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sábado, 28 de outubro de 2023

Noite de mim

 Encosta o teu olhar

Ao meu olhar,

Abraça-me, abraça-me clandestinamente

Como se eu fosse um foragido,

Um condenado por um qualquer pequeno delito,

Enquanto me sacio com esta lareira,

Que me ilumina, que nos ilumina…

Quando mais logo, quando mais logo regressar a noite…

E a noite nos beija,

Nos beija sibilinamente,

 

Abraça-me, encosta o teu olhar

Ao meu olhar,

Abraça-me clandestinamente,

Enquanto todos os pássaros dormem,

E a noite se veste de poema.

Abraça-me e encosta o teu olhar

Ao meu olhar,

Abraça-me enquanto a lua poisa nos teus seios…

E o luar,

E o luar escreve em ti… amo-te,

Dos teus olhos de mar,

Como eu,

Clandestinamente.

 

 

28/10/2023

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Eterno abraço

 Abraça-me enquanto esta equação

Se resolve na contraluz do desejo

Abraça-me no limite inferior da paixão

Quando da integral do silêncio… recebo um beijo

 

Abraça-me enquanto Deus não me vem buscar

Abraça-me antes que esta equação deixe de ter sentido

Que esta equação se transforme em mar

E depois num qualquer sorriso sofrido

 

Abraça-me na lentidão da noite escura

Das flores envenenadas

E das palavras e da solidão que dura

 

Eternidades de permanente desassossego

Abraça-me em todas as madrugadas

E sem medo

 

 

29/09/2023

sábado, 23 de setembro de 2023

Lágrimas de amar

 Vieram as primeiras chuvas

E levaram-no para o mar

E levaram-no num abraço

Vieram as primeiras chuvas

Veio o cansaço

E o abraçaram

E o levaram

Para o mar

 

Vieram as primeiras chuvas

E levaram-no para o mar

E levaram-no para os teus olhos de mar

Perdidos nas primeiras chuvas

À procura do mar

 

Vieram as primeiras chuvas

E levaram-no para o mar

E levaram-no para os teus braços de embalar

Vieram as primeiras chuvas

As primeiras lágrimas de amar

 

 

23/09/2023

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Janela da liberdade ausentada

 Abraço-me ao sargaço da manhã

Na ânsia de encontrar no mar

Os peixes e os pássaros

E a melodia das árvores

Em silêncio

Que me olham

E se despedem de mim,

 

Abraço-me às pedras

Leves como penas

De cor inanimada

De cor desmaiada

Na sonolência do desejo

No desejo que a madrugada

 

Não regresse mais,

Abraço-me aos teus lábios

Onde brincam as palavras e os pequenos raios de sol

Abraço-me à tua mão

Enquanto um barco de sono

Poisa no teu olhar,

 

Do cansaço,

Que me abraço ao sargaço

Da manhã sem ninguém

Nesta casa desabitada

Desta casa amaldiçoada

E que não me pertence,

 

Abraço-me ao sargaço da manhã

Triste poema encalhado na sílaba dos teus lábios

Este pobre barco em delírio

Esquecido no rio

Abraço-me ao teu sorriso

Acreditando que a tua voz me procura

À janela da liberdade.

 

 

 

01/08/2023

Alijó

Francisco

sábado, 8 de julho de 2023

Desenho sem sentido

 

Desenho um abraço

Em silêncio abraço

Nos olhos da Lua

Dos olhos do mar,

Escrevo um sorriso

Nos lábios do Sol,

Em silêncio sorriso…

O abraço desenhado,

Nos olhos da Lua…

 

Desenho o tempo

Em perfeito juízo

O abraço desejado

Do abraço prometido

Sentido…

Na fimbria madrugada,

 

Desenho o poema

Do sofrido poema

Nos olhos do mar

Em silenciado sorriso…

Deste poema amargurado

Triste…

Neste poema sem sentido

Quando da noite…

O silenciado abraço,

Morre…

Nas mãos do Luar.

 

 

 

08/07/2023

Francisco

sexta-feira, 7 de julho de 2023

O currículo

 Enviei o meu currículo a Deus

Talvez

Talvez ele me queira como assessor

Talvez como chefe de Gabinete

Secretário de Estado

Ou mesmo Ministro…

Olha

Ministro da Poesia,

Não andei de bandeira na mão…

Mas prometo que vou andar.

