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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

corpo em porcelana marginal...

foto de: A&M ART and Photos

permaneces intacta como uma imagem sedentária na mão do homem com o chapéu negro
finges sorrisos camuflados nos orgasmos flutuantes do fumo em suspense
o cigarro dilacera-se e adormece na mão do homem com o chapéu negro
e imaginas-te
em liberdade sobre a cidade em chamas que o desejo desenha no teu corpo em porcelana marginal...
sentes-te uma pomba abandonada?
uma gaivota traída por um petroleiro de fino estanho suspenso na tua varanda imaginária?
ou... serás a serpente do medo que brinca dentro do quarto onde se esconde o homem com o chapéu negro e suicida-se na corda do fumo invisível que atravessa o cortinado do sexo pelo sexo...
uma janela insemina-se e dizes-me que nas árvores do quintal do nosso antigo vizinho
lembras-te? aquele que construía sonhos com pedacinhos em papel...
habitam mangas embalsamadas.... e ouvem-se as lágrimas do esqueleto de cheiros quando regressa a chuva

(e daí
vêm a nós os sorrisos das cansadas madrugadas como engrenagens cinemáticas dentro de um álbum de capa dura...)

oiço os teu cigarros no ridículo silêncio da tempestade de cimento a que chamas de pavimento dos silêncios minguados quando mergulham em ti as sílabas dos tentáculos da dor
oiço as delícias do mar dentro da tua sandes...
sonoros corações de manteiga despendem-se do solidificado amor das tardes em amoreiras de vidro emagrecido e a paixão enaltece o significado da palavra... “despedido”
um dia serás como a morfina
curarás o meu sofrimento
e farás parte do meu cadáver de madeira enquanto a noite vaguear junto aos arrais embriagados...
suspiras
e finges... ais
e alimentas-te dos versos meus
meus... como pedras sobre a cidade fingida dos uis...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013