indiferente aos seus anseios…
Não
tenho pena nem sinto tristeza,
Já
tive e vi muitos barcos…
Reais,
de papel… e de esferovite,
Desenhei-te
pela última vez de costas para a cidade,
Sentias-te
cansada das minhas mãos…
E
das minhas palavras,
Percorro
este caminho…
De
pedras…
Envenenadas
pelo silêncio.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
26 de Junho de 2017
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