foto de: A&M ART and Photos
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Conheço-te como antes pertencias aos endereços
indefinidos dos mórbidos edifícios de fachada apodrecida, tinhas
velas na cabeça, panos distintos bordados por donzelas meninas de
dedal encarnado, vivíamos escondidos nas palavras empobrecidas dos
cansaços dias, éramos felizes, e tínhamos dentro de nós as
roldanas sobejantes das angustiantes vertigens dos serões de prata,
vestias-te de bronzeado loiro como palavras embebidas no cinzento
alvor dos antigos combatentes que as ruas desordenadas vomitavam
antes de acordar a madrugada,
Sinto-te triste, infeliz,
Distantes
Ancorado aos infinitos orgasmos das planícies de
areia,
(maldito cancro que te come como um vampiro
ensanguentado nas sílabas tristes dos homens que choram depois do
rio se esconder nos arbustos das alegres soalheiras horas de sol,
havia em nós palavras impropriáveis, palavras proibidas, palavras
inconfessáveis... palavras da merda que tu e eu... fazemos de conta
não existirem...)
Sinto-te triste, infeliz,
Distantes
Como?
Alimentos, algerozes empobrecidos caindo dos
telhados de zimbro que tu engoles antes de saíres de casa, havia
neblina nos teus olhos, havia cacimbo nos teus ossos... havia
Distantes?
Os desenhos meus na tua face oculta, amargurada,
como?
Percebendo que as estrelas são pedaços de papel...
Desistires?
Percebendo que o Sol é uma lanterna mágica, um
cinzento vidro com olhos verdes, e cabelo castanho, vestias calões e
sandálias em couro maciço, habitavas em mim como habitavam em ti os
mabecos desgostosos das sanzalas de cetim que a madrugada
construía...
Desgostosos?
Os desenhos meus na tua face oculta, amargurada,
como?
Percebendo que as estrelas são pedaços de papel...
Que sofres e adormentas as tuas mágoas nos cacifos
metálicos do recreio da escola, partia os vidros com vista para
azeitona verdejantes do silêncio dos peixes, tínhamos duas
vagueantes ruas com algibeira de alicerce prateado, contávamos as
poucas moedas da manhã sem pudor...
E o teu corpo
E o meu corpo
Tinham manchas de bolor como as paredes do duzentos
e dezasseis... como fendas e brechas, frestas... coloridas mãos que
se masturbavam nos teus seios... maldito cancro que te come como um
vampiro ensanguentado nas sílabas tristes dos homens que choram
depois do rio se esconder nos arbustos das alegres soalheiras horas
de sol, havia em nós palavras impropriáveis, palavras proibidas,
palavras inconfessáveis... palavras da merda que tu e eu... fazemos
de conta não existirem...
(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 28 de Novembro de 2013
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