Olho a cidade
Enfeitada de mendigos e miseráveis
E vejo-me sentado junto ao rio
A contar cacilheiros e gaivotas com cio
Também eu mendigo
Sem cio
Miserável diplomado
Escondido nos jardins de Belém
Subo a calçada e desapareço entre os paralelepípedos da miséria
E de um livro do António (Lobo Antunes)
As recordações de Luanda entram-me pela janela da infância
E apalmo as mangueiras e apalpo o mar
E as minhas pernas fraquejam dentro da cidade
E os meus braços enfeitados de mendigos e miseráveis…
Desce a noite sobre a Ajuda
E um mangala sorri aos orgasmos das árvores
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