foto: A&M ART and Photos
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Solicitavas-me nos dias proibidos
escrevias o meu nome nas pedras ímpares
da cidade dos cães
misturavas sílabas indefesas com
folhas de laminado xisto
a preto-e-branco um rio pertencia a uma
imagem adormecida no amanhecer sem relógios
solicitavas-me quando ainda todos lá
de casa brincavam
sonhavam
acordados porque tinham sido picados
com gotas de insónia
que o vento trazia do outro lado da
planície,
Éramos putos governados por esqueletos
de palha
conforme rangiam as vidraças dos
corações de centeio
amávamos-nos entre árvores e pincéis
mergulhados em tintas alimentadas com pequenas luas
que a alvorada deixava ficar debaixo da
tenda do circo
corríamos de terra em terra
em busca do prazer carnal como cegonhas
viciadas em jejuns de areia...
e corpos masculinos estampados nas
paredes cinzentas do amor
que os pequenos cigarros iluminavam as
noites envergonhadas dos lençóis imaginários,
Solicitavas-me do preto desejo que o
teu espelho acorrentava
quando as tuas coxas eram o fim de mais
um dia de transbordo e vãos de escada
que subíamos e aterrávamos num sótão
com lentes de marfim e dentes de âncoras em correntes de doce
chocolate
vivíamos o amor num círculo
trigonométrico
entre senos e cossenos... depois das
tangentes que os teus seios desenhavam no meu dorso de cristal...
um ângulo perdidamente apaixonado...
voava em direcção ao mar
e a cidade dos cães escondia-se entre
os cortinados das tuas coxas...
em pequenas açoitadas flores com olhos
verdes que me beijavam quando entrava em nós a escuridão dos dedos
testiculares da madrugada...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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