foto de: A&M ART and Photos
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serei o velho relojoeiro com olhos de
carvoeiro
aquele que deambula pela cidade
de pêndulo suspenso na alvorada
dá-lhe corda
fá-lo correr quando se ouve a maré
dos silvados xistosos nas encostas íngremes do Douro...
há um leve apito de um novo marinheiro
o cachimbo geosmina como serpentinas
voando sobre os candeeiros da saudade
o velho relojoeiro engata uma nova
carvoeira
decidem os dois romperem os lençóis
do desejo quando os segundos ficam suspensos nas ardósias tardes de
literatura
há uma cama estonteante com tonturas e
pequenos enjoos...
coisa de loucos
drogas dizem logo os transeuntes da rua
dos abismos...
cansaço... sussurra o Psiquiatra
Manel...
o homem do homem esconde-se nas
ventosas térreas das searas negras
o velho relojoeiro dá a sua mão
milagrosa à menina acabada de engatar
ouvem-se as sílabas castanhas
borbulhando sobre uma prata de alumínio
chovem as lágrimas da menina engatada
se é a carvoeira ou a mendiga
empregada da livraria... eu não o sei...
o homem chove
desculpem... os homens não chovem
choram
não choram
se fodem ou não fodem...
o silêncio sabe-o como sabe o cinzento
eléctrico das noites que ejaculam migalhas de pão
sobre uma mesa... uma mesa sem vaidade
uma mesa sem...
sentido
pratos
húmidas abstractas colectâneas
toalhas bordadas...
comida pouca
serei o velho relojoeiro com olhos de
carvoeiro
aquele que deambula pela cidade?
uma mesa vestida de eléctrico
palmilhando medos
voando sobre a cidade das searas negras
parte de Cais do Sodré e adormece
sobre a lápide encarnada do cemitério da Ajuda
não...
não AJUDA nada
pertenceres aos mosquitos de prata que
brincam nos relógios de cacimbo
procurando a menina engatada pelo velho
relojoeiro
carvoeiro... ejaculam
toalhas bordadas...
comida pouca
serei o velho relojoeiro com olhos de
carvoeiro
aquele que deambula pela cidade?
- que horas tens meu querido?
uma mesa sem...
sentido
pratos
húmidas abstractas colectâneas
toalhas bordadas...
… fá-lo correr quando se ouve a maré
dos silvados xistosos nas encostas íngremes do Douro...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 28 de Novembro de 2013
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