sexta-feira, 19 de julho de 2013

Das laranjas embalsamadas

foto de: A&M ART and Photos

Pareia em teu dúctil corpo de incenso
a melodia poética das flores em construção...
vivo-as como se fossem gaivotas sobrevoando o desejo dos teus lábios
enfim... como se fosses uma nuvem de chocolate com doces morangos
pareiam em ti as palavras silenciosas dos minutos travestidos
que os calendários transformam num jejum incompleto e disforme...

Alimento-me das tuas cansadas dores íngremes nas plataformas inclinadas dos discos voadores
aos pratos sobre o teu peito que uma mesa de quatro pernas dorme e vive na praia dos teus seios
incongruente porque lá fora mesmo debaixo das árvores do nosso invisível quintal...
barcos
guindaste de areia
urgem como rugas na madrugada sumarenta das laranjas embalsamadas...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 18 de julho de 2013

A insígnia lágrima vestida de alegria

foto de: A&M ART and Photos

Trazias no olhar límpido a insígnia lágrima vestida de alegria
sentavas-te sobre mim e de longe ouvíamos as cansadas palavras
que migravam entre as madrugadas
mórbidas das manhãs sem marinheiro
galgando vales e campos aráveis como barcos em papel
subindo a montanha dos desejos às gargantas insolúveis da dor amanhecer,

Havia uma simples escada que terminava no segundo andar com vista para os lábios nocturnos
comendo morangos com pequenos cachos de brancas uvas...
trazias de mim a roupa pele em tonalidade de branco sujidade e sombras de torrado silencio...
mergulhávamos nos abraços que um velho esquisso transparecia através da luz da doente janela
com o coração salteando rochas de enxofre e ninguém conseguia pegar na tua doce lágrima
e fazer dela uma canção de amor ou... uma cancela com passaporte para a insónia,

Fazíamos as malas com os pedaços de tecido sobejantes das tempestades de areia
e sabias que na minha algibeira vivia um miserável humilhante verme com dentes em marfim
um transeunte em formato crocodilo que alguém trouxe de Angola...
e por engano vive
grita
ruge durante as noites de sexo sobre o tapete da casa de banho...

Trazias no olhar límpido a insígnia vergonha do corpo misturado em pequenos vidros
que desciam da nuvens embebidas em orgasmos vegetais das plantas de verniz...
escrevias nas paredes do alpendre palheiro as equações da eternidade
e um buraco de minhoca percorria-te o corpo sonolento dos soníferos de resina...
e inventavas noites a cada hora diurna...
como imagens desgovernadas a subir as escadas para o segundo andar onde habitava o nada

….

Ninguém percebe a tua boca quando se masturbam os teus lábios nas lágrimas do sofrimento...
confesso... e ninguém percebe as brechas de água que jorram dos teus lábios
confesso que a princípio pensei que eras uma lágrima voando sobre as escadas sem destino...
trazias... e gritavas... e rangiam os dentes em marfim dos esqueletos em flor
como tu e eu
dentro de um hipercubo apaixonado por rectas paralelas... fazendo o amor... algures no espaço vazio dos púbis em cacimbo quando mabecos e serpentes venenosas... derramavam sobre ti os uivos das sílabas das miseráveis algibeiras do mendigo com chapéu de bruma cor à tela desmaiada...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O belo, que tu transportas nos lábios, chega-me...

