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terça-feira, 16 de abril de 2019

Trigonometria


O amor é uma merda.

No coração não temos nada,

Nem melodia, nem palavras, nem uma simples canção…

Quando acorda a madrugada.

O coração não ama, não chora,

O coração é uma máquina, uma bomba, nada mais do que isso.

Ninguém está no coração de ninguém,

Nem as palavras, nem as almas penadas…

O amor é uma merda,

Complexa,

Como os rochedos da floresta.

Será o amor uma equação diferencial?

O esforço transverso?

O momento flector?

Ou será o amor apenas uma pequena flor,

Na lapela de um qualquer caderno quadriculado…

Tudo isso, é nada.

A paixão é como a sombra das minhas bananeiras,

Ou como o sumo das minhas tâmaras…

Azedas,

Tristes,

Como a alvorada.

Poderá um petroleiro ser amor?

Uma jangada sem destino,

Em direcção ao abismo?

E o coração?

Uma máquina, apenas, nada mais do que isso.

O amor é uma merda,

Como todas as flores do teu jardim,

Feias,

Raquíticas…

Anormais.

Será o amor uma equação trigonométrica?

Do tipo:

O co-seno ao quadrado do amor mais o seno ao quadrado do amor é igual a um…

Pronto.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

16/04/2019

sábado, 7 de dezembro de 2013

os quês e os porquês

foto de: A&M ART and Photos

um dia perceberás os quês
e os porquês...
… os porquês das minhas correntes de aço
e os quês...
os quês das minhas tristes mãos de papel celofane
um dia saberás que todas estas palavras nunca existiram
que eu não existo e sou apenas uma invisível mulher filha da madrugada
um dia
quem sabe
perceberás os meus quês e os teus
dela
porquês das sílabas tontas quando embriagadas nas nocturnas viagens ao infinito
um dia saberás que fui sempre um covarde de merda
correndo aprisionado a um maldito barco enferrujado
um gajo doido... que sonha com telhados em zinco
(vê tu meu amor... telhados em zinco)
palhotas
mangueiras
bananeiras...
pai... o que são machimbombos?
isso não existe
porquês
os quês
como borboletas nas tuas calças de tecido engomado...
saíamos das cabeças com cobertura de chocolate
tínhamos os dedos entrelaçados
e os quês
porquês
não sabiam
nós não sabíamos que os homens eram em granito
e os olhos construídos de sombras tempestades de aveia
aveia, pai?
querias tu escrever... areia
quero eu escrever
meu filho
aveia... aveia límpida em sexos murchos depois do cacimbo abalar...
um dia perceberás os quês
e os porquês...
e o que faço eu aqui
esperando o teu insípido regresso
os quês
e o amanhecer dos teus porquês...
um dia perceberás que as nuvens são de algodão
e as nádegas
nádegas, pai?
não, não meu filho...
que os livros são de palavras loucas
que procuram loucas bocas e apaixonados lábios...
(eu um homem em fuga
da paixão
do regresso dos quês...
e dos quês... dos porquês...
eu
um homem apaixonado com medo dele
ele... o covarde de merda
de pedra e com olhos de sombras tempestades de aveia)


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 7 de Dezembro de 2013