 

E se Deus quiser

Eu também quero

Que o dia acorda sempre depois do um outro dia terminar a sua árdua tarefa de ser dia,

Quem diria que ele conseguia…

Subir à copa das árvores

Sentar-se à sua direita

Depois puxar de um cigarro

Inventar um abraço no perfume das flores…

E lançar-se sobre o mar,

 

A morte é o seu destino

Pois claro

Nem poderia ser uma outra coisas,

As lâmpadas

Todas fundidas

Se é mais barato trocá-las agora ou para a semana…

Tanto me faz

Quero lá eu saber das lâmpadas

Quando sobre mim

Tenho uma lâmina de insónia

Quase a desfalecer

E que nem Médico de Família tem

Coitada da lâmina de sono

Coitada,

 

Talvez logo

Muito mais logo

Ainda eu acordado

Deus responda ao meu currículo…

E me abrace…

Como se abraçam os rabiscos das minhas telas…

 

 

 

07/07/2023

Francisco

Abraço

 Abraço-me a este corpo rejeitado

A este corpo não tocado,

Abraço-me e imagino o mar

No meu corpo cansado,

Imagino o mar

Que me toca

Que me acaricia…

Que me segreda que me ama,

 

Abraço-me a este corpo desajeitado,

Pedaço de silêncio perdido nesta floresta…

Abraço-me a este mar invisível,

Que conversa,

E me faz sorrir,

 

Abraço-me a este mar…

Que fala comigo sobre poesia,

Que brinca comigo dentro da insónia…

E me faz acreditar,

Que a cada dia…

Há um sonho para sonhar,

 

Abraço-me a este pedaço de sono invisível,

Que procura dentro deste labirinto…

Um outro labirinto,

Abraço-me a este mar salgado,

A este mar…

Sem perceber,

O que tem o meu corpo…

Para não ser tocado.

 

 

 

07/07/2023

Francisco

sábado, 10 de junho de 2023

Lápide de sono

 

Entre os parêntesis da manhã

Peço a Deus que me abrace

E desenhe no meu simplório olhar

Uma pequena lápide de sono

Uma lápide quase invisível

Com letras negras

Negras e muito pequeninas

Bem negras e bem pequeninas…

Nasceu a…

Faleceu a…

 

Depois

Depois peço a Deus que escreva nos meus lábios

O silêncio da noite envenenada…

Peço a Deus que não me traga a madrugada

Não

Hoje não me apetece ter a madrugada,

 

Entre os parêntesis da manhã

Peço a Deus que me abrace

Nem que seja um fictício abraço

Quase invisível

Quase… quase nada,

 

Depois de pedir a Deus tanta coisa

Das poucas coisas que tenho

E de ele saber que eu não acredito em Deus…

Ele ri-se…

Ri-se da minha ignorância

Do gajo nada

Pedir tudo

Quando o tudo não existe

E é apenas uma equação

Na espuma dos dias

Quando os dias… são o nada

E o nada…

São estes pequenos dias.

 

 

 

Francisco

10/06/2023

domingo, 28 de maio de 2023

Palavras

 

Abraça-te aos meus braços de insónia

Quando o poema cresce nos meus lábios

Das palavras

As flores perfumadas

Dos teus olhos de amanhecer

Abraça-te ao silêncio da minha boca

Desta palavra envenenada

Cinzenta nuvem que poisas em mim

E não se cansa de crescer

 

Abraça-te às minhas tristes madrugadas

Dos poemas escritos

Dos poemas não lidos

Abraça-te aos meus braços de insónia

Abraça-te às tardes masturbadas

Do beijo que voa sobre o mar

 

Abraça-te às estrelas que habitam nos meus olhos

Rio curvilíneo

Da paixão entre parêntesis

Ao quadrado do cubo

A mão que afaga o meu rosto

Do Inverno escondido

Abraça-te à sombra de luz que me abraça

Quando a noite em gemidos

Dos abraços

O poema pertence aos meus lábios

 

Abraça-te pedacinho de mar

Fotão das noites em delírio

Abraça-te a este poema

Com fome

Com frio…

 

Abraça-te às minhas lágrimas de sono

Quando a noite pertence ao infinito

Abraça-te aos meus braços de insónia

Das palavras que morrem

Nas palavras que crescem

E brincam

Nos teus lábios de mel

 

Abraça-te aos meus braços de insónia

Quando o poema cresce nos meus lábios

Das palavras

As flores perfumadas

Dos teus olhos de amanhecer

Nos teus olhos as minhas palavras.

 

 

 

 

Francisco

28/05/2023

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Palavras do silêncio

 Abraça-me,

Abraça-me noite incandescente

Dos lábios em luar,

Abraça-me,

Estrela cintilante…

Na boca do mar.

 

Abraça-me,

Insónia tempestade,

Abraça-me silêncio das palavras,

Dos poemas e da saudade,

Abraça-me enquanto estão vivas

As tristes madrugadas.