foto de: A&M ART and Photos

O belo transforma-se em floresta e das palavras, das palavras crescem andorinhas com sorriso encarnado, um mar de rosas invade os alicerces da cidade... e eu, cambaleio entre sombras nocturnas que o medo absorve... e os candeeiros solitários, onde uma penumbra emerge sobre os bancos em madeira com ripas de inveja, olho-te, meu amor, e as tuas mãos tocam-me, e do meu rosto, da minha face decalcada numa chapa de estanho uma mísera garganta embrulha-se nas vozes desgovernadas, há palavras mortas, há flores de tempestade à porta da Igreja, e tu, meu amor, sempre, sempre que me encontras perguntas-me pela música, pelas palavras... e eu, minto-te, porque nada tenho para te oferecer... apenas miséria, apenas fome,
O belo, que tu transportas nos lábios, chega-me, confesso que nunca quis ser rico, ter fortuna, confesso-te que o meu sonho era ser artista de circo, desde criança que sonho com o circo, andar de terra em terra, de País em País, de Planeta em Planeta..., ir à luar, uma semana em Marte, três dias em Saturno..., e aos Sábados, as famosas matinés de areia molhada, deitavas-te e uma língua de fogo adormecia em plena praia imaginária, um molde sobrevivi às marés, e quando entrasse a noite em nós, preenchíamos o respectivo molde com beijos e sorrisos,
E três dias depois,
Nova cidade, montar toda a estrutura, o palco, as luzes, eu, o palhaço frustrado e diminuído, habitante do patamar inferior da Sociedade, porque existem intelectuais de fim-de-semana, os ditos inteligentes com cabeça de vidro, e das omoplatas vagueiam as sibilantes listras abelhas com coração de manteiga, o filho da puta do mendigo, acaba de cuspir no meu próprio pão, e de duas sardinhas, uma para mim, a a outra, reparto-a por ela e pelos dois filhos, nunca percebeu quem eram os respectivos pais..., abríamos a janela da roulote, os vizinhos do lado, um casal de trapezistas, faziam o amor sobre o arame que prendiam de uma ponta da dita até ao infinito... e havia cordas penduradas do piano de cauda que o músico de serviço transportava como se fosse o único objecto palpável, de valor, a única riqueza,
Nunca quis ser rico,
Os intelectuais de fim-de-semana, sentam-se aplaudidamente nas primeiras cadeiras do circo, eu, o pobre, o miserável, o inculto desta terra, rodopio sobre uma bicicleta de madeira que um velho há cerca de vinte e cinco anos me ofereceu num bar no Bairro Alto, vomitávamos as palavras e nem tempo tínhamos de as escrever, havia gajas com asas de cristal e gajos com cérebros envoltos em serrim, cheira intensamente a merda, são eles, os do fim-de-semana quando descem até às raízes invisíveis das omoplatas dos cortinados dos intelectuais ditos espertos, tão... tão espertos e mergulham na burrice e acordam na estupidez, tenho fome, preciso da tua boca e dos teus seios e das tuas coxas, preciso dos alicerces da cidade, de todos os vãos de escada onde se prostituem intelectualmente alguns gajos, poucos, quase nenhuns, preciso, precisava... que da noite viessem as vísceras infames dos livros sobre as mesas de cabeceira, se eu quiser, eu consigo, porque sou um miserável, empobrecido, intelectualmente pobre, dizem-no, parvalhões com serrim envolto no cérebro, asas sobre as omoplatas, cristais nos olhos, e rodas dentadas onde devia existir um cérebro, deixavam de pensar, e aplaudiam fugazmente as palhaçadas dos artistas conceituados, na roulote em frente, o amor
Fazem-no como se ainda estivessem sobre o arame de sémen que atravessa o espaço exíguo de um lado ao outro,
Foda-se, ouviam-se-lhe os sons menstruais das Primaveras amarfanhadas, e a carroça, ou quase carroça, balançava como um plátano sobre o rio da saudade, descíamos a encosta, sentávamos-nos sobre os joelhos do desejo,
Parvalhão, tens a mania...
Sobre os joelhos do desejo, fotografias a preto-e-branco na parede da rolete, um fino tique nos dedos com sabor a chocolate emergia das fundações da ponte que ligava a cidade nova à cidade velha, e nunca, nunca mais vi o velho nem a bicicleta de madeira, mas nos meus tempos livres, o mesmo número de sempre, só que agora sem a bicicleta, sem o velho, sem o Bairro Alto... apenas um sofá com as molas sofrendo de bicos de papagaio e espondilose, perdizes, perdizes masturbam-se com as cadeiras vazias do espectáculo, murchos, os candeeiros, e das lâmpadas, nem o esqueleto, e apenas finos orgasmos de poeira vagueiam sobre a plateia..., o belo, que tu transportas nos lábios, chega-me, confesso que nunca quis ser rico, ter fortuna, confesso-te que o meu sonho era ser artista de circo, desde criança que sonho com o circo, andar de terra em terra, de País em País, de Planeta em Planeta..., ir à luar, ir e não regressar.

