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domingo, 16 de abril de 2023

Pequena espada de luz

 A espada de luz

Que aos poucos se alicerça no meu peito

É a chave que a noite me dá

É a chave que a noite me tira

A espada de luz

Que invento nos meus olhos

Será o veneno dos meus sonhos

Enquanto eu tiver sonhos

Enquanto eu tiver vida,

 

Enquanto eu tiver noite

Enquanto eu tiver olhos

Enquanto esta espada de luz tiver vida

Vida própria

Emoções

Cansaços

E desilusões,

 

Esta pequena espada de luz

Levar-me-á ao silêncio dos teus olhos

Enquanto os teus olhos

Enquanto esta espada de luz

Tiverem vida

Enquanto o meu peito

For um pedaço de mármore abandonado

Um pedaço de mármore sem memória.

 

 

 

16/04/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Equações, palavrões & trambolhões

 

Milimetricamente falando,

Sou uma simples quadrícula sem memória,

Nas mãos de uma criança.

Sou uma flor

Dançando,

Sou estória,

História morta à nascença.

Semeio palavras na eira madrugada,

Quando das nuvens acordam os pássaros vagabundos,

Milimetricamente falando,

Sou uma página cansada,

Cansada das palavras sem rumo,

Sou uma velha enxada,

Enxada que transforma o mundo.

Tenho na mão

A equação do adeus ingrime da solidão,

Tenho na mão, a mão da minha mão,

À mão do meu coração.

Sou, então, uma velha página a arder,

No corpo da serpente,

Sou uma página de escrever,

Escrever o que ela sente.

Tenho na mão,

Milimetricamente falando,

Todo o cansaço de viver.

Tenho na mão,

Na minha mão,

Palavras para escrever,

Escrever para não sofrer.

Sofrendo, ela percebe que pertenço aos números primos.

Sou estátua que dança na neblina,

Sou equação que brilha na escuridão;

E todos nós sentimos,

A cidade menina,

À cidade minha canção.

Tenho nesta mão,

Um pedacinho sorriso beijar,

Tenho na outra mão,

O desejo simples de amar.

Escreves-te entre uma recta paralela

E finas lâminas de geada,

Escreves-te quando nasce o sol na nossa triste aldeia;

E sabes, rosa amarela?

Do teu jardim vem até mim uma rosa cansada,

Cansada e tão bela…

Tão bela essa Sereia.

E, entre equações

E palavrões,

Deus não mete a colher.

Não se importa,

Nem quer…

Não quer que eu abra esta triste porta.

Sendo assim,

Todas as equações,

Todos os palavrões

E todos os trambolhões,

São cremados

E sepultados,

No meu alegre jardim.

(o jardim das ilusões)

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 5/11/2021

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Falsa memória nos braços da paixão

(desenho de Francisco Luís Fontinha)


A mentira dos homens
mergulhada na falsa memória,
a solidão das palavras,
escritas e semeadas,
nos longínquos corredores da insónia,
o imperfeito corpo do espelho que alimenta a paixão...
em pedaços,
tão pequeninos... como grãos de areia em pleno voo matinal,
as telas amordaçadas que habitam a minha casa, ardem,
sinto o fumo de néon quando pego numa caneta,
tenho uma carta para escrever...
mas,

mas mergulho na falsa memória,
sem destinatário,
sem remetente...
tão sós...
o subscrito,
e a folha de papel oferecida por um pindérico pássaro de cigarro nos lábios...



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 15 de Janeiro de 2015