Aquele beijo que ficou esquecido sobre a
mesa-de-cabeceira, aquele sorriso impregnado na vidraça estilhaçada
da janela com fotografia para o quelho, aquele abraço perdido dentro
dos cobertores da inocência, aquele beijo, aqueles teus lábios em
pétalas que o desejo sobejou das tardes perdidas, aqueles livros
poeirentos abandonados na estante do corredor, aquele teu alicerçado
seio sobre a minha solidão, claro... imortal na cama em tardes de
neblina, imortal no jardim dos clandestinos Domingos...
Sábados à tarde,
Sexta-feira à noite,
Aquele beijo, aquela melodia adormecida sobre os
abajures da melancolia, aquele dia com palavras de luar, aquela
madrugada com talheres em prata, e corpos, corpos de nata...
E ouvíamos o beijo esquecido das gaivotas em cio, e
ouvíamos os tristes carris da liberdade mergulharem nas montanhas de
papel como lagartas e outros bichos, coitados
Procurando,
Coitados...
Caminhando..., o beijo esquecido das gaivotas em
cio, procurando as cinzas do casebre abandonado depois de partirem
todas as árvores do destino que acompanhavam as alegres palavras
comedidas pelas mãos de giz... aquele divã onde te deitavas, e eu,
eu sobre ti entranhava-me nos teus gemidos invisíveis dos xistos
borboletas em voos de andorinha, coitados...
De nós...
Deles...
O beijo esquecido das gaivotas em cio, o barco
apodrecido no cais que alguém pintou nas paredes do velho bar de
marujo embriagado, dizes-me que não, e eu, eu sinto-me dentro de ti
como se eu fosse o teu feto indesejado, aquele que não queres, nunca
quiseste... a gaivota dilacerada nas velhas nuvens de oiro... imortal
no jardim dos clandestinos
Domingos...
Sábados à tarde,Sexta-feira à noite,
(….........)
@Francisco Luís Fontinha - Alijó
Sem comentários:
Enviar um comentário