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 16 de julho de 2013

A última vez de nós

foto de: A&M ART and Photos

Ambos o sabíamos, todas as noites, uma caneta prateada, iluminada com tinta preta, misturava-se nas ranhuras do papel, macio, do aparo, algumas vezes, gotas minúsculas de um líquido não determinado, descia, lentamente, até que de muitas gotas minúsculas de líquido... nascia uma poça longínqua de um líquido... não determinado,
Sangue, não o era,
Suor?
Não acreditávamos,
Ambos ouvíamos o rosnar da locomotiva da cama suspensa sobre quatro velhos tijolos, tínhamos nascido pobres, continuávamos pobres, e amanhã, pobres seremos, sentados a uma mesa com quatro pernas, range, ouve-se um estranho gemido de areia, provavelmente, o mar a rondar-nos a casa, provavelmente, o homem do chapéu de palha para saciar a sua sede, ele beberá de nós o mosto disfarçado de silêncio, e não acreditávamos
Suor?
Os cigarros morriam no cansaço da tarde, gemias como uma raposa quando prensada nas ranhuras das portas com vista para o mar, víamos da fechadura um líquido esguio... e de seguida vinha a noite, fazíamos amor debaixo dos cobertores de madeira que embrulhavam a caixa onde o avô escondia a farinha de milho, recordo-te recheada naquele intenso cheiro, ao longe, víamos o rio Sul travestido de curvas com olhar de fonte de água sulfurosa, o enxofre fazia-nos arder os olhos, e das nuvens de espuma, brancas migalhas de saliva rodeavam-nos, e sentíamos no corpo a tristeza da chuva ante de desfazer-se sobre os telhados da aldeia...
Sangue, não o era,
Suor?
Não acreditávamos,
O sino anunciava-nos o silêncio que acompanhava a noite, tínhamos algumas horas para permanecermos juntos, e nunca sabíamos se era a última, a última vez de nós, ela, a caneta, introduzia-se vagarosamente nas entranhas coxas do papel de arroz, sentia-se o perfume do rio Sul subir até sobrevoar a Cárcoda..., e imaginávamos homens, e imaginávamos mulheres, e imaginávamos... madrugadas voando entre pinheiros mansos e carvalhos ensanguentados pelo desejo que o sono provocava em nós, escondidos
(de dentro da caixa da farinha sentia o teu corpo em banhos de sol, mergulhavas nas ondas que a fonte sulfurosa das Termas deixava nos teus seios de rosa encarnada)
E escondidos vivíamos os cigarros, e escrevíamos ao toque do fumo a dilacerar-se nas asas de uma gaivota que se prostituía lá para as bandas de Cais do Sodré, antes, muito antes de entrarmos dentro da caixa da farinha, ainda antes de ser dia, antes o enxofre provocar-te lágrimas no rosto que escondias do espelho do quarto do meio, diziam que a prostituta era uma velha carruagem que costumava transcrever no papel de arroz o percurso Cais do Sodré a Belém, e por aí permanecia, até que uma magala aparecia, vestia-se de mergulhador e descia às profundezas das linhas circunflexas da vaidade,
E não acreditávamos
Suor?
E no próximo apeadeiro permaneciam até que fosse dia, até que as gaivotas levantassem voo... fugissem para o mar, até que renascias do interior da caixa da farinha, víamos o rio Sul, e sentávamos-nos sobres as restantes pedras do Castro da Cárcoda... olhavas-me, e segredavas-me que a solidão era sem qualquer dúvida
Amor, a solidão é a maior prova de amor que uma flor como eu pode ter,
E de dentro da caixa da farinha, ambos, ouvíamos os sons que todos ouvimos quando habitamos apartamentos defeituosos em cidades defeituosas...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Blogue Cachimbo de Água em destaque – Sapo Angola


segunda-feira, 15 de julho de 2013

A paixão de PI

foto de: A&M ART and Photos

Invejo-te os olhos de púrpura amanhecer
quando te sentavas sobre as sombras da madrugada
sem o saber sem o perceber
amanhã envio-te as cartas prometidas com as flores desenhadas
ruas e prédios e penumbras fachadas
no jardim do silêncio à espera da tua chegada,

Amanhã prometo regressar aos teus braços
e a vela transatlântica é engolida pela insónia cristalina das tuas mãos
amanhã
engolida toda a matéria disforme numa equação desnecessária
proibida
cansadas?
maltratadas janelas com pequenos grãos de areia...
e a vã maternidade dos recortes em papel voando sobre ti,

Invejo-te os olhos
e as persianas dos teus olhos como uma fotografia a preto-e-branco caminhando junto ao mar
transformas-te em alga adormecida
e desces pelo meu corpo até te acorrentares ao meu peito aprisionado pelo medo...
invejo-te os seios perfumados como estrelas tricolores suspensas na saudade
e percebo que passou por nós... imenso tempo tempo demais...

Tempo perdido quando rectas paralelas se encontram no infinito...
acreditas, não acreditas, meu amor?
a paixão de PI quando começa o vómito de 3,141592654... no teu púbis onde desenho gráficos,
equações, máximos, mínimos... e os zeros da função...
e a função alimenta-se dos teus gemidos como vidros partidos sobre as flores das searas...
prometidas?
Invejo-te os olhos
e as tuas coxas com sabor a gaivota estonteante...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

domingo, 14 de julho de 2013

Planeta vermelho

foto de: A&M ART and Photos

Percebíamos que a nossa vida era um imaginário baloiço
sobre o mar de esplanadas com lábios de silêncio mergulhados em nadas...
percebíamos que da janela víamos os cadáveres esqueléticos das murchas flores de sémen
e havia no pátio restas lágrimas de luz com sabor a saliva ensanguentada
percebíamos que o amor éramos nós disfarçados de velhos esqueletos
com cristais silábicos pigmentados nas loucas chaminés ao longe olhando-nos
sentados sobre a cidade dos sonhos... percebíamos que o desejo
aparecia nas clarabóias dos sótãos onde se escondiam os amantes do Planeta vermelho,

