foto de: A&M ART and Photos
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Trazias no olhar límpido a insígnia
lágrima vestida de alegria
sentavas-te sobre mim e de longe
ouvíamos as cansadas palavras
que migravam entre as madrugadas
mórbidas das manhãs sem marinheiro
galgando vales e campos aráveis como
barcos em papel
subindo a montanha dos desejos às
gargantas insolúveis da dor amanhecer,
Havia uma simples escada que terminava
no segundo andar com vista para os lábios nocturnos
comendo morangos com pequenos cachos de
brancas uvas...
trazias de mim a roupa pele em
tonalidade de branco sujidade e sombras de torrado silencio...
mergulhávamos nos abraços que um
velho esquisso transparecia através da luz da doente janela
com o coração salteando rochas de
enxofre e ninguém conseguia pegar na tua doce lágrima
e fazer dela uma canção de amor ou...
uma cancela com passaporte para a insónia,
Fazíamos as malas com os pedaços de
tecido sobejantes das tempestades de areia
e sabias que na minha algibeira vivia
um miserável humilhante verme com dentes em marfim
um transeunte em formato crocodilo que
alguém trouxe de Angola...
e por engano vive
grita
ruge durante as noites de sexo sobre o
tapete da casa de banho...
Trazias no olhar límpido a insígnia
vergonha do corpo misturado em pequenos vidros
que desciam da nuvens embebidas em
orgasmos vegetais das plantas de verniz...
escrevias nas paredes do alpendre
palheiro as equações da eternidade
e um buraco de minhoca percorria-te o
corpo sonolento dos soníferos de resina...
e inventavas noites a cada hora
diurna...
como imagens desgovernadas a subir as
escadas para o segundo andar onde habitava o nada
….
Ninguém percebe a tua boca quando se
masturbam os teus lábios nas lágrimas do sofrimento...
confesso... e ninguém percebe as
brechas de água que jorram dos teus lábios
confesso que a princípio pensei que
eras uma lágrima voando sobre as escadas sem destino...
trazias... e gritavas... e rangiam os
dentes em marfim dos esqueletos em flor
como tu e eu
dentro de um hipercubo apaixonado por
rectas paralelas... fazendo o amor... algures no espaço vazio dos
púbis em cacimbo quando mabecos e serpentes venenosas... derramavam
sobre ti os uivos das sílabas das miseráveis algibeiras do mendigo
com chapéu de bruma cor à tela desmaiada...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha