Amo-te dentro desta esfera em silêncio
Junto a este caderno
quadriculado…
Amo-te na imensidão dos
dias
E das noites
E das noites…
Sem os dias,
Amo-te como se estivesse
a resolver uma equação diferencial ordinária de segunda ordem
Que não me vai fazer
feliz
Resolvê-la
E que a única pessoa aqui
feliz…
É o professor Mário
Abrantes
Por eu a revolver,
Amo-te enquanto a Terra
dá voltas ao Sol
E roda sobre ela mesma
Amo-te sabendo que do
outro lado da rua
Brinca o mar
O mar da minha infância,
Amo-te junto a este
hipercubo
Que está abraçado à
matriz transposta da paixão…
Enquanto um beijo meu…
Anda por aí…
Entre a montanha
E a filha da montanha
E o chão,
Amo-te à vigésima quinta
hora
Enquanto uma louca
locomotiva se faz à estrada
Rumo aos rabiscos das
minhas folhas de papel…
Amo-te dentro deste
complexo casaco de forças
Em perfeito equilíbrio
Em X
Em Y
E em Z,
Amo-te à trigésima quinta
madrugada…
Sem dormir
Quando dentro desta
esfera em silêncio
Me obrigam a calcular o
seu volume…
Idade…
E o sexo,
Antes que a noite te
roube de mim.
02/07/2023
Francisco