Percebíamos que éramos nós quando o guarda-fato ressonava nocturnamente
como abelhas dentro de uma colmeia vagueando sobre os sorrisos da perdiz desnorteada
perdida na montanha descia-se até ao rio
e um afogado homem vestido de medo deitava a cabeça no teu colo de xisto
ouvíamos um leve suspiro
um finíssimo gemido com sabor a Primavera
percebíamos que éramos nós
porque quando nos tocávamos
porque quando nos beijávamos
o odor das estrelas estrábicas caíam sobre as searas verdejantes dos olhos de prata
carícias minguadas sobre os teus cabelos de maré criança
menina dos Domingos que o calendário absorve como insónias de papel,

E agora, meu amor por descobrir?
que farei quando abrir a porta da noite
entrar em ti sabendo que não entendes a minha presença e a minha sombra
correm em cigarros invisíveis os sofrimentos das árvores dos pássaros negros...
percebíamos que hoje éramos duas vozes que o rio há muito engoliu
e sobrevivemos a olhar os baloiços dos versos saltitando no quintal dos livros apaixonados
como nós
percebíamos... meu amor por descobrir... que o Planeta Vermelho éramos nós.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Sítios com sabor a ardósia da tarde

foto de: A&M ART and Photos

Um pouco de silêncio não faz mal a ninguém, segredavas-me quando nos sentávamos sobre a pedra de xisto junto ao rio, e ficávamos, apenas sós, e olhávamos um para o outro, inventávamos desenhos, porque são mais belos que as palavras, e assim, apenas nós, permanecíamos um em frente ao outro, de olhos verdes para olhos castanhos, sem palavras, sem cortinados de fumo, sem geometria descritiva, que às vezes, poucas, utilizávamos para transformarmos a solidão em pedacinhos de insónia, e lá vinha o eterno abraço... caía a noite sobre o teu doirado corpo, percebia-se pelos teus seios os socalcos íngremes descendo a montanha... até que os carris em aço entranhavam-se-te nas mãos tristes, tuas, ao longe, ouvíamos um sonolento comboio com rota para o Porto..., e adormecíamos como duas crianças no colo da inocência, não percebi que chorasses, e sabia que a tua tristeza era real, estava viva dentro de ti, eras como uma seara de trigo suspensa no vento vindo do mar, um pouco de silêncio, não, a ninguém como éramos espelhos côncavos dos jardins de Belém, ouvíamos o assobio do rio em todos os finais de tarde, hoje, o mesmo silêncio, o mesmo decalque do último final de tarde, o cheiro do teu corpo que sobejou e permanece intacto nos arbustos perto do rio, e recordamos os sítios com sabor a ardósia da tarde, a nossa tarde
Choviam-nos sílabas recheadas com marinheiros embriagados, dizias que amavas todos os peixes, percebi por não ser eu um peixe... que não me amavas,
Tu és diferente,
Porquê, perguntava-te,
Respondias-me que adormecíamos como duas crianças no colo da inocência, não percebi que chorasses, e sabia que a tua tristeza era real, estava viva dentro de ti, eras como uma seara de trigo suspensa no vento vindo do mar, um pouco de silêncio, não, e corações enublados avançavam pelas trincheiras do desejo, gemias quando lias os poemas de AL Berto, como se estivesses a ser penetrada por um vulcão de pétalas pintadas de encarnado,
Eu que era diferente,
Porquê?
AL Berto, sorria-nos enquanto inventávamos posições sobre o colchão manchado de tinta permanente de uma velha caneta de sexo,
Havia em nós,
O quê?
Havia em nós sítios de areias brancas, palmeiras, ao longe, machimbombos rosnavam quando o avô Domingos com um cordel os puxava pelas ruas, depois chegava a casa, cansado, abraçava-me e tombava sobre a cama, como um sonâmbulo depois de passear-se pelos rochosos sexos de sal que era cuspido pelo mar do Mussulo até que uma criança, ele, em pequenas rotações, cambaleava e experimentava o estado de embriaguez de algumas plantas, flores, pedras...
Que às vezes, poucas, utilizávamos para transformarmos a solidão em pedacinhos de insónia, e lá vinha o eterno abraço... caía a noite sobre o teu doirado corpo, percebia-se pelos teus seios os socalcos íngremes descendo a montanha... até que os carris em aço entranhavam-se-te nas mãos tristes, tuas, ao longe, ouvíamos um sonolento comboio com rota para o Porto..., e adormecíamos nos braços da tarde, éramos loucos, diziam-nos..., loucos porque amávamos os corpos nus que dormiam dentro dce nós,
Porquê?
O quê? Gemias quando lias os poemas de AL Berto, como se estivesses a ser penetrada por um vulcão de pétalas pintadas de encarnado,
Eu que era diferente,
Porquê?

