foto de: A&M ART and Photos
|
Invejo-te os olhos de púrpura
amanhecer
quando te sentavas sobre as sombras da
madrugada
sem o saber sem o perceber
amanhã envio-te as cartas prometidas
com as flores desenhadas
ruas e prédios e penumbras fachadas
no jardim do silêncio à espera da tua
chegada,
Amanhã prometo regressar aos teus
braços
e a vela transatlântica é engolida
pela insónia cristalina das tuas mãos
amanhã
engolida toda a matéria disforme numa
equação desnecessária
proibida
cansadas?
maltratadas janelas com pequenos grãos
de areia...
e a vã maternidade dos recortes em
papel voando sobre ti,
Invejo-te os olhos
e as persianas dos teus olhos como uma
fotografia a preto-e-branco caminhando junto ao mar
transformas-te em alga adormecida
e desces pelo meu corpo até te
acorrentares ao meu peito aprisionado pelo medo...
invejo-te os seios perfumados como
estrelas tricolores suspensas na saudade
e percebo que passou por nós... imenso
tempo tempo demais...
Tempo perdido quando rectas paralelas
se encontram no infinito...
acreditas, não acreditas, meu amor?
a paixão de PI quando começa o vómito
de 3,141592654... no teu púbis onde desenho gráficos,
equações, máximos, mínimos... e os
zeros da função...
e a função alimenta-se dos teus
gemidos como vidros partidos sobre as flores das searas...
prometidas?
Invejo-te os olhos
e as tuas coxas com sabor a gaivota
estonteante...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Sem comentários:
Enviar um comentário