foto: A&M ART and Photos
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Acreditava que eras uma pedra polida
vagueando entre silêncios e montanhas de desejo
descias as escadas em caracol até
adormeceres sobre os lençóis de mar
onde se escondiam braços de amor e
beijos desalojados
começavam as chuvas frias que
encobriam a tua pele castanha
como cerejas dentro de uma boião
perdido no centro de uma cidade,
Amavas-me loucamente como se amam as
gaivotas e os ventos de Nortada
ouvíamos as luzes dos guindastes de
aço a romperem os verdejantes jardins da Ajuda
e dormíamos enrolados na neblina do
amanhecer
e ninguém nos Ajudava...
havíamos descoberto as pedras da
calçada como se fossem cobertores cinzentos...
Havíamos descoberto os sonhos
invisíveis das praias do abismo
como se fossem cigarros de brincar
em dedos fictícios alimentados por
laços de papel...
havíamos... acreditava que eras a
noite quando voavas sobre as velas de linho
dos veleiros em madeira e cansados
sobre a mesa da sala...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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