 

Abraça-me,

Mulher negra da minha terra de embondeiro,

Abraça-me,

Abraça-me meu destino peneirento…

Enquanto as árvores morrem

E choram junto ao ribeiro.

 

 

 

Alijó, 18/05/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Abraço-te

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

Abraço-te, minha sombra nocturna das abelhas em flor,

Abraço-te, abraço-te enquanto o vento matinal

Desce da alvorada e poisa no teu silêncio cabelo,

Abraço-te, minha pequena sílaba de sono,

Poema desenhado no meu corpo pelos teus doces lábios de mel…

 

Abraço-te rio ribeira teu corpo,

Meu amor, do doce abraço,

Abraço-te, janela envenenada com fotografia para o mar…

Abraço-te, madrugada em flor,

Quando o luar dorme nos teus olhos de geada,

 

Abraço-te, meu amor, nas palavras que voam em direcção à tua boca…

E me assassinam durante o sono,

Abraço-te, pequena légua de mar…

Pôr-do-sol dos dias em poesia,

Quando o abraço… foge do dia,

 

E eu, abraço-te…

Abraço-te, manhã submersa em tua mão,

Piano das noites infinitas…

Abraço-te, palavra dos jardins assílabos…

Em tristes pedaços de mar,

 

Abraço-te sanzala da minha infância,

Meu amor em abraço,

Abraço-te, menina do mar

E do além-mar…

Abraço-te charrua que labuta montanha abaixo… e eu, eu abraço-te.

 

 

 

Alijó, 12/05/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Abelha em flor

 Abraço-te

Nuvem de espuma

Flor sincera das manhãs em delírio

Abraço-te corpo pincelado em desejo…

Quando mergulhas nos meus olhos

E te misturas no meu daltonismo,

 

Abraço-te meu poema em construção

Palavra que lanço ao vento

Semente de beijo

Que os teus lábios acolhem…

Abraço-te

Na misera escuridão das minhas mãos…

 

Abraço-te

E acaricio-te como se fosses um livro

Uma página de mar

Um livro que leio

Um livro onde escrevo

Um livro em paixão,

 

Abraço-te

Sob todas as constelações do Universo

Criação de Deus

Que criou a mulher

Que criou o abraço

Abraço-te meu amor com o meu abraço…

 

Abraço-te

Nas primeiras páginas da manhã

Abraço-te quando dos lábios do pôr-do-sol…

Uma abelha em flor

Também ela

Te abraça… também ela… te abraça e deixa um pedacinho de mel nos teus doces lábios.

 

 

 

Alijó, 14/04/2023

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 23 de março de 2023

Abraço

 Abraça-me, meu pedacinho de mar,

Abraça-me enquanto respiro,

Enquanto pinto no teu olhar

As noites de insónia,

Abraça-me, meu pedacinho de mel…

Enquanto nas minhas mãos brincam as flores

E os pássaros de sonhar,

Abraça-me…

Abraça-me…

Enquanto a noite tem luar,

Enquanto a noite não me assassina

Com os sonhos de um cadáver sonolento,

E nunca te esqueças de guardar…

Junto ao peito,

O meu retracto…

Nem o silêncio do vento.

 

 

Alijó, 23/03/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Ícaro

 Ícaro me leva

Nos seus braços

Para os teus braços,

 

Ícaro me leva

Ao sol dos teus lábios,

No sol dos teus abraços,

 

Do sol dos meus cansaços,

 

Ícaro me leva

Me leva e não me tragas,

 

Ícaro me leva,

Me leva até à lua,

Até à tua lua,

Lua,

Em ti,

Nua…

 

Ícaro me leva,

Me leva Ícaro ao sol,

E não me tragas nunca.

 

 

Alijó, 02/12/2022

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

O triciclo dos sonhos


 

Pegava-te na mão

E voava sobre as sombreadas sombras das velhas mangueiras,

Pegava-te na mão

E escrevia nos teus olhos

O poema madrugada,

 

Enquanto o meu pai,

Também ele,

Me pegava na mão,

Os três,

Em pedacinhos de silêncio,

 

Corríamos como loucos

Em busca do mar

E dos barcos em papel,

Pegava-te não,

Pegavas-me na mão

 

Sem perceberes que um dia

Pertencerias às fotografias a preto e branco

Que brincam sobre a minha secretária,

Pego num livro

E imagino-te sentado no jardim

 

A semear cigarros,

Pegava-te na mão

E abraçava-te e tu abraçavas-me

E ele abraçava-me,

Como hoje me abraça enquanto durmo dentro deste sonho.

 

 

 

 

Alijó, 3/11/2022

Francisco Luís Fontinha