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Fui crescendo

foto de: A&M ART and Photos

Fui crescendo como uma erva daninha
percorri oceanos invisíveis com bonecos de pedra
fui ouvindo vozes misturadas com débeis amanheceres
em lábios de gaivotas cansadas
fui crescendo
fui habitando o teu corpo de espuma
que dorme num cubo de vidro
fui teu
fui dele
fui...
vou sem regressar voando sobre os teus cabelos de amêndoa...
fui crescendo até que o amor me aprisionou aos teus abraços de água salgada,

Fui mendigo dormindo na calçada
fui poeta sem escrever
leitor
carcereiro onde havia livros em prisão perpétua...

Fui poeta
leitor desgovernado debaixo dos plátanos emagrecidos
fui banco de jardim onde te sentaste
e beijaste
a mim
crescendo,

Fui habitante do teu coração
onde brincávamos com as palavras das marés de Sábado à noite
fui crescendo
crescendo...
sem escrever no teu corpo versos de cacimbo
entre o som dos mabecos e os pobres telhados de zinco...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 13 de julho de 2013

Sesini ve dudaklarınızı dayandırarak ediyorum ...

fotoğraf,A&M ART and photos

*
Sesini duyduğum dayandırarak ediyorum
size asla sözlerin bana deli gibi aşık
hiç okumak
veya okumak için planı ...
Ben özlem metaforik uçuruma karşı gidiyorum
zaman göğüs bir hançer sessizlik sopa ...
göğüs çiçek ... şimdiye kadar benim parmak söndürülür
uyumak için bir fırça olarak ... kirli su bir kavanoza daldırma
korku döner
açık sabah çizimler
ağzınıza yemek
Bilmiyorum ...
Eğer öptü asla
sizin öpüşme gibi hissetmiyorum ...
kuş öpücük neden
sabah kasvet üzerinde martılar ve hayaletler kum ...
*
Sesini dayandırarak ediyorum
ve dudaklar ...
*
Ne kadar okumak

Okumayı düşünmüyoruz
yazmak
ya da gece siyah giymiş zaman aşağı çekmek ...
ben ... Saçınızın besleyici olarak Mart Lokumu ..
*
Bu yemek asla
veya ... sevgi dolu.
*
(düzeltilmemiş)
@ Luis Francisco Fontinha

traduzido para Turco por: Abdullah Bahadır

Me vou alicerçando à tua voz e aos teus lábios...

foto de: A&M ART and Photos

Me vou alicerçando à tua voz que nunca ouvi
apaixonei-me loucamente pelas tuas palavras que nunca
que nunca li
nem pretendo ler...

Me vou contra o abismo metafórico da saudade
quando um punhal de silêncio se espeta no teu peito...
no teu peito em flor... que nunca saciou os meus dedos
como um pincel em modo de pausa... mergulhado num frasco com água suja
que se transforma em medo
os desenhos límpidos da manhã
comem a tua boca
que não conheço...
que nunca beijei
que não me apetece beijar...
porque não beijo pássaros
gaivotas e fantasmas de areia sobre a penumbra madrugada...

Me vou alicerçando à tua voz
e aos teus lábios...

Que nunca li

Que não pretendo ler
escrever
ou desenhar quando descer sobre ti a noite vestida de negro...
me vou... alimentando dos teus cabelos como Delícias do Mar...

Que nunca vou comer
ou... amar.

