foto de: A&M ART and Photos
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(sou um prisioneiro covarde
sem vontade de fugir
sem vida para viver)
sou um pergaminho pássaro que arde na
lareira dos sonhos
um prisioneiro covarde
sem vontade
navegando sobre os carris invisíveis
da cidade
invento madrugadas
invento sandes de realidade
e algibeiras vazias
sem nada
sou um prisioneiro ambulante
uma roulote desgovernada
em direcção ao mar
em direcção... ao nada
sou uma ponte quebrada
uma puta abandonada
(sou uma tenda de circo
com palhaços
eu... eu disfarçado de gaja
servindo chocolates com amendoins...)
sou um prisioneiro pregado às janelas
do inferno
viajo de árvore em árvore
de vão em vão
de cigarro
ao cigarro
sem cigarros
subo as escadas sem corrimão
chego ao sótão
estás tu mergulhada no espelho
corneando o cinzeiro de prata
desço
desço às sanzalas de lata
e não consigo derreter as amarras
(sou um prisioneiro covarde
sem vontade de fugir
sem vida para viver)
sou o alimento dos alimentos
os pólens insaturados dos guindastes
que dormem no porto de Luanda
embarco
desembarco
desço
e subo ao sótão dos corneados
cinzeiros de prata
abro o postigo com fotografia para a
ribeira da tristeza
nua
a beleza alegria correndo como
sandálias de gelatinosas geadas de vidro...
e eu fingindo amores supérfluos num
cadeado de madeira
e o macaco da vizinha a comer as minhas
amêndoas
e eu... eu um prisioneiro covarde sem
vontade de partir...
chorando subtilezas e pedaços de papel
celofane...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 26 de Novembro de 2013
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