foto de: A&M ART and Photos
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permaneces intacta como uma imagem
sedentária na mão do homem com o chapéu negro
finges sorrisos camuflados nos orgasmos
flutuantes do fumo em suspense
o cigarro dilacera-se e adormece na mão
do homem com o chapéu negro
e imaginas-te
em liberdade sobre a cidade em chamas
que o desejo desenha no teu corpo em porcelana marginal...
sentes-te uma pomba abandonada?
uma gaivota traída por um petroleiro
de fino estanho suspenso na tua varanda imaginária?
ou... serás a serpente do medo que
brinca dentro do quarto onde se esconde o homem com o chapéu negro e
suicida-se na corda do fumo invisível que atravessa o cortinado do
sexo pelo sexo...
uma janela insemina-se e dizes-me que
nas árvores do quintal do nosso antigo vizinho
lembras-te? aquele que construía
sonhos com pedacinhos em papel...
habitam mangas embalsamadas.... e
ouvem-se as lágrimas do esqueleto de cheiros quando regressa a chuva
(e daí
vêm a nós os sorrisos das cansadas
madrugadas como engrenagens cinemáticas dentro de um álbum de capa
dura...)
oiço os teu cigarros no ridículo
silêncio da tempestade de cimento a que chamas de pavimento dos
silêncios minguados quando mergulham em ti as sílabas dos
tentáculos da dor
oiço as delícias do mar dentro da tua
sandes...
sonoros corações de manteiga
despendem-se do solidificado amor das tardes em amoreiras de vidro
emagrecido e a paixão enaltece o significado da palavra...
“despedido”
um dia serás como a morfina
curarás o meu sofrimento
e farás parte do meu cadáver de
madeira enquanto a noite vaguear junto aos arrais embriagados...
suspiras
e finges... ais
e alimentas-te dos versos meus
meus... como pedras sobre a cidade
fingida dos uis...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013
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