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Poéticos e melódicos

foto de: A&M ART and Photos

Escrevi-te imensas vezes enquanto percebi a tua ausência, elas, as palavras que dormiam no papel perfumado, amontoavam-se sobre a mesa da sala de jantar, e quando chovia, da rua chegavam até nós pequenas migalhas de lágrimas, havia poéticos sons suspensos nas paredes encarnadas do velho apartamento da rua das flores, inventavas-me quando eu nunca existi para ti, ou em ti, ou dentro de ti,
Era um homem só, tu dormias incessantemente como se fosses o sono, e apenas em frente ao espelho do guarda-fato, confessavas que me amavas,
Amo-te meu querido,
Nunca acreditei nas nuvens, nem nas flores que davam o nome à rua onde habitávamos, nem nas palavras que ia deixando num pequeno post-it, tinhas nas olheiras os livros deixados na casa de Favarrel, dançavas quando te sentavas sobre o meu colo rochoso, imaginava-te como gaivota ensaiando voos na claridade do espelho da vaidade, vestias-te como um príncipe eterno de mãos canelares e braços adormecidos pelo vento desgovernado que regressava de ontem,
Amo-o,
Não sei o que foi o amor, perdi-te enquanto dormíamos num quarto de pensão inventado nas catacumbas do silêncio, ouviam-se os sons melódicos da menina de sorriso
(o mais lindo sorriso)
Chique e bela, como, amo-o, chique e bela como as ondas quadriculadas do mar que brincava no caderno de matemática, o sorriso engraçava-lhe as curvas crepusculares do corpo esculpido no desejo, sobre o pedestal do velho mar, uma língua de areia com sonhos de solidão desciam-lhe do cabelo camuflado por alguns poemas..., (o mais lindo sorriso), as imagens reflectiam-se-lhe nos seios de pétala branca, sobressaiam-lhe as sombras do soutien de papel que retirava e deixava simplesmente cair sobre as pequenas gotículas de suor, havíamos combinado resistir à tentação de sermos absorvidos pelo oceano..., levado, comido, nas ondas sem currículo, e mesmo assim, resistimos ao fantasma com olhos de cristal,
Amo-te meu querido,
Chique e bela, o sorriso... o mais brilhante do eterno desejo, amo-o, e da rua das flores, hoje, ela, o perfume, as gotículas de suor entre as ranhuras das pequenas pedras da calçada, ela é bela, ela é... e ele entre o primeiro
Amo-o,
E
E ela depois do segundo sorriso..., chique e bela, de sorriso semeado em lençóis de linho, havia uma estrela, bordada pelas mãos dele, enquanto, ela, ele, semeavam suspiros à janela da noite...
Amo-o, amo-a, desejando-os como telas clandestinas no cavalete de um pintor, louco, estrábico..., ele e ele, ela,
Amo-os,
Chique e bela, como todas as madrugadas dos teus olhos, poéticos e melódicos...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

Veneno

foto: A&M ART and Photos

salivas-me às gotículas meninas da árvore da tempestade
sabia-te mergulhada nas fantasias mistas dos vidros das portas ensonadas
como mentiras envenenadas
pelos fotões invisíveis da pele sílaba que rompem dos teus grossos lábios
de simples tiras finas de cascatas em vibração até terminarem no rio do desejo criança...
envenenas-me com o teu olhar mesmo sabendo eu que sou uma pedra
uma rocha mingua nua e contígua à claridade da cidade adormecida
e dos livros de chocolate adivinham-se-me tentáculos de silício entre raízes nocturnas,

Ruas com cérebro de teias de aranha
“putas” descabidas nas profundidades da carne apodrecida
velhos rezando o terço enquanto uma flor se masturba nos infinitos versos sem sentido
porque diz-se hoje aquilo que amanhã deixa de existir
escrevem-se palavras vindo depois desdizer-se como não escritas
e os olhos testemunham os silêncios do pedestal
onde habitas como estátua
e choras porque hoje é sábado e todos as horas morrem depois da tarde entrar em ti,

Os teus orgasmos descem da lisa pele de uma imagem a preto-e-branco
como ontem dizias-me que a loucura entrava-nos depois de rolarmos calçada abaixo
e o Tejo abraçava-nos e o Tejo ouvia-nos na escuridão dos veleiros ensanguentados
a enrolarmos charros de areia e sentávamos-nos sobre as pernas de um vulto à procura
de pálpebras e corações apaixonados...
um petroleiro entrava em ti e de mim... e de mim fios de sémen suicidando-se
na árvore da insónia
como panos de chita à volta das tuas coxas de menina perdida no rio da noite...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

O veneno do amor

foto: A&M ART and Photos

Sentia-te nos meus pobres sonhos como uma andorinha
sabia-te dentro de um círculo de luz
sentindo-te camuflares-te a mim ente poemas e versos
palavras e conversas sem significado,,,,
encontrava-te nas veias a saliva da manhã
quando acordavas nos meus braços despedidos do ontem
amava-te pensava eu
sabendo que os úmeros são conversas de loucos
apaixonados por flores carnívoras em dente de marfim
adorava-te como adoro o sol a noite e os orgasmos dispersos como manhãs...
e tu nos meus braços
desaparecias como testemunhas de cadáveres envenenados pelo amor...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 12 de julho de 2013

e tu desapareces nas asas... do silêncio

foto: A&M ART and Photos

Silêncio
liberdade de ter
e não possuir

silêncio
quando acorda a solidão
e a triste insónia
mergulha
afável
nas tuas coxas de água salgada

silêncio
quando o teu corpo é pó
deambulando entre os crucifixos em madeira
e sorriem enquanto fazemos amor
e olhas-me como se eu fosse um pincel de areia
sem lábios nem pálpebras
quando semeadas na esfera do desejo
silêncio... que te vou amar

silêncio
liberdade de ter
e não possuir

silêncio
transformado em voo nocturno sobre os pássaros do teu púbis...
silêncio cansaço em trapézios de transversais seios dispersos no teu corpo
e da alvorada
nada
possuir-te nas mãos encardidas pelos beijos da tua sagrada boca
silêncio porque ao desejar-te
todos os vidros
estilhaçam
partem
em finas películas de dor
e tu desapareces nas asas... do silêncio

amor
pequenas palavras no equilíbrio da madrugada
há silêncio
não há louco ou louca ou pássaro...
apenas penugem e silêncio vento em teus cabelos cinzentos
amor... do silêncio

