A
vertigem
O
dia triste
Quando
é envenenado pela saudade
Há
no olhar da esperança
Um
cigarro poético
Derramando
palavras
E
nuvens cinzentas
A
rua perde-se em mim
Como
eu me perdi nos teus braços
De
aço
Prisioneiro
dos cadeados invisíveis
O
marfim dos dentes do crocodilo
Esperam-me
sobre a mesa da sala de estar
Não
estou
A
porta encerrada
Sempre
Sempre
Como
o mar submerso na neblina de sal
A
vertigem
Apodera-se
dos meus sonhos
Não
há rios nesta cidade indesejada
Os
peixes
Não
Não
estou
Hoje
Nunca
À
tua espera
Porque
não espero nada
Nem
ninguém
Como
nunca esperei a madrugada crescer
Nos
teus cabelos
A
vida me come
A
vida me mata
A
fome
E…
Será
que tens cabelos?
Fios
de xisto
Descendo
o Douro
O
meu pensamento está longe
O
Tejo
Aguarda
serenamente a sombra do meu corpo
A
ponte iluminada
Dançava
Quando
o vento se alicerçava
E
eu
Brincando
numa parada militar…
Soldado
de pedra
Com
uma espingarda de nada
A
vertigem sonolenta das coisas belas
Quando
o dia
Hoje
Não
Nunca
Os
peixes
Não
Não
estou
A
casa desassossegada
Com
a minha ausência
Parti
E
ninguém
Percebeu
que não estou
Os
livros na intimidade do desejo
A
vertigem
Nas
minhas veias
Caminhando
apressadamente
Como
os homens acabados de regressar
Do
infinito
Os
cubos e os círculos de gelo
Palmilham
as lâmpadas do medo
Na
ardósia
As
equações do amor
Sem
resolução…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira,
2 de Abril de 2015