O
arco e flecha encurralados na floresta
O
arco-íris do teu olhar
Sem
cor
Nu
No
escuro tormento da dor
A
raiva do xisto contra as mãos do velho
O
chapéu dançando conforme ia crescendo a embriaguez
O
dia
Esfumava-se
entre os dedos
Nunca
conheceu a alegria
Nem
sabia
Da
morte
Nas
palavras
Pálpebras
do engano
Não
comia
E
de vez em quando
Sentia
Na
garganta
Os
alicates do sono
Tinha
medo do rio
E
do seu nome
Dizia
que as árvores eram toalhas em renda
Deitadas
nas acácias do sonho
Habitava
nas rochas
Nunca
lhe conheci casa
Mulher
Ou…
Ou
família
També
não interessa
Lamentava-se
Enquanto
tropeçava nos candeeiros
Semeados
no centro do passeio
E
perguntava-se…
Quem
foi o filho da” puta” que mandou colocar os candeeiros no meio do passeio…?
Alguém
mais embriagado do que ele
Alguém
mais parvalhão do que eu
Porque
eu e ele
Somos
um
A
minha imagem projectada na parede
Éramos
dois
Combóis
de silêncio
Descendo
a Ajuda
(O
arco e flecha encurralados na floresta
O
arco-íris do teu olhar
Sem
cor
Nu)
E
eu
Dois
esqueletos na parede…
Não
há cigarros hoje
E
amanhã…
Dois
Um
Dois
Descíamos
E
subíamos
As
escadas do desejo
A
espingarda disparava canetas de tinta permanente
O
caderno preto
Gemendo
no crivo da madrugada
Não
sabia que as pedras choravam
Quando
eu acordava
Desalmado
Embalsamado
E
enforcado no peitoril enlouquecido
Ela
gritava-me do limiar da pobreza
Não
Não…
Hoje
não
Terminava
o dia
E
o tédio
Regressava
Sem
bagagem…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira,
17 de Abril de 2015