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Veda


(Tradução Turca do meu poema por Abdullah Bahadır)

bana hiç dönüşlerinde söz
beslenen bana kalpleri kum
göğsüne şiirsel guardavas ... o ve küçük yaprakları
bana söyledi her yılın sonunda ölen tüm takvimler
ve öper bu.

küçük buluşlar yetiştirilmiştir
kağıt kanatlı çocuklar vardı
ve gizli arka bahçelerinde oynayabilir
ve veda ...
Ben muz bir grup bir önlük oturma ... ile son kez gördüğümde
sorrias
ve geri dönmek için asla kendimi absented ,

Kendinizi çocuklarla dolu düşünün
bir parkta bankta
çocuklarınızın bir (varsa) biz ne yaparken ... ya da slayt yanında
biz ağlamaklı dudakları bir dizi asılı uçurtma hayal ...
ve tüm aşağı gitmesi bekleniyor ikindi bulutları

Eğer deniz Vestias
boyun gelgit bağları ... ile
desenhaste sabah ışığında bir öpücük ...
ve arzu sonsuz uyanış doğru sola
uykuya düştü
ve şimdi sürekli ... Eski ahşap kasalar enkazı arasında da gölge deneyin ...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
foto: A&M ART and Photos........O amigo poeta, poesia bonita, eu sou a tradução turca.

Despedida

foto: A&M ART and Photos

Prometeste-me viagens sem regresso
alimentaste-me de corações de areia
e pequenas pétalas poéticas que guardavas junto ao peito...
dizias-me que todos os calendários morriam no final de cada ano
e que os beijos
eram pequenas invenções dos crescidos
éramos crianças com asas de papel
e brincávamos em quintais clandestinos
e quando da despedida...
vi-te pela última vez com um bibe sentada sobre um cacho de bananas...
sorrias
e eu me ausentava para nunca mais regressar,

Imagino-te recheada de filhos
num banco de jardim
ou junto ao escorrega enquanto uma das tuas crianças (se as tens) fazem o que fazíamos...
sonhávamos com papagaios de papel suspensos num cordel de lábios lacrimosos...
e esperávamos que descessem todas as nuvens dos finais de tarde,

Vestias-te de mar
com laços de maré ao pescoço...
desenhaste um beijo na luminosidade da manhã...
e parti em direcção ao infinito despertar dos desejos
adormeci
e hoje incessantemente... procuro a tua sombra entre os destroços dos velhos caixotes em madeira...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os sonhos invisíveis das praias do abismo

foto: A&M ART and Photos

Acreditava que eras uma pedra polida vagueando entre silêncios e montanhas de desejo
descias as escadas em caracol até adormeceres sobre os lençóis de mar
onde se escondiam braços de amor e beijos desalojados
começavam as chuvas frias que encobriam a tua pele castanha
como cerejas dentro de uma boião perdido no centro de uma cidade,

Amavas-me loucamente como se amam as gaivotas e os ventos de Nortada
ouvíamos as luzes dos guindastes de aço a romperem os verdejantes jardins da Ajuda
e dormíamos enrolados na neblina do amanhecer
e ninguém nos Ajudava...
havíamos descoberto as pedras da calçada como se fossem cobertores cinzentos...

Havíamos descoberto os sonhos invisíveis das praias do abismo
como se fossem cigarros de brincar
em dedos fictícios alimentados por laços de papel...
havíamos... acreditava que eras a noite quando voavas sobre as velas de linho
dos veleiros em madeira e cansados sobre a mesa da sala...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 9 de julho de 2013

A cidade dos cães

foto: A&M ART and Photos

Solicitavas-me nos dias proibidos
escrevias o meu nome nas pedras ímpares da cidade dos cães
misturavas sílabas indefesas com folhas de laminado xisto
a preto-e-branco um rio pertencia a uma imagem adormecida no amanhecer sem relógios
solicitavas-me quando ainda todos lá de casa brincavam
sonhavam
acordados porque tinham sido picados com gotas de insónia
que o vento trazia do outro lado da planície,

Éramos putos governados por esqueletos de palha
conforme rangiam as vidraças dos corações de centeio
amávamos-nos entre árvores e pincéis mergulhados em tintas alimentadas com pequenas luas
que a alvorada deixava ficar debaixo da tenda do circo
corríamos de terra em terra
em busca do prazer carnal como cegonhas viciadas em jejuns de areia...
e corpos masculinos estampados nas paredes cinzentas do amor
que os pequenos cigarros iluminavam as noites envergonhadas dos lençóis imaginários,

