foto: A&M ART and Photos
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salivas-me às gotículas meninas da
árvore da tempestade
sabia-te mergulhada nas fantasias
mistas dos vidros das portas ensonadas
como mentiras envenenadas
pelos fotões invisíveis da pele
sílaba que rompem dos teus grossos lábios
de simples tiras finas de cascatas em
vibração até terminarem no rio do desejo criança...
envenenas-me com o teu olhar mesmo
sabendo eu que sou uma pedra
uma rocha mingua nua e contígua à
claridade da cidade adormecida
e dos livros de chocolate
adivinham-se-me tentáculos de silício entre raízes nocturnas,
Ruas com cérebro de teias de aranha
“putas” descabidas nas
profundidades da carne apodrecida
velhos rezando o terço enquanto uma
flor se masturba nos infinitos versos sem sentido
porque diz-se hoje aquilo que amanhã
deixa de existir
escrevem-se palavras vindo depois
desdizer-se como não escritas
e os olhos testemunham os silêncios do
pedestal
onde habitas como estátua
e choras porque hoje é sábado e todos
as horas morrem depois da tarde entrar em ti,
Os teus orgasmos descem da lisa pele de
uma imagem a preto-e-branco
como ontem dizias-me que a loucura
entrava-nos depois de rolarmos calçada abaixo
e o Tejo abraçava-nos e o Tejo
ouvia-nos na escuridão dos veleiros ensanguentados
a enrolarmos charros de areia e
sentávamos-nos sobre as pernas de um vulto à procura
de pálpebras e corações
apaixonados...
um petroleiro entrava em ti e de mim...
e de mim fios de sémen suicidando-se
na árvore da insónia
como panos de chita à volta das tuas
coxas de menina perdida no rio da noite...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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