Solicitavas-me do preto desejo que o teu espelho acorrentava
quando as tuas coxas eram o fim de mais um dia de transbordo e vãos de escada
que subíamos e aterrávamos num sótão com lentes de marfim e dentes de âncoras em correntes de doce chocolate
vivíamos o amor num círculo trigonométrico
entre senos e cossenos... depois das tangentes que os teus seios desenhavam no meu dorso de cristal...
um ângulo perdidamente apaixonado... voava em direcção ao mar
e a cidade dos cães escondia-se entre os cortinados das tuas coxas...
em pequenas açoitadas flores com olhos verdes que me beijavam quando entrava em nós a escuridão dos dedos testiculares da madrugada...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 8 de julho de 2013

As auras mãos de menina

foto: A&M ART and Photos

Vejo as faúlhas da parvalhice, sinto das auras mãos de menina, o doce perfume da mulher desiludida, com o marido, com os filhos, com os vizinhos, com os políticos..., comigo, com ele, ou com o amante, sinto-lhe a leveza vassalagem a transbordar a alegria de pálpebras negras, e empobrecidas, falta-lhe o amor, falta-lhe ser amada, desejada, possuída... sobre as toalhas vadias das tempestades de Agosto,
(assobiam os manifestantes contra a ausência de amor)
Crescem pétalas de amor como de lixo existe nas ruas, há muito amor, este ano, para dar, oferecer e vender, este ano tudo se oferece, e tudo é possível de concretizar, as auras de menina, o doce perfume da mulher acabada de o ser, finge ter um marido ausente, caminha pelas encostas cegas dos socalcos abandonados, imagina um rio feliz, imagina um homem a comandar esse rio, e apenas com um sorriso nos lábios, ele, ele desancora o casebre em ruínas, dissimuladas canções escritas em paredes de areia, velhas cortinas em janelas de madeira, tudo arde, e ele corre até entrar nos orgasmos clandestinos das eleições que se avizinham, alguns, precocemente, já ejacularam, outros, nem esse prazer chegaram a sentir, porque é assim a puta da vida, quando se quer, não se tem, às vezes, apostam no cavalo errado, por essa razão comecei a apostar em ratos de capoeira, são destros, astutos e sabem sempre o que fazer, alicerçam-se os caminhos até ao cimo das escadas com vista para as nuvens, e tudo se perderá como um simples grão de areia...
(assobiam os manifestantes contra a ausência de amor)
Vejo as faúlhas da parvalhice,
Como são as borboletas?
Têm pintinhas nas asas, meu amor,
Como as ondas silvestres dos Oceanos mergulhados em areia branca, uma voz de carneiro desaparece dos currais desabitados e com telhas em cerâmica pintadas de verde alface, oiço os orgasmos inconsequentes de alguns candidatos, e coitadas das mulheres que descem e sobem a montanha da vaidade, infelizes, tristes como as mãos do escultor, que tendo diante dele um pedaço de rocha, nada dali sairá até que desçam todas as estrelas dos céus onde se escondem os malabaristas do costume, e afins,
(não falo de política, porque me enoja a sobrevivência de alguns)
Ela amanhava uns cabelos curtos, castanhos e com alguns desenhos misturados com algumas frases inocentes, deitávamos-nos sobre uma lago de sémen e olhávamos os edifícios com braços longos e esguios, alguns deles, masturbam-se intelectualmente e sem se aperceberem, os edifícios, deslizam rua abaixo... até que o Tejo os apanha, os coloca no comboio para Cais do Sodré, e depois, nasce a manhã em nós, e depois...
Têm pintinhas nas asas, meu amor,
E depois crescem pétalas de amor como de lixo existe nas ruas, há muito amor, este ano, para dar, oferecer e vender, este ano tudo se oferece, e tudo é possível de concretizar, as auras de menina, o doce perfume da mulher acabada de o ser, finge ter um marido ausente, ama o amante, e tem raiva às flores amarelas,
Porquê?
Pergunto-me se seria possível viver sem ti, sem os teus carris, sem as tuas sombras, pergunto-me... e percebo, que há sempre uma esplanada de amor à nossa espera, sempre, como as chuvas depois do carregado céu com estrelas de papel, Porquê
Porquê o quê?
(não falo de política, porque me enoja a sobrevivência de alguns)
Porquê o quê?
… se a cidade é tão bela, se a cidade tem um coração de amêndoa e uma pétala poética e melódica... como as palavras dos Fingertips..., como os pinheiros de Carvalhais, como as algas na boca dos teus queridos peixes...
E amanhã
Porquê o quê?
E amanhã, logo pela manhã, serei odiado por alguns sobrevivente raivoso porque este texto existe